segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Mecca em Cuzco - PE

Em Arequipa não visitamos nada e não nos pareceu merecer melhor pesquisa. Cidade movimentada, com tráfego intenso e motoristas doidões. Só a atravessamos para pegar a rota correta para Cuzco.

Saímos pela manhã, com intenção de chegar a Cuzco com o cair da noite, já que não queríamos pilotar à noite.

Embora tivessem nos confirmado que havia muitos postos de combustíveis, levamos nossos galões reservas cheios. Não precisamos usá-los. A meio caminho, logo após comermos uns biscoitos, já que no posto de abastecimento não havia nada para comer além disso, surgiram algumas nuvens ameacadoras no horizonte, bem na direção por onde passaríamos. Com os pneus bem rodados, deveríamos ter maior cautela ainda nas curvas, caso chovesse. Pior, não chegaríamos em Cuzco como planejado.

Tocamos o barco para aquela direção e fosse o que fosse, não pararíamos, ainda que devagar, até escurecer. Por incrível que pareça, â medida que chegávamos perto da chuva, com o piso já molhado, ela abria um clarão sobre nós. Enfim, não pegamos nenhuma chuva, graças a Deus!

Repentinamente, surgiu uma bifurcação com indicações: Cuzco e Puno. Claro que o Atiê optou por Cuzco e lá foi ele. Estradinha horrível, com buracos e perda de asfalto o tempo todo. Cheguei a pensar em não seguir aquele caminho, pois destruiria minha moto. Depois de uns 15km, seguindo vagarosamente com minha LC, lá vem o Atiê retornando, dizendo que à frente haveria uns 10km de terra. Deveríamos retornar e pegar a estrada para Puno, mais longa, contudo melhor opção. Foi o que fizemos.

Em determinado momento, o piso ficou muito ruim, com longos trechos do asfalto remendados grosseiramente, criando caroços. A moto do Atiê, sendo trail, passava sem dificuldade, enquanto minha LC, custom pesadona, pulava qual cabrito. Não havia como escolher lugar para não pular. Precisei diminuir a velocidade, pois até o meu espelho retrovisor desapertou. Fiquei pensando em um Harleiro passando por ali, sem a rede de coleta de porcas e parafusos recomendada pela fábrica... he he he...

Meu ombro e braços doíam de tanto solavanco e o pescoco comecou a esquentar devido à sobrecarga de peso do capacete sobre ele. Foram muitos kms e muitos palavrões até chegarmos a uma rótula que seguia para Puno e para Cuzco. Durante todo esse tempo não havia visto o Atiê, nem ele a mim pelo seu retrovisor. A diferença de velocidade naquele trecho foi considerável.

Em Siquan, quando eu fazia a rótula, o Atiê saía do posto de lá. Parei a moto, abri o tanque e pedi para encherem. Um careta me disse que meu amigo havia passado por lá e dito que o amigo dele, que o seguia, pagaria os 21,00 soles pelo combustível fornecido. Pensei comigo: O Atiê jamais faria isso. Sabia que ele tinha grana e que me esperaria caso a tivesse perdido. Discordando desse papo furado, nem quis mais abastecer lá e saí à procura de outro, distante uns 3 km.

Toquei para Cusco, já que para mim pilotar de dia ou de noite é a mesma coisa, desde que o piso seja bom. Muitos motociclistas e motoristas detestam pilotar sem a luz do dia. Pelo horário, chegaria à noite. Lá me fui.

Daquele local, Cuzco dista 250 km, certinho. Bom piso, sinalizacao legal, muitas curvas sinalizadas, muitos caminhoes e ônibus, vales férteis e bonita paisagem. Perdi um pouco desse visual pela noite que caiu em seguida. Fui forçado a me acautelar muito pois aqui os motoristas trafegam com farol alto e só baixam a muito custo. Em algumas curvas, era preciso calcular como seria, pois os faróis altos cegavam a ponto de não ver faixas, nem guard rail. Incrível!

Para piorar, a bateria do meu Nextel terminou e perdi contato com o Atiê. Chegando a Cuzco, cidade com piso irregular e à noite, procurei um hotel. Não estava fácil tomar decisões muito cansado. Rodei pelo centro e parei numa esquina para perguntar a um transeunte. Do nada, surgiu a Sra. Marissol, agente que faz tudo, inclusive agencia pacotes, que me levou até o Hotel Casa Grande, antigo e aconchegante hoteleco de US$ 25,00/dia. Fica na Av. Catalina Ancha, 353, quase ao lado da Plaza de Armas ou Plaza Mayor, tel: 005184-245871 e Skype: casagrandelodging e MSN casagrandelodging@hotmail.com . Tem estacionamento para motos em seu pátio.

Confesso que meu cansaco foi superior a todos os outros dias. Nada a ver com altitude, já que a percebo bem menos que o Atiê, mas a tensão, o sobe e desce em curvas e mais curvas, a falta de alimentação (não havíamos almoçado, além de uns biscoitos comidos em um dos postos) fez-me, novamente, adorar aquele quartinho, onde pude me banhar e trocar de roupa. Só hoje, domingo, encontrei o Atiê, após contato via Nextel.

No hotel que estou, está hospedado um alemao que chegou dos EUA com sua KTM 990. Está viajando há meses e deverá chegar a Sao Paulo pelo dia 24/02/2009, depois de passar o carnaval no RJ. Ele estará com 2 adesivos do BV-MC em suas malas laterais.

Não houve tempo hábil para contratar a ida a Machu Picchu neste dia. Decidimos passear pela cidade, fotografando o que pudéssemos e comprando algumas quinquilharias, já que nas motos não cabem nem agulhas.

Andando pela cidade, podemos ver que é muito bem construída, com dezenas de prédios muito antigos, grandes construções, muitas lojinhas e um mercado incrível. O Atiê fez fotografias que deixarão muitos boquiabertos. Uma senhora, trajada tipicamente, destrinchava um pernil assado, com facão, pegando com mesma mão a carne que punha num pratinho e o dinheiro que recebia. Havia fila de espera!!!!!!!! Este foi só um exemplo do que produz o fator cultural entre os povos. Para eles tão natural e para nós um escândalo.

O Atiê comprou um gorro peludo, que também tapa as orelhas, e circulou todo faceiro pelas redondezas, com a cuca aquecida.

Depois de dezenas de fotos e pesquisa de preços com pouca compra, fomos almoçar, desta vez, num bom restaurante. Dormimos um pouco à tarde e nos encontramos de novo umas 4 horas depois, quando contratamos a ida a Machu Picchu amanhã cedo. Acordaremos às 05h45, tomaremos o desayuno e seguiremos para o trem, que sai por volta das 06h45.

Nossas câmeras estão carregando suas baterias para fazermos muitas fotos daqueles locais.

Pessoal, todo esse esquema de visita a Machu Picchu está nas mãos de empresários chilenos que cobram o que querem. Total por pessoa = US$ 156,00. Inclui trem, van e ingresso no parque. Bem, vir a Cuzco e não visitar Machu Picchu é como ir a Roma e não ver o Papa em sua janela. Assim, morremos com essa graninha...

Falando de motos: A do Atiê continua a mesma. Depois que pega, vai até onde ele quer. A minha começa a dar sinais de carburação inadequada (velas sujas, entupimento ou coisa que o valha), pois começa a ratear em alta rotação, também. Em dados momentos, ela fica num só pistão e preciso reduzir a marcha provocando reversão. Em seguida ela retorna ao normal. Até quando conseguirei contornar isso?

Espero que em La Paz - Bolívia encontre algum mecânico para fazer uma nova limpeza de carburadores com trocas de velas. Se encontrar giclê maior que o 100 que tenho nela, por exemplo, 120 ou 125, eu o instalarei para chegar ao Brasil. Ela consumirá mais, diminuirá o desempenho na altitude, mas deverá girar mais redondinho por mais tempo.

Era só por hoje. Fiquem com Deus!

2 comentários:

Piréx disse...

Eita... Essa do frentista do posto de gasolina foi de matar. Não dá para dar folga presses malakos. Abração!

Reinaldo - Vacechi disse...

Mecca, tenho acompanhado a "aventura" sua e do Atiê, e, sinto que vcs terão muito a nos contar quando chegarem, tá ficando cada dia melhor e mais selvagem.
Sigam em paz, e com muita disposição, e curtam cada dia.

Reinaldo