domingo, 14 de dezembro de 2008

Mecca em Santa Cruz de La Sierra - Bolívia

Amigos e amigas, bom dia!

Domingo chuvoso por aqui, às 10h35 da matina.

Em Villa Tunari, onde estávamos, conhecemos um casal de advogados que nos afirmou ser a estrada entre lá e S. C. Sierra muito boa, sem serra e sem buracos. Muito diferente do que havíamos passado no dia anterior, vindo de Cochabamba.

Estávamos meio distantes da recepçao, daí termos levado nossas motos até a porta dos bangalôs. Até aí tudo bem, todavia na hora de levar minha moto até a recepçao, por estar muito pesada, ao descer um degrau, ela foi deitando, deitando e deitou. KCT, isso acontece, nao prejudicando a moto nem a mim, mas enche o saco! Chamei o Atiê que, com a ajuda de um boy do hotel, me ajudou a levantar a moto, sem problemas. Deixo aqui, expresso, meu agradecimento ao Atiê e à sua boa vontade para estas situaçoes.

Saímos por volta das 11h00, em direçao a SCSierra, distante uns 300km. Na Bolívia há racionamento de gasolina e os postos quando a têm, atendem filas de 50 carros, mais ou menos. Ainda bem que havíamos conseguido encher o tanque no dia anterior e nossos galoes. Nao vimos posto com gasolina e sem fila por muito tempo.

Desta vez, fomos agraciados por uma estrada muito boa, sinalizada, sem imperfeiçoes maiores e com as máquinas operando maravilhosamente. Facilmente, fizemos boa média, sem agonia de pipocos e perda de potência.

Próximo das 13h00, nuvens pesadas sobre a rodovia, com evidências de que chovia à frente. Parei para colocar minha roupa de chuva e sinalizei para o Atiê continuar que o alcançaria. Ele passou por mim, fez um sinal que nao entendi e se foi. Foi o tempo de vestir tudo para a chuva forte cair sobre mim. Sabem, aquele chuvão de 10 minutos? Foi assim mesmo!

Voltei para a pista e fui motocando olhando para todo bar, restaurante, aglomeração que aparecia para ver se o Atiê havia parado ou seguido. Como não o encontrei, entendi que ele tinha seguido em frente. Mesmo assim, não acelerei e segui a uns 90 / 100 km/h, sem encontrá-lo.

A 100km de SCSierra, vi um posto de combustível com o sugestivo nome de BUENA VISTA. Fotografei-o e parei para ver se tinha gasolina. Tinha e estava sem fila nenhuma. Enchi o tanque, colei adesivo do BV-MC, daqueles gordinhos (acho que os tirarao de lá para suas motos...) e me fui sentido SCSierra. Aquela cidade chama-se Buena Vista, ok?

Caramba, que chato, buscando hotel na cidade e, mais uma vez, sem o Atiê para confabular sobre qual hotel, o embarque das motos e os nossos. Estou hospedado em frente à Estaçao Bimodal (trens e onibus), em pequeno hotel (140 bolivianos ou US$ 20,00), com ar condicionado, TV cabo mas sem Internet. A região, como toda de estações rodoviárias e trens, é uma zona só!

Gente pra mais de 1000! Bolsas, malas, carrinhos, táxis, peruas, ambulantes vendendo de tudo, desde bugingangas a comida sem a menor higiene. Quando estou dentro do hotel, tudo bem, não vejo nem ouço nada, mas ao abrir a janela, credo em cruz, quanta agitação.

Para tentar localizar o Atiê, entrei numa lan house e vi que ele tinha postado seu endereço no centro da cidade. Liguei para ele e conversamos sobre o que faríamos. Disse-me que havia parado no primeiro bar que surgiu depois que nos separamos. Viu-me passar e seguir em frente, mas não teve como me avisar. Segundo ele, sua moto estava à vista, todavia, por falta de sorte, eu não a vi.

Encerrei a Internet e fui até a Bimodal à busca de informaçoes. Como era sábado, 13/12, tudo que se relacionava a trens estava fechado, confirmado pelo setor de informaçoes. Só abrirao amanhã à tarde, por volta das 16h00 até às 17h00. Provável que saibamos o que fazer, logo após. O Atiê conheceu 2 brasileiros, motociclistas, residentes em SCSierra, que lhe deram algum bizú e lhe fornecerão o telefone de um camarada que trabalha dentro da ferrovia. É provável que ele dê melhores dicas sobre como sairmos daqui.

Foi confirmado que a estrada de SCSierra até Quijarro, cidade fronteiriça a Corumbá - MT, é longa e tem cerca de 200km em terra batida. Para minha moto nao dará seguir por lá e nem o Atiê deseja isso com sua DR800. Daremos um jeito de cumprir o planejado, ou seja, retornar de trem até a fronteira. O trem mais rápido levará 14 horas de viagem. Qualquer ônibus levará 25hs, segundo pesquisei.

Ao retornar da Bimodal, estava com fome, já que não havia almoçado. Onde ir? Andando por entre a multidão, desviando-me dos ambulantes, encontrei um "restaurante" com uma churrasqueira na frente, assando uma espécie de churrasco (espeto). O cheiro era agradável, o botecão estava lotado e eu com fome canina. A estas alturas, qualidade é questão de opção e não a tinha.

Entrei na fila e pedi o dito cujo. Quinze (15) bolivianos, disse-me a carrancuda caixa, pelo espeto e uma coca cola de 500ml. Sentei-me na mesa disponível curtindo um calor insuportável, para mim e para todos que se aglomeravam naquele local. Chegou minha coca cola e um copo quebrado no bocal. Pedi para trocá-lo. Ao verificar o motivo, o "garçom" chegou a sorrir, como que não acreditando. Ficou em frente um lote de copos, analisando um a um e demorou para conseguir um não quebrado no bocal. Quando o trazia, como estava molhado da lavagem, ele o batia na perna de sua calça, claro, limpa nao estava!!!!!!!!!!!!!

Dentro em pouco, chegou minha travessa de inox, carregando o espeto, uma "ensalada incomível" e arroz com queijo derretido (muito distante do Piemonteze), mas àquela altura, gostoso. Confesso que detonei o bichão, com exceção da tripa grossa de boi que veio junto no espeto.

Costumes e cultura de um povo não se discute, quando muito se analisa, preferencialmente sem confundirmos os valores que temos com o que se estuda. A fome é igual a todos e eu nunca deixei de comer pela aparência, daí.... Quem já viajou pelo NE e N, nao pelas capitais à beira mar, a uma largura de 15km, mas pelo interior e bairros distantes, sabe o que digo. No Brasil temos muitas situações parecidas, onde a cultura, a educaçào e a qualidade de vida não chegaram ao que estamos acostumados nos grandes centros. Mesmo em SP, em vários bairros da periferia, ainda compramos e comemos de forma muito diferente do que nos bairros mais evoluídos.

A cidade de SCSierra é relativamente grande, maior que Cochabamba, planejada e urbanizada em anéis (anilhos), com grandes avenidas, muitas linhas de onibus, inúmero táxis e tem muita influência da cultura brasileira, segundo nos disseram os advogados mencionados. Muitos estudantes brasileiros cursam universidades aqui e a proximidade com o Brasil tornou a cidade mais cultural, com muitos shows e festas para tudo.

Até aqui, não a conheci muito bem, pois embora a moto esteja legal, na cidade ela dispara a rotação em cada semáforo, precisando desligá-la até que abra.

Well, caso não haja novidades quanto ao nosso embarque, retornarei amanhã ou depois para continuar esse blog. Espero não estar sendo cansativo com minhas explanações e contando as verdades que temos vivenciado, sem pintar com cores fantasiosas, dourando a pílula ou amargando-a para que nos vejam como seres especiais, únicos ou coisa que o valha.

Somos o que somos. Esperávamos algumas dificuldades, pois nossa experiência nos confirmou no passado, mas que essa viagem tem sido um poço de situações inusitadas, isso tem. Graças a Deus, temos nos superado na solução das complicações, ainda que, vez por outra, haja pequena perturbação do clima entre os viajantes. Nada que uma amizade fraternal e sólida não suplante, pelo contrário, sem falsidade, deve se fortalecer com os contraditórios e decisões compensativas.

Fiquem com Deus também, pois Ele tem estado conosco, junto aos nossos Anjos da Guarda!

Mecca.

3 comentários:

Piréx disse...

Nada cansativas tuas explanações, Meccão! Estamos aqui viajando junto... Abração!

Reinaldo - Vacechi disse...

Mecca, putz que viagem vc está fazendo... mesmo com tantas dificuldades, sei que tá valendo a pena a aventura, e parece que estou aí com vcs, curtindo as dificuldades e as lindas paisagens, em no final, tudo será excelentes lembranças. Abç e boa viagem. Reinaldo

Joseph disse...

Joseph - Passo Fundo-RS

Mecca, ao ler seu blog viajei como o fazia quando garoto eu lia Hans Staden ou M. Twain - as aventuras de Tom Swayer, as paisagens vinham à nossa mente como se estivessemos presentes. O mesmo ocorre ao ler o seu blog, vejo tudo na mente e viajo com vc´s. Um forte abraço e um seguro retorno ao Brasil.

do seu amigo Joseph