Queridos(as) bloguistas,
Concluída a viagem que tanto desejei e planejei fazer, a tendência seria esquecer os momentos difíceis passados e ressaltar tudo aquilo que nos deixou felizes. Por saber disso, sempre faço muitas fotos, pois elas me fazem reviver muito do que vivenciei. A decisão de montar e manter um blog durante a viagem foi minha leitura do que havia sido digitado pelo maninho Mazzo, BV-MC Curitiba e da informação do Atiê de que havia aberto um para ele.
Puxa, achei uma ótima idéia, principalmente porque poderia registrar, quase em tempo real, todas as experiências vividas, boas e más.
Certamente, o blog do Atiê melhorará as informações contidas neste ou complementando-as, quando não apresentadas. Suas impressões deverão corroborar ou não as minhas e todos vocês poderão fazer uma ótima triagem de tudo que postamos.
Uma viagem como essa possibilita a alteração de comportamento de qualquer integrante. Afinal, para muitos, a saudade de casa, problemas com a moto, dificuldades com autoridades dos países visitados, malandragem babaca, hospedagem sem conforto suficiente, refeições pouco recomendadas, dinheiro gasto e prazo escasseando são motivos mais que suficientes para transtornar o espírito, perturbar o sono, prejudicando o descanso. A isso tudo se soma as diferenças comportamentais e culturais dos viajantes, eventual egocentrismo e possível intolerância.
Assim, um projeto de viagem, que supere aqueles famosos bate e fica (B&F) dos feriadões, deve levar em consideração:
a) planejamento das rotas, dos hoteis e dos reabastecimentos (galões reservas?);
b) verba necessária, além de cartões de crédito e de saque rápido;
c) prazo com folga;
d) revisão das máquinas (provavelmente darão algum tipo de problema, mesmo assim);
e) preparação dos documentos necessários (todos são imprescindíveis, mesmo que não requisitados durante a viagem, evitando ficar nas mãos de autoridades estranhas);
f) sobressalentes previsíveis (lâmpadas, cabos, velas etc);
g) roupa (somente a necessária), sem esquecer a de chuva, incluindo luvas e galochas para botas;
h) remédios de uso continuado, dor de cabeça, dor de estômago, pancadas, gripe etc;
i) chaves reservas da moto, do tanque e dos maleiros;
j) celulares adequados para uso internacional (ligações caras, só para emergências);
k) ferramentas mais indicadas para cada modelo de moto;
l) leitura de blogs, referenciando viagens anteriores, pegando dicas e endereços postados;
m) notebook wireless (boa, Atiê) para contato com a família e amigos plugados no skype e msn;
De nada adiantará tudo isso, se num projeto desses, não se levar em conta o conhecimento mútuo entre os componentes. Conhecerem-se durante a viagem poderá ser desastroso, ainda que o comum é se conhecerem melhor numa viagem longa. Já assisti viagem de 6 componentes que se dividiram em duas equipes: 3 + 3 , conseguindo manter inalteradas a amizade e a consideração, após a difícil convivência como viajantes.
Como já dito por mim e pelo Atiê, esta viagem a Machu Picchu exigiu muito de nós dois, tanto na determinação e vontade de prosseguir quanto na preparação física, na tolerância mútua diante de problemas mecânicos, de rendimento das motos, de problemas pessoais e profissionais e até de manias e comportamentos ainda não conhecidos.
O companheirismo e consideração na diferença de rendimento das motos, onde o limite de distanciamento sempre será a moto do amigo ou seu farol no espelho retrovisor, é fator preponderante na segurança que devem sentir todos os componentes viajantes.
A passagem conjunta pelos postos de policiamento, de fronteira e aduanas dificulta sempre a pressão e o achaque.
De fato, foi e deverá ser a mais difícil viagem de moto já experimentada por mim.
Não desaconselho ninguém a fazê-la, até porque, se eu consegui, muitos outros conseguirão, até com maior facilidade. Uma coisa é certa, salvo alguns pequenos itinerários não feitos por nós diante da exiguidade de tempo do Atiê, não deverá ser considerada uma viagem de turismo. Existem dezenas de viagens de moto que poderiam ser melhor classificadas nesse segmento.
Desejo agradecer a todos aqueles que me permitiram realizar esse sonho: minha família, meus colaboradores, meus clientes, meus amigos e minhas amigas que por todos os meios me incentivaram, principalmente via blog, no dia a dia, aos novos amigos que encontramos no caminho, destacando Miguel Ángel e Juan - de Jujuy, Ovídio Coaquira - La Paz, Edegar e Edegarito - Sacaba, Marizol Rosas - Cuzco e Paula Kiwicha - Susques. Perdoem-me aqueles que, sem querer, esqueci de mencionar.
Não poderia deixar de agradecer ao Atiê, por suas qualidades como irmão e amigo, parceiro, participativo, ativo (elétrico) e confiável, durante esses 24 dias de pura emoção, expectativa, frustração, raiva e decisão que vivemos em comum. Aproveito para pedir-lhe escusas se, em algum momento, o frustrei com minhas palavras ou ações.
Por derradeiro, agradeço aos meus Anjos da Guarda (tenho vários) e a Deus por terem-me guardado e socorrido nos momentos difíceis desses 8.014 kms rodados.
Muito obrigado a todos e até uma próxima oportunidade!
FOTOS: Acessem a URL: http://picasaweb.google.com/r.mecca33 (copiem e colem no navegador da Internet). Cliquem sobre Apresentação de Slides. Espero que gostem!
Renato Mecca - motociclista
integrante do Buena Vista - MC - São Paulo - SP => http://www.buenavistamc.org/
domingo, 21 de dezembro de 2008
Sampa - Chegamos!
A saída de Lins, pela manhã de 18/12/2008, foi tranquila e logo estávamos na estrada Marechal Rondon. Motos calibradas e abastecidas. Pegamos o rumo, reabastecendo em Botucatú, a 196 km, com 11,68 litros. Pouco à frente, entramos no ramal que nos levou à Castelo Branco.
Em Boituva, 107 km após, paramos para almoçar e reabasteci com 5,18 litros que me permitiu chegar a Sampa, minha casa, depois de 127 km, por volta das 16h30.
Considerando o odômetro de saída e chegada, havíamos motocado 8.014 km, percorrendo os países: Paraguai, Argentina, Chile, Perú e Bolívia. Nesta quilometragem não estão incluídos os 600km viajados no trem da morte, entre Santa Cruz de la Sierra e Quijarro.
Recebido pela Antonia, minha esposa e pelo Bolão, meu cãozinho, tomei água e um café caseiro. A sensação foi muito boa, embora sentisse os efeitos de tantas horas sentado sobre a moto.
Embora seja um camarada chegado a viagens, pois as fiz durante toda minha vida, em diversos meios de transporte, sempre me sinto muito bem ao chegar à minha casa e ao aconchego dos familiares.
Precisava concluir meu blog, desde a aduana boliviana, inserir fotos, corrigir a gramática e a falta de acentuação adequada nas postagens anteriores.
Para começar, busquei baixar as fotos de minha digital. Qual não foi minha surpresa ao perceber que a dita cuja dava sinais de fadiga desde as primeiras fotos feitas na viagem. Logo percebi o que o Atiê quis dizer quando informou que sua digital tinha mais nitidez que a minha.
Só para confirmar, não consegui aproveitar qualquer foto feita em Santa Cruz de la Sierra, na entrada do trem, durante a viagem nele, na chegada à aduana brasileira e todas as paisagens que admirei e fotografei desde Corumbá. Ficaram imprestáveis!
Isso me frustrou, mas não esmoreceu em tentar colocar as fotos dentro das postagens. Tentei isso e não consegui até agora, mas estou separando as melhores, das quase 550 fotos feitas, para um slideshow destinado a micros. Depois enviarei para os emails que tenho no meu catálogo de endereços, para que voces consigam lembrar minhas digitações a cada momento fotografado. Assim, aqueles que me acompanharam e não comentaram, por qualquer motivo, por gentileza, enviem um email para romecca@terra.com.br para que eu retorne a mensagem com o link de visualização das fotos, ok?
Peço vênia a todos vocês que me acompanharam com suas leituras e seus comentários, sempre de incentivo, que a demora para concluir a viagem nesse blog, se deveu à tristeza que senti ao saber que um grande amigo, irmãozão mesmo, havia falecido na data em que retornei. Perdi o pique, principalmente depois de ir ao enterro, entendem? Sentava-me diante do notebook e não conseguia articular frases. Mexi muito com as fotos e pouco consegui de produtivo. Já estou melhorando, daí ter digitado o acima.
Ainda farei o encerramento, quem sabe com recomendações úteis, observações pertinentes, sei lá.
Muito grato a todos!
Fiquem com Deus!
Em Boituva, 107 km após, paramos para almoçar e reabasteci com 5,18 litros que me permitiu chegar a Sampa, minha casa, depois de 127 km, por volta das 16h30.
Considerando o odômetro de saída e chegada, havíamos motocado 8.014 km, percorrendo os países: Paraguai, Argentina, Chile, Perú e Bolívia. Nesta quilometragem não estão incluídos os 600km viajados no trem da morte, entre Santa Cruz de la Sierra e Quijarro.
Recebido pela Antonia, minha esposa e pelo Bolão, meu cãozinho, tomei água e um café caseiro. A sensação foi muito boa, embora sentisse os efeitos de tantas horas sentado sobre a moto.
Embora seja um camarada chegado a viagens, pois as fiz durante toda minha vida, em diversos meios de transporte, sempre me sinto muito bem ao chegar à minha casa e ao aconchego dos familiares.
Precisava concluir meu blog, desde a aduana boliviana, inserir fotos, corrigir a gramática e a falta de acentuação adequada nas postagens anteriores.
Para começar, busquei baixar as fotos de minha digital. Qual não foi minha surpresa ao perceber que a dita cuja dava sinais de fadiga desde as primeiras fotos feitas na viagem. Logo percebi o que o Atiê quis dizer quando informou que sua digital tinha mais nitidez que a minha.
Só para confirmar, não consegui aproveitar qualquer foto feita em Santa Cruz de la Sierra, na entrada do trem, durante a viagem nele, na chegada à aduana brasileira e todas as paisagens que admirei e fotografei desde Corumbá. Ficaram imprestáveis!
Isso me frustrou, mas não esmoreceu em tentar colocar as fotos dentro das postagens. Tentei isso e não consegui até agora, mas estou separando as melhores, das quase 550 fotos feitas, para um slideshow destinado a micros. Depois enviarei para os emails que tenho no meu catálogo de endereços, para que voces consigam lembrar minhas digitações a cada momento fotografado. Assim, aqueles que me acompanharam e não comentaram, por qualquer motivo, por gentileza, enviem um email para romecca@terra.com.br para que eu retorne a mensagem com o link de visualização das fotos, ok?
Peço vênia a todos vocês que me acompanharam com suas leituras e seus comentários, sempre de incentivo, que a demora para concluir a viagem nesse blog, se deveu à tristeza que senti ao saber que um grande amigo, irmãozão mesmo, havia falecido na data em que retornei. Perdi o pique, principalmente depois de ir ao enterro, entendem? Sentava-me diante do notebook e não conseguia articular frases. Mexi muito com as fotos e pouco consegui de produtivo. Já estou melhorando, daí ter digitado o acima.
Ainda farei o encerramento, quem sabe com recomendações úteis, observações pertinentes, sei lá.
Muito grato a todos!
Fiquem com Deus!
Mecca no Brasil - Aquidauana - MS e Lins - SP
Caros(as) amigos(as),
Depois de passarmos pela aduana boliviana, ingressarmos no Brasil, via Corumbá e enchermos os tanques, decidimos tocar o que pudéssemos para nos aproximar de Sampa em 2 lances, quem sabe, de 500km cada um.
Eram 13h56, de 16/12/2008 quando passamos pelo pedágio de Porto Morrinho - MS. Ao lado, um restaurante de um hotel desativado, temporariamente, recebeu-nos para o almoço. Foi um prato feito, com arroz, bastante feijão, carne, ovo e acompanhamento coca-cola. O sol estava forte e o calor infernal. Ficamos com ventiladores voltados para nós enquanto comíamos.
Não deu para o descanso esperado pelo Atiê, pois queríamos chegar a Aquidauana, maior que Miranda-MS. Para isso, pé na estrada!
Motocamos por 226km até chegarmos a Aquidauana.
Naquele trecho, ambas as motos se comportaram muito bem, firmes na aceleração, embora a minha não ultrapassasse os 120 km/h devido giclês apertados (ambos 100). Calculando depois, ela superou os 18 km/l, algo inimaginável para um motocão desses.
Bem no trevo de Anastácio e Aquidauana, há o Hotel Fenix Plaza (Av. Juscelino Kubitschek s/n - Tel: (67) 3245-3030 - fenixplazahotel@terra.com.br que nos recebeu muito bem, nos alojando em excelentes instalações, incluindo piscina com cascata. De lá, o Atiê fez contato com o Billy e Ruy via Skype, enquanto sorvíamos um uísque com gelo à beira da piscina. Este hotel superou todos os demais por R$ 60,00 / diária!!!! Puxa, é um local para passarmos alguns dias de repouso....
À noite fomos à Pizza 10, segundo o recepcionista, a melhor pizzaria da cidade. Tudo bem, lá deve ser mesmo. Enquanto o Atiê bebia refrigerante, eu degustei uma Brahma geladinha. Depois de um bom papo, voltamos ao hotel e dormimos o merecido.
Pela manhã do dia 17/12, ajustamos nossa bagagem nas motos e pegamos a trilha. Abastecemos em Campo Grande, Água Clara, Lavinha e chegamos a Lins ao anoitecer. Foi um tiro de 721km por estrada boa, com paisagem pantaneira, muito verde, gado pastando em planícies longínquas e tráfego tranquilo.
Como já antecipado em postagem anterior, ficamos no Lins Palace Hotel, centro da cidade. Ao lado ficava a lan house de onde dedilhei o último blog. Saindo de lá, por volta das 23h45, ainda deu tempo para comer um super hamburger na praça da matriz, defronte ao hotel. A seguir, fui dormir para o derradeiro lance até Sampa.
Fiquem com Deus!
Depois de passarmos pela aduana boliviana, ingressarmos no Brasil, via Corumbá e enchermos os tanques, decidimos tocar o que pudéssemos para nos aproximar de Sampa em 2 lances, quem sabe, de 500km cada um.
Eram 13h56, de 16/12/2008 quando passamos pelo pedágio de Porto Morrinho - MS. Ao lado, um restaurante de um hotel desativado, temporariamente, recebeu-nos para o almoço. Foi um prato feito, com arroz, bastante feijão, carne, ovo e acompanhamento coca-cola. O sol estava forte e o calor infernal. Ficamos com ventiladores voltados para nós enquanto comíamos.
Não deu para o descanso esperado pelo Atiê, pois queríamos chegar a Aquidauana, maior que Miranda-MS. Para isso, pé na estrada!
Motocamos por 226km até chegarmos a Aquidauana.
Naquele trecho, ambas as motos se comportaram muito bem, firmes na aceleração, embora a minha não ultrapassasse os 120 km/h devido giclês apertados (ambos 100). Calculando depois, ela superou os 18 km/l, algo inimaginável para um motocão desses.
Bem no trevo de Anastácio e Aquidauana, há o Hotel Fenix Plaza (Av. Juscelino Kubitschek s/n - Tel: (67) 3245-3030 - fenixplazahotel@terra.com.br que nos recebeu muito bem, nos alojando em excelentes instalações, incluindo piscina com cascata. De lá, o Atiê fez contato com o Billy e Ruy via Skype, enquanto sorvíamos um uísque com gelo à beira da piscina. Este hotel superou todos os demais por R$ 60,00 / diária!!!! Puxa, é um local para passarmos alguns dias de repouso....
À noite fomos à Pizza 10, segundo o recepcionista, a melhor pizzaria da cidade. Tudo bem, lá deve ser mesmo. Enquanto o Atiê bebia refrigerante, eu degustei uma Brahma geladinha. Depois de um bom papo, voltamos ao hotel e dormimos o merecido.
Pela manhã do dia 17/12, ajustamos nossa bagagem nas motos e pegamos a trilha. Abastecemos em Campo Grande, Água Clara, Lavinha e chegamos a Lins ao anoitecer. Foi um tiro de 721km por estrada boa, com paisagem pantaneira, muito verde, gado pastando em planícies longínquas e tráfego tranquilo.
Como já antecipado em postagem anterior, ficamos no Lins Palace Hotel, centro da cidade. Ao lado ficava a lan house de onde dedilhei o último blog. Saindo de lá, por volta das 23h45, ainda deu tempo para comer um super hamburger na praça da matriz, defronte ao hotel. A seguir, fui dormir para o derradeiro lance até Sampa.
Fiquem com Deus!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Mecca em Santa Cruz - ainda (publicação atrasada)
Bem bloguistas, meus caros,
Tudo o que eu disse sobre o povo boliviano poderia ser apagado por umas 3 ou 4 pessoas que cruzamos durante a busca de passagens e transporte de nossas motos. A corrupção barata e a malandragem agulha se iniciou em Santa Cruz e só terminou quando cruzamos a fronteira para o Brasil. Enfim, todas as pessoas com quem conversamos pedindo informações, comprando passagens para nós e para embarcar nossas motos, além daquelas com quem tratamos na polícia nacional e aduana na saída da Bolívia desmereceram meu conceito sobre o povo boliviano.
Eu e o Atiê estivemos na Estação Bimodal no domingo, pois abririam das 16h00 até 17h00 para atendimento ao público e venda de passagens. Lá chegando, havia uma fila com umas 30 pessoas e, ao lado, uma outra fila para idosos, gestantes e incapacitados físicos.
Quem esperava comprar passagens para 2ª feira recebeu a mesma resposta do funcionário do guichê, José Luiz Gutierrez (nome que está no ticket): Não há mais lugares vagos. Só para 3ª, mais caras ou para 4ª feira, o mesmo trem. Eu e o Atiê observamos uma camarada magrinho que conversava com o vendedor e informava aos demais sobre a indisponibilidade de passagens para o dia seguinte. Bem, deveria ser um funcionário da ferrovia prestando serviços ao público, pensamos, já que trazia pendurado um crachá da ferrovia, sem seu nome. Fomos a ele e conversamos sobre eventual possibilidade de existir desistências ou alguma outra possibilidade. De pronto disse que poderia conseguir as 2 passagens para nós, mediante um plus no preço. Lembrei-me dos jogos de futebol no Pacaembú ou outro campo brasileiro e os cambistas. A passagem nos custaria 127,00 bolivianos e as conseguimos por 180 bolivianos. Ele queria 200,00 por cada, mas não conseguiu. Disse-nos que se chamava Máximo e assim atendeu quando o chamamos em outra oportunidade.
Deu-nos uma dica com quem tratar no dia seguinte para transporte das motos: Ligou para um amigo de nome Jorge, com quem falei ao seu celular, agendando tudo e nos fomos.
Ainda bem, pois o calor era intenso e aquela estação com teto metálico parecia um micro ondas.
Conversei com o Atiê e como estava próximo do almoço, convidei-o para comer comigo aquele xixão ... he he he... Pensei que ao lhe mostrar ele desistisse, mas o carinha nem se assombrou. Vendo o xixão e o preço, incluindo 500ml de coca cola, ele topou na horinha! Vcs tinham que ver, ele detonou! Bem, ao comer pela segunda vez, já me senti um boliviano... he he he e pedi o xixão com batatas fritas. Estava melhor que o da vez anterior.
Ele foi para seu hotel e eu para o meu, que era ao lado. Marcamos para o dia seguinte, às 08h30, na frente do meu hotel para embarcarmos as motos.
Dia seguinte, 2ª feira, entramos no portão de embarque de mercadoria, no outro portão, mas na mesma avenida e, lá no fundo, encontramos o Jorge que nos esperava. Rapidamente, ele providenciou uma rampa de madeira para subir a escada de uns 15 degraus, pois não há rampas, todo o trabalho é feito por estivadores uniformizados e que recebem dos usuários (nós) uma grana para empurrar as motos escadaria acima e por acondicionar (com papelões) as motos dentro dos vagões.
Chegando o chefe despachante da ferrovia, recebeu o Atiê com carranca, pediu o documento de ingresso da moto na Bolívia (esse documento só interessa à aduana na saída da Bolívia! Não sairíamos da Bolívia com o trem!). O Atiê teve que buscar esse documento em seu hotel, pegando táxi para isso. Claro que já estava impondo dificuldades para vender as facilidades. Não ganhou essa parada conosco! Entregue a documentação, só lhe restou emitir o documento e nos entregar. Minha moto pesou 350km e a do Atiê 250kg. O preço foi de 0,90 bolivianos por kg ou R$ 0,30/kg.
Levamos as motos para a área de embarque, a uns 30m. Ao chegarmos, um policial nacional (tipo polícia federal brasileira), lotado naquela área para narcóticos, tentou de várias formas impedir que as motos fossem embarcadas, alegando falta de documento de trânsito etc e tal. Como o Atiê, que estava com sua moto na dianteira, ficou muito irritado e começou a falar alto com o policial, ele se afastou com o Atiê para "conversar melhor". Não houve negócio, pois todos os documentos estavam legalizados conforme manda o figurino. Ele, muito sem graça, com toda aquela platéia assistindo o achaque, retirou-se sem levar sua grana. Pagamos o Jorge, despachante/estivador, com 100,00 bolivianos pelo esforço nas 2 motos. Elas seriam embarcadas no trem cargueiro das 12h00, na 2ª feira mesmo. Nós tínhamos que estar prontos para o embarque às 15h30, na estação.
Aproveitando o dia, saímos para comprar sobressalentes para a moto do Atiê. Ele acabou comprando uma corrente, um uísque e charutos. Fomos almoçar em um restaurante muito bom do centro da cidade. Depois, passamos no seu hotel para ele fechar a conta e nos dirigimos ao meu, onde, após um banhão frio, me vesti e saí, encerrando a conta.
Atravessamos a avenida, com nossos mochilões nas costas, trombando com aquela multidão que se aglomerava na estação. O calor era intenso e, de pronto, estávamos transpirando às bicas! Pegamos uma fila imensa para passar pela catraca. Novamente, o Atiê estava à frente (o cara é elétrico!) e foi barrado pelo policial nacional da catraca que queria ver seus documentos. De novo, o Atiê reclamou, dando a entender que armaria um barraco no meio de toda aquela gente e o cara o liberou. Enfim, estávamos entrando no trem, com ar condiconado!!!!!
O trem saiu às 16h30 com vários lugares desocupados, "não comprados por fora da bilheteria", enquanto muitos bolivianos, idosos ou não, amargaram 1 ou 2 dias para a compra do bilhete e embarque. Pura safadeza! O Máximo, que nos vendera os bilhetes por fora, foi visto por nós recebendo os documentos dos passageiros na catraca vizinha. Ele estava uniformizado e armado como policial e não funcionário da ferrovia.
O trem, com vários vagões, trafega por uma linha de bitola estreita, igual aos velhos trens brasileiros, puxado por uma antiga locomotiva diesel. Seu corcovear e balanço não lhe permitia imprimir maior velocidade que 60 a 80 km/h, com velocidade média de 40 km/h!!!. Foram 600 km em 15 horas! Os bancos só reclinavam um pouco, impedindo que se encontrasse formas de descansar pernas e braços. Assim que o trem partiu, vi uma dupla vazia e a tomei para mim. Aliviei o Atiê e eu próprio, pois estávamos na mesma dupla. Ambos conseguimos minimizar o desconforto da viagem.
O sistema de ar condicionado é bom e estava setado para 22 graus, todavia o corredor parecia uma avenida, por onde passavam em ambos os sentidos quase todos os passageiros que iam ou voltavam do restaurante e bar. A temperatura, no termômetro digital do vagão, girava em torno de 24... 25 graus. Ainda assim, estava bom o clima.
Por volta das 22h00, o trem parou num "pueblo" ou pequena vila e a impressão que tive era que todos os habitantes estavam lá vendendo alguma coisa. Várias barracas com bebidas e churrasqueiras receberam os contumazes viajantes daquele trem. Cheguei a descer para ver melhor e tudo me pareceu um pouco aquele xixão. Não deu para comer, pelo tempo e pelo aspecto. O Atiê nem desceu do trem. O apito da locomotiva fez com que todos entrassem no trem e, em seguida, seu chacoalhar embalou muitos em seus sonhos bolivianos. Claro, eu e o Atiê não nos incluímos. A viagem foi muito ruim e cansativa, de verdade!
Ao nos aproximarmos do final da viagem, o Máximo (policial) sentou-se na poltrona vizinha do Atiê e começou a trovar um papo de complementação da grana pela compra das passagens. Incrível, o carinha queria mais grana! O Atiê desconversou dizendo não ter mais grana, que precisaria encontrar urgente um banco brasileiro para retirar dinheiro, uma vez que não tinha nem para colocar a gasolina na moto, que fora retirada para embarque. Em suma, o Máximo (em patifaria) saiu de fininho sem levar mais dinheiro. Imaginem se estivéssemos com alguma irregularidade nos documentos pessoais ou das motos! Estaríamos ferrados nas mãos desses "servidores públicos, defensores da lei e da ordem!". O Atiê disse que enviará emails para todas as autoridades que puder na Bolívia, já que ele ficou p......íssimo com esses bolivianos.
Tão logo chegamos na penúltima estação, onde desceu a maioria dos passageiros, o funcionário da ferrovia desligou o ar condicionado e o vagão chegou aos 29 graus centígrados, obrigando alguns passageiros a abrirem suas janelas.
Desembarcamos do trem, na estação de Quijarro, fronteira com o Brasil, por volta das 09h30 e nos dirigimos à área de desembarque de carga. Um funcionário da ferrovia nos indicou o local. Caminhando com nossos mochilões, vimos um vagão estacionado, uma caminhonete encostada de costas para a porta dele, como se nos esperasse. Putz, que tipo de empresa é essa que não desembarca as mercadorias transportadas? Essa é a Ferroviária Oriental SA, da Bolívia.
Alguns estivadores, desuniformizados, se é que podemos chamar a todos com essa qualificação, nos ajudaram a descer as motos do vagão para a caminhonete, uma de cada vez. Quando a 2ª desceu, um deles pediu-nos o documento de transporte das motos, dizendo para acertarmos com o dono da caminhonete e seus ajudantes, pelo trabalho de desembarque.
Eu estava negociando, informando que havíamos pago 50 bolivianos aos estivadores de Sta Cruz quando o Atiê, já enfurecido com tanta cobrança, fez um discurso de que a empresa deveria deixar as motos fora dos vagões, que não deveria pagar mais nada e assim por diante. KCT, eu também sabia disso, mas não era isso que ocorria lá! Tínhamos que pagar e pronto! Precisávamos negociar e acabou ficando por 70,00 bolivianos ambas as motos. Os caras receberam carrancudos, mas não chiaram.
Saímos de lá com as motos e bagagens instaladas, nos dirigindo à fronteira, onde passaríamos pela aduana e polícia nacional. Logo em seguida viria o Brasil.
Chegamos na aduana, entregamos nossos passaportes, documentos das motos e o documento de ingresso das motos na Bolívia. Na aduana, tudo bem, fomos até cumprimentados pelo Natal e nos desejaram boa viagem. Na polícia nacional, que carimba os passaportes, exigiram, ainda, o documento que registrava nosso ingresso na Bolívia em 09/12/2008. O Atiê alegou não ter recebido em Desaguadero, quando entrou na fronteira, vindo do Perú. O policial esboçou uma reação, mas a veemência do Atiê o desestimulou, carimbando seu passaporte. Logo em seguida, entregou-lhe os documentos um outro viajante, mais tímido e o policial logo o enroscou com o mesmo papo. Fiquei impaciente com a demora e o policial logo me despachou também, carimbando meu passaporte e liberando o pobre homem antes de mim.
Trocamos nossos últimos bolivianos por reais e seguimos rumo ao Brasil. Foi uma alegria a minha ao passar pela aduana brasileira, onde fotografei o " Bem Vindos ao Brasil ". Parecia um recado para mim, pessoal!
Bem, entramos no Brasil a tempo de motocarmos um pouco, passando por Corumbá, primeira cidade da fronteira. A moto do Atiê estava sem gasolina e estava difícil de pegar. Procuramos um posto e uma mecânica. Aparentemente, o problema estava na mangueira ou na chave comutadora de entrada de gasolina no carburador. Resolvido (?) o problema, seguimos atrás do posto, onde reabastecemos.
Estávamos no Brasil e exultávamos por isso. Nosso país é imperfeito, formado por homens de todas as origens e qualificações, boas e más. A diferença é que conhecemos o povo brasileiro e qualquer coisa que ocorra aqui não nos surpreenderá em demasia. A cultura, os costumes e as formas de agir de outros homens em outros países são sempre uma incógnita para nós e nossas reações podem ou não dar bom resultado. Daí a cautela ao lidarmos com autoridades locais. Ponto fundamental, para tudo, é estarmos legais com todos os documentos e atentos às artimanhas eventuais que possam nos causar danos.
Amanhã, já em São Paulo, concluirei meu blog após desfazer minha bagagem. Estou curioso para ver minhas fotos e poder incluí-las (algumas mais importantes) nesse blog, dando-lhe mais conteúdo, já que uma imagem vale por mil palavras.
A noite anterior pernoitamos em Aquidauana - MS. Isso fará parte do final de texto do meu blog e, se possível, umas fotos das paisagens verdejantes que fotografei ao cruzar a BR 262, de Corumbá até Três Lagoas - MS.
Estou teclando de Lins, a cerca de 500 km de Sampa, onde chegamos há umas 2 horas. Estamos hospedados no Lins Palace, um hotel de quase 70 anos, com seus quartos grandes, seu saguão enorme com escadaria central em mármore, bem na praça principal da cidade (matriz).
Tudo bem, seu chuveiro é um velho lorenzetti, mas funciona bem... he he he... Afinal, foi o único diponível para nós e estamos pagando cerca de R$ 60,00 a diária por cada quarto com banheiro privativo, ar condicionado e TV a cabo. Não dá para reclamar, né mesmo?
Fiquem com Deus!
Tudo o que eu disse sobre o povo boliviano poderia ser apagado por umas 3 ou 4 pessoas que cruzamos durante a busca de passagens e transporte de nossas motos. A corrupção barata e a malandragem agulha se iniciou em Santa Cruz e só terminou quando cruzamos a fronteira para o Brasil. Enfim, todas as pessoas com quem conversamos pedindo informações, comprando passagens para nós e para embarcar nossas motos, além daquelas com quem tratamos na polícia nacional e aduana na saída da Bolívia desmereceram meu conceito sobre o povo boliviano.
Eu e o Atiê estivemos na Estação Bimodal no domingo, pois abririam das 16h00 até 17h00 para atendimento ao público e venda de passagens. Lá chegando, havia uma fila com umas 30 pessoas e, ao lado, uma outra fila para idosos, gestantes e incapacitados físicos.
Quem esperava comprar passagens para 2ª feira recebeu a mesma resposta do funcionário do guichê, José Luiz Gutierrez (nome que está no ticket): Não há mais lugares vagos. Só para 3ª, mais caras ou para 4ª feira, o mesmo trem. Eu e o Atiê observamos uma camarada magrinho que conversava com o vendedor e informava aos demais sobre a indisponibilidade de passagens para o dia seguinte. Bem, deveria ser um funcionário da ferrovia prestando serviços ao público, pensamos, já que trazia pendurado um crachá da ferrovia, sem seu nome. Fomos a ele e conversamos sobre eventual possibilidade de existir desistências ou alguma outra possibilidade. De pronto disse que poderia conseguir as 2 passagens para nós, mediante um plus no preço. Lembrei-me dos jogos de futebol no Pacaembú ou outro campo brasileiro e os cambistas. A passagem nos custaria 127,00 bolivianos e as conseguimos por 180 bolivianos. Ele queria 200,00 por cada, mas não conseguiu. Disse-nos que se chamava Máximo e assim atendeu quando o chamamos em outra oportunidade.
Deu-nos uma dica com quem tratar no dia seguinte para transporte das motos: Ligou para um amigo de nome Jorge, com quem falei ao seu celular, agendando tudo e nos fomos.
Ainda bem, pois o calor era intenso e aquela estação com teto metálico parecia um micro ondas.
Conversei com o Atiê e como estava próximo do almoço, convidei-o para comer comigo aquele xixão ... he he he... Pensei que ao lhe mostrar ele desistisse, mas o carinha nem se assombrou. Vendo o xixão e o preço, incluindo 500ml de coca cola, ele topou na horinha! Vcs tinham que ver, ele detonou! Bem, ao comer pela segunda vez, já me senti um boliviano... he he he e pedi o xixão com batatas fritas. Estava melhor que o da vez anterior.
Ele foi para seu hotel e eu para o meu, que era ao lado. Marcamos para o dia seguinte, às 08h30, na frente do meu hotel para embarcarmos as motos.
Dia seguinte, 2ª feira, entramos no portão de embarque de mercadoria, no outro portão, mas na mesma avenida e, lá no fundo, encontramos o Jorge que nos esperava. Rapidamente, ele providenciou uma rampa de madeira para subir a escada de uns 15 degraus, pois não há rampas, todo o trabalho é feito por estivadores uniformizados e que recebem dos usuários (nós) uma grana para empurrar as motos escadaria acima e por acondicionar (com papelões) as motos dentro dos vagões.
Chegando o chefe despachante da ferrovia, recebeu o Atiê com carranca, pediu o documento de ingresso da moto na Bolívia (esse documento só interessa à aduana na saída da Bolívia! Não sairíamos da Bolívia com o trem!). O Atiê teve que buscar esse documento em seu hotel, pegando táxi para isso. Claro que já estava impondo dificuldades para vender as facilidades. Não ganhou essa parada conosco! Entregue a documentação, só lhe restou emitir o documento e nos entregar. Minha moto pesou 350km e a do Atiê 250kg. O preço foi de 0,90 bolivianos por kg ou R$ 0,30/kg.
Levamos as motos para a área de embarque, a uns 30m. Ao chegarmos, um policial nacional (tipo polícia federal brasileira), lotado naquela área para narcóticos, tentou de várias formas impedir que as motos fossem embarcadas, alegando falta de documento de trânsito etc e tal. Como o Atiê, que estava com sua moto na dianteira, ficou muito irritado e começou a falar alto com o policial, ele se afastou com o Atiê para "conversar melhor". Não houve negócio, pois todos os documentos estavam legalizados conforme manda o figurino. Ele, muito sem graça, com toda aquela platéia assistindo o achaque, retirou-se sem levar sua grana. Pagamos o Jorge, despachante/estivador, com 100,00 bolivianos pelo esforço nas 2 motos. Elas seriam embarcadas no trem cargueiro das 12h00, na 2ª feira mesmo. Nós tínhamos que estar prontos para o embarque às 15h30, na estação.
Aproveitando o dia, saímos para comprar sobressalentes para a moto do Atiê. Ele acabou comprando uma corrente, um uísque e charutos. Fomos almoçar em um restaurante muito bom do centro da cidade. Depois, passamos no seu hotel para ele fechar a conta e nos dirigimos ao meu, onde, após um banhão frio, me vesti e saí, encerrando a conta.
Atravessamos a avenida, com nossos mochilões nas costas, trombando com aquela multidão que se aglomerava na estação. O calor era intenso e, de pronto, estávamos transpirando às bicas! Pegamos uma fila imensa para passar pela catraca. Novamente, o Atiê estava à frente (o cara é elétrico!) e foi barrado pelo policial nacional da catraca que queria ver seus documentos. De novo, o Atiê reclamou, dando a entender que armaria um barraco no meio de toda aquela gente e o cara o liberou. Enfim, estávamos entrando no trem, com ar condiconado!!!!!
O trem saiu às 16h30 com vários lugares desocupados, "não comprados por fora da bilheteria", enquanto muitos bolivianos, idosos ou não, amargaram 1 ou 2 dias para a compra do bilhete e embarque. Pura safadeza! O Máximo, que nos vendera os bilhetes por fora, foi visto por nós recebendo os documentos dos passageiros na catraca vizinha. Ele estava uniformizado e armado como policial e não funcionário da ferrovia.
O trem, com vários vagões, trafega por uma linha de bitola estreita, igual aos velhos trens brasileiros, puxado por uma antiga locomotiva diesel. Seu corcovear e balanço não lhe permitia imprimir maior velocidade que 60 a 80 km/h, com velocidade média de 40 km/h!!!. Foram 600 km em 15 horas! Os bancos só reclinavam um pouco, impedindo que se encontrasse formas de descansar pernas e braços. Assim que o trem partiu, vi uma dupla vazia e a tomei para mim. Aliviei o Atiê e eu próprio, pois estávamos na mesma dupla. Ambos conseguimos minimizar o desconforto da viagem.
O sistema de ar condicionado é bom e estava setado para 22 graus, todavia o corredor parecia uma avenida, por onde passavam em ambos os sentidos quase todos os passageiros que iam ou voltavam do restaurante e bar. A temperatura, no termômetro digital do vagão, girava em torno de 24... 25 graus. Ainda assim, estava bom o clima.
Por volta das 22h00, o trem parou num "pueblo" ou pequena vila e a impressão que tive era que todos os habitantes estavam lá vendendo alguma coisa. Várias barracas com bebidas e churrasqueiras receberam os contumazes viajantes daquele trem. Cheguei a descer para ver melhor e tudo me pareceu um pouco aquele xixão. Não deu para comer, pelo tempo e pelo aspecto. O Atiê nem desceu do trem. O apito da locomotiva fez com que todos entrassem no trem e, em seguida, seu chacoalhar embalou muitos em seus sonhos bolivianos. Claro, eu e o Atiê não nos incluímos. A viagem foi muito ruim e cansativa, de verdade!
Ao nos aproximarmos do final da viagem, o Máximo (policial) sentou-se na poltrona vizinha do Atiê e começou a trovar um papo de complementação da grana pela compra das passagens. Incrível, o carinha queria mais grana! O Atiê desconversou dizendo não ter mais grana, que precisaria encontrar urgente um banco brasileiro para retirar dinheiro, uma vez que não tinha nem para colocar a gasolina na moto, que fora retirada para embarque. Em suma, o Máximo (em patifaria) saiu de fininho sem levar mais dinheiro. Imaginem se estivéssemos com alguma irregularidade nos documentos pessoais ou das motos! Estaríamos ferrados nas mãos desses "servidores públicos, defensores da lei e da ordem!". O Atiê disse que enviará emails para todas as autoridades que puder na Bolívia, já que ele ficou p......íssimo com esses bolivianos.
Tão logo chegamos na penúltima estação, onde desceu a maioria dos passageiros, o funcionário da ferrovia desligou o ar condicionado e o vagão chegou aos 29 graus centígrados, obrigando alguns passageiros a abrirem suas janelas.
Desembarcamos do trem, na estação de Quijarro, fronteira com o Brasil, por volta das 09h30 e nos dirigimos à área de desembarque de carga. Um funcionário da ferrovia nos indicou o local. Caminhando com nossos mochilões, vimos um vagão estacionado, uma caminhonete encostada de costas para a porta dele, como se nos esperasse. Putz, que tipo de empresa é essa que não desembarca as mercadorias transportadas? Essa é a Ferroviária Oriental SA, da Bolívia.
Alguns estivadores, desuniformizados, se é que podemos chamar a todos com essa qualificação, nos ajudaram a descer as motos do vagão para a caminhonete, uma de cada vez. Quando a 2ª desceu, um deles pediu-nos o documento de transporte das motos, dizendo para acertarmos com o dono da caminhonete e seus ajudantes, pelo trabalho de desembarque.
Eu estava negociando, informando que havíamos pago 50 bolivianos aos estivadores de Sta Cruz quando o Atiê, já enfurecido com tanta cobrança, fez um discurso de que a empresa deveria deixar as motos fora dos vagões, que não deveria pagar mais nada e assim por diante. KCT, eu também sabia disso, mas não era isso que ocorria lá! Tínhamos que pagar e pronto! Precisávamos negociar e acabou ficando por 70,00 bolivianos ambas as motos. Os caras receberam carrancudos, mas não chiaram.
Saímos de lá com as motos e bagagens instaladas, nos dirigindo à fronteira, onde passaríamos pela aduana e polícia nacional. Logo em seguida viria o Brasil.
Chegamos na aduana, entregamos nossos passaportes, documentos das motos e o documento de ingresso das motos na Bolívia. Na aduana, tudo bem, fomos até cumprimentados pelo Natal e nos desejaram boa viagem. Na polícia nacional, que carimba os passaportes, exigiram, ainda, o documento que registrava nosso ingresso na Bolívia em 09/12/2008. O Atiê alegou não ter recebido em Desaguadero, quando entrou na fronteira, vindo do Perú. O policial esboçou uma reação, mas a veemência do Atiê o desestimulou, carimbando seu passaporte. Logo em seguida, entregou-lhe os documentos um outro viajante, mais tímido e o policial logo o enroscou com o mesmo papo. Fiquei impaciente com a demora e o policial logo me despachou também, carimbando meu passaporte e liberando o pobre homem antes de mim.
Trocamos nossos últimos bolivianos por reais e seguimos rumo ao Brasil. Foi uma alegria a minha ao passar pela aduana brasileira, onde fotografei o " Bem Vindos ao Brasil ". Parecia um recado para mim, pessoal!
Bem, entramos no Brasil a tempo de motocarmos um pouco, passando por Corumbá, primeira cidade da fronteira. A moto do Atiê estava sem gasolina e estava difícil de pegar. Procuramos um posto e uma mecânica. Aparentemente, o problema estava na mangueira ou na chave comutadora de entrada de gasolina no carburador. Resolvido (?) o problema, seguimos atrás do posto, onde reabastecemos.
Estávamos no Brasil e exultávamos por isso. Nosso país é imperfeito, formado por homens de todas as origens e qualificações, boas e más. A diferença é que conhecemos o povo brasileiro e qualquer coisa que ocorra aqui não nos surpreenderá em demasia. A cultura, os costumes e as formas de agir de outros homens em outros países são sempre uma incógnita para nós e nossas reações podem ou não dar bom resultado. Daí a cautela ao lidarmos com autoridades locais. Ponto fundamental, para tudo, é estarmos legais com todos os documentos e atentos às artimanhas eventuais que possam nos causar danos.
Amanhã, já em São Paulo, concluirei meu blog após desfazer minha bagagem. Estou curioso para ver minhas fotos e poder incluí-las (algumas mais importantes) nesse blog, dando-lhe mais conteúdo, já que uma imagem vale por mil palavras.
A noite anterior pernoitamos em Aquidauana - MS. Isso fará parte do final de texto do meu blog e, se possível, umas fotos das paisagens verdejantes que fotografei ao cruzar a BR 262, de Corumbá até Três Lagoas - MS.
Estou teclando de Lins, a cerca de 500 km de Sampa, onde chegamos há umas 2 horas. Estamos hospedados no Lins Palace, um hotel de quase 70 anos, com seus quartos grandes, seu saguão enorme com escadaria central em mármore, bem na praça principal da cidade (matriz).
Tudo bem, seu chuveiro é um velho lorenzetti, mas funciona bem... he he he... Afinal, foi o único diponível para nós e estamos pagando cerca de R$ 60,00 a diária por cada quarto com banheiro privativo, ar condicionado e TV a cabo. Não dá para reclamar, né mesmo?
Fiquem com Deus!
domingo, 14 de dezembro de 2008
Mecca em Santa Cruz de La Sierra - Bolívia
Amigos e amigas, bom dia!
Domingo chuvoso por aqui, às 10h35 da matina.
Em Villa Tunari, onde estávamos, conhecemos um casal de advogados que nos afirmou ser a estrada entre lá e S. C. Sierra muito boa, sem serra e sem buracos. Muito diferente do que havíamos passado no dia anterior, vindo de Cochabamba.
Estávamos meio distantes da recepçao, daí termos levado nossas motos até a porta dos bangalôs. Até aí tudo bem, todavia na hora de levar minha moto até a recepçao, por estar muito pesada, ao descer um degrau, ela foi deitando, deitando e deitou. KCT, isso acontece, nao prejudicando a moto nem a mim, mas enche o saco! Chamei o Atiê que, com a ajuda de um boy do hotel, me ajudou a levantar a moto, sem problemas. Deixo aqui, expresso, meu agradecimento ao Atiê e à sua boa vontade para estas situaçoes.
Saímos por volta das 11h00, em direçao a SCSierra, distante uns 300km. Na Bolívia há racionamento de gasolina e os postos quando a têm, atendem filas de 50 carros, mais ou menos. Ainda bem que havíamos conseguido encher o tanque no dia anterior e nossos galoes. Nao vimos posto com gasolina e sem fila por muito tempo.
Desta vez, fomos agraciados por uma estrada muito boa, sinalizada, sem imperfeiçoes maiores e com as máquinas operando maravilhosamente. Facilmente, fizemos boa média, sem agonia de pipocos e perda de potência.
Próximo das 13h00, nuvens pesadas sobre a rodovia, com evidências de que chovia à frente. Parei para colocar minha roupa de chuva e sinalizei para o Atiê continuar que o alcançaria. Ele passou por mim, fez um sinal que nao entendi e se foi. Foi o tempo de vestir tudo para a chuva forte cair sobre mim. Sabem, aquele chuvão de 10 minutos? Foi assim mesmo!
Voltei para a pista e fui motocando olhando para todo bar, restaurante, aglomeração que aparecia para ver se o Atiê havia parado ou seguido. Como não o encontrei, entendi que ele tinha seguido em frente. Mesmo assim, não acelerei e segui a uns 90 / 100 km/h, sem encontrá-lo.
A 100km de SCSierra, vi um posto de combustível com o sugestivo nome de BUENA VISTA. Fotografei-o e parei para ver se tinha gasolina. Tinha e estava sem fila nenhuma. Enchi o tanque, colei adesivo do BV-MC, daqueles gordinhos (acho que os tirarao de lá para suas motos...) e me fui sentido SCSierra. Aquela cidade chama-se Buena Vista, ok?
Caramba, que chato, buscando hotel na cidade e, mais uma vez, sem o Atiê para confabular sobre qual hotel, o embarque das motos e os nossos. Estou hospedado em frente à Estaçao Bimodal (trens e onibus), em pequeno hotel (140 bolivianos ou US$ 20,00), com ar condicionado, TV cabo mas sem Internet. A região, como toda de estações rodoviárias e trens, é uma zona só!
Gente pra mais de 1000! Bolsas, malas, carrinhos, táxis, peruas, ambulantes vendendo de tudo, desde bugingangas a comida sem a menor higiene. Quando estou dentro do hotel, tudo bem, não vejo nem ouço nada, mas ao abrir a janela, credo em cruz, quanta agitação.
Para tentar localizar o Atiê, entrei numa lan house e vi que ele tinha postado seu endereço no centro da cidade. Liguei para ele e conversamos sobre o que faríamos. Disse-me que havia parado no primeiro bar que surgiu depois que nos separamos. Viu-me passar e seguir em frente, mas não teve como me avisar. Segundo ele, sua moto estava à vista, todavia, por falta de sorte, eu não a vi.
Encerrei a Internet e fui até a Bimodal à busca de informaçoes. Como era sábado, 13/12, tudo que se relacionava a trens estava fechado, confirmado pelo setor de informaçoes. Só abrirao amanhã à tarde, por volta das 16h00 até às 17h00. Provável que saibamos o que fazer, logo após. O Atiê conheceu 2 brasileiros, motociclistas, residentes em SCSierra, que lhe deram algum bizú e lhe fornecerão o telefone de um camarada que trabalha dentro da ferrovia. É provável que ele dê melhores dicas sobre como sairmos daqui.
Foi confirmado que a estrada de SCSierra até Quijarro, cidade fronteiriça a Corumbá - MT, é longa e tem cerca de 200km em terra batida. Para minha moto nao dará seguir por lá e nem o Atiê deseja isso com sua DR800. Daremos um jeito de cumprir o planejado, ou seja, retornar de trem até a fronteira. O trem mais rápido levará 14 horas de viagem. Qualquer ônibus levará 25hs, segundo pesquisei.
Ao retornar da Bimodal, estava com fome, já que não havia almoçado. Onde ir? Andando por entre a multidão, desviando-me dos ambulantes, encontrei um "restaurante" com uma churrasqueira na frente, assando uma espécie de churrasco (espeto). O cheiro era agradável, o botecão estava lotado e eu com fome canina. A estas alturas, qualidade é questão de opção e não a tinha.
Entrei na fila e pedi o dito cujo. Quinze (15) bolivianos, disse-me a carrancuda caixa, pelo espeto e uma coca cola de 500ml. Sentei-me na mesa disponível curtindo um calor insuportável, para mim e para todos que se aglomeravam naquele local. Chegou minha coca cola e um copo quebrado no bocal. Pedi para trocá-lo. Ao verificar o motivo, o "garçom" chegou a sorrir, como que não acreditando. Ficou em frente um lote de copos, analisando um a um e demorou para conseguir um não quebrado no bocal. Quando o trazia, como estava molhado da lavagem, ele o batia na perna de sua calça, claro, limpa nao estava!!!!!!!!!!!!!
Dentro em pouco, chegou minha travessa de inox, carregando o espeto, uma "ensalada incomível" e arroz com queijo derretido (muito distante do Piemonteze), mas àquela altura, gostoso. Confesso que detonei o bichão, com exceção da tripa grossa de boi que veio junto no espeto.
Costumes e cultura de um povo não se discute, quando muito se analisa, preferencialmente sem confundirmos os valores que temos com o que se estuda. A fome é igual a todos e eu nunca deixei de comer pela aparência, daí.... Quem já viajou pelo NE e N, nao pelas capitais à beira mar, a uma largura de 15km, mas pelo interior e bairros distantes, sabe o que digo. No Brasil temos muitas situações parecidas, onde a cultura, a educaçào e a qualidade de vida não chegaram ao que estamos acostumados nos grandes centros. Mesmo em SP, em vários bairros da periferia, ainda compramos e comemos de forma muito diferente do que nos bairros mais evoluídos.
A cidade de SCSierra é relativamente grande, maior que Cochabamba, planejada e urbanizada em anéis (anilhos), com grandes avenidas, muitas linhas de onibus, inúmero táxis e tem muita influência da cultura brasileira, segundo nos disseram os advogados mencionados. Muitos estudantes brasileiros cursam universidades aqui e a proximidade com o Brasil tornou a cidade mais cultural, com muitos shows e festas para tudo.
Até aqui, não a conheci muito bem, pois embora a moto esteja legal, na cidade ela dispara a rotação em cada semáforo, precisando desligá-la até que abra.
Well, caso não haja novidades quanto ao nosso embarque, retornarei amanhã ou depois para continuar esse blog. Espero não estar sendo cansativo com minhas explanações e contando as verdades que temos vivenciado, sem pintar com cores fantasiosas, dourando a pílula ou amargando-a para que nos vejam como seres especiais, únicos ou coisa que o valha.
Somos o que somos. Esperávamos algumas dificuldades, pois nossa experiência nos confirmou no passado, mas que essa viagem tem sido um poço de situações inusitadas, isso tem. Graças a Deus, temos nos superado na solução das complicações, ainda que, vez por outra, haja pequena perturbação do clima entre os viajantes. Nada que uma amizade fraternal e sólida não suplante, pelo contrário, sem falsidade, deve se fortalecer com os contraditórios e decisões compensativas.
Fiquem com Deus também, pois Ele tem estado conosco, junto aos nossos Anjos da Guarda!
Mecca.
Domingo chuvoso por aqui, às 10h35 da matina.
Em Villa Tunari, onde estávamos, conhecemos um casal de advogados que nos afirmou ser a estrada entre lá e S. C. Sierra muito boa, sem serra e sem buracos. Muito diferente do que havíamos passado no dia anterior, vindo de Cochabamba.
Estávamos meio distantes da recepçao, daí termos levado nossas motos até a porta dos bangalôs. Até aí tudo bem, todavia na hora de levar minha moto até a recepçao, por estar muito pesada, ao descer um degrau, ela foi deitando, deitando e deitou. KCT, isso acontece, nao prejudicando a moto nem a mim, mas enche o saco! Chamei o Atiê que, com a ajuda de um boy do hotel, me ajudou a levantar a moto, sem problemas. Deixo aqui, expresso, meu agradecimento ao Atiê e à sua boa vontade para estas situaçoes.
Saímos por volta das 11h00, em direçao a SCSierra, distante uns 300km. Na Bolívia há racionamento de gasolina e os postos quando a têm, atendem filas de 50 carros, mais ou menos. Ainda bem que havíamos conseguido encher o tanque no dia anterior e nossos galoes. Nao vimos posto com gasolina e sem fila por muito tempo.
Desta vez, fomos agraciados por uma estrada muito boa, sinalizada, sem imperfeiçoes maiores e com as máquinas operando maravilhosamente. Facilmente, fizemos boa média, sem agonia de pipocos e perda de potência.
Próximo das 13h00, nuvens pesadas sobre a rodovia, com evidências de que chovia à frente. Parei para colocar minha roupa de chuva e sinalizei para o Atiê continuar que o alcançaria. Ele passou por mim, fez um sinal que nao entendi e se foi. Foi o tempo de vestir tudo para a chuva forte cair sobre mim. Sabem, aquele chuvão de 10 minutos? Foi assim mesmo!
Voltei para a pista e fui motocando olhando para todo bar, restaurante, aglomeração que aparecia para ver se o Atiê havia parado ou seguido. Como não o encontrei, entendi que ele tinha seguido em frente. Mesmo assim, não acelerei e segui a uns 90 / 100 km/h, sem encontrá-lo.
A 100km de SCSierra, vi um posto de combustível com o sugestivo nome de BUENA VISTA. Fotografei-o e parei para ver se tinha gasolina. Tinha e estava sem fila nenhuma. Enchi o tanque, colei adesivo do BV-MC, daqueles gordinhos (acho que os tirarao de lá para suas motos...) e me fui sentido SCSierra. Aquela cidade chama-se Buena Vista, ok?
Caramba, que chato, buscando hotel na cidade e, mais uma vez, sem o Atiê para confabular sobre qual hotel, o embarque das motos e os nossos. Estou hospedado em frente à Estaçao Bimodal (trens e onibus), em pequeno hotel (140 bolivianos ou US$ 20,00), com ar condicionado, TV cabo mas sem Internet. A região, como toda de estações rodoviárias e trens, é uma zona só!
Gente pra mais de 1000! Bolsas, malas, carrinhos, táxis, peruas, ambulantes vendendo de tudo, desde bugingangas a comida sem a menor higiene. Quando estou dentro do hotel, tudo bem, não vejo nem ouço nada, mas ao abrir a janela, credo em cruz, quanta agitação.
Para tentar localizar o Atiê, entrei numa lan house e vi que ele tinha postado seu endereço no centro da cidade. Liguei para ele e conversamos sobre o que faríamos. Disse-me que havia parado no primeiro bar que surgiu depois que nos separamos. Viu-me passar e seguir em frente, mas não teve como me avisar. Segundo ele, sua moto estava à vista, todavia, por falta de sorte, eu não a vi.
Encerrei a Internet e fui até a Bimodal à busca de informaçoes. Como era sábado, 13/12, tudo que se relacionava a trens estava fechado, confirmado pelo setor de informaçoes. Só abrirao amanhã à tarde, por volta das 16h00 até às 17h00. Provável que saibamos o que fazer, logo após. O Atiê conheceu 2 brasileiros, motociclistas, residentes em SCSierra, que lhe deram algum bizú e lhe fornecerão o telefone de um camarada que trabalha dentro da ferrovia. É provável que ele dê melhores dicas sobre como sairmos daqui.
Foi confirmado que a estrada de SCSierra até Quijarro, cidade fronteiriça a Corumbá - MT, é longa e tem cerca de 200km em terra batida. Para minha moto nao dará seguir por lá e nem o Atiê deseja isso com sua DR800. Daremos um jeito de cumprir o planejado, ou seja, retornar de trem até a fronteira. O trem mais rápido levará 14 horas de viagem. Qualquer ônibus levará 25hs, segundo pesquisei.
Ao retornar da Bimodal, estava com fome, já que não havia almoçado. Onde ir? Andando por entre a multidão, desviando-me dos ambulantes, encontrei um "restaurante" com uma churrasqueira na frente, assando uma espécie de churrasco (espeto). O cheiro era agradável, o botecão estava lotado e eu com fome canina. A estas alturas, qualidade é questão de opção e não a tinha.
Entrei na fila e pedi o dito cujo. Quinze (15) bolivianos, disse-me a carrancuda caixa, pelo espeto e uma coca cola de 500ml. Sentei-me na mesa disponível curtindo um calor insuportável, para mim e para todos que se aglomeravam naquele local. Chegou minha coca cola e um copo quebrado no bocal. Pedi para trocá-lo. Ao verificar o motivo, o "garçom" chegou a sorrir, como que não acreditando. Ficou em frente um lote de copos, analisando um a um e demorou para conseguir um não quebrado no bocal. Quando o trazia, como estava molhado da lavagem, ele o batia na perna de sua calça, claro, limpa nao estava!!!!!!!!!!!!!
Dentro em pouco, chegou minha travessa de inox, carregando o espeto, uma "ensalada incomível" e arroz com queijo derretido (muito distante do Piemonteze), mas àquela altura, gostoso. Confesso que detonei o bichão, com exceção da tripa grossa de boi que veio junto no espeto.
Costumes e cultura de um povo não se discute, quando muito se analisa, preferencialmente sem confundirmos os valores que temos com o que se estuda. A fome é igual a todos e eu nunca deixei de comer pela aparência, daí.... Quem já viajou pelo NE e N, nao pelas capitais à beira mar, a uma largura de 15km, mas pelo interior e bairros distantes, sabe o que digo. No Brasil temos muitas situações parecidas, onde a cultura, a educaçào e a qualidade de vida não chegaram ao que estamos acostumados nos grandes centros. Mesmo em SP, em vários bairros da periferia, ainda compramos e comemos de forma muito diferente do que nos bairros mais evoluídos.
A cidade de SCSierra é relativamente grande, maior que Cochabamba, planejada e urbanizada em anéis (anilhos), com grandes avenidas, muitas linhas de onibus, inúmero táxis e tem muita influência da cultura brasileira, segundo nos disseram os advogados mencionados. Muitos estudantes brasileiros cursam universidades aqui e a proximidade com o Brasil tornou a cidade mais cultural, com muitos shows e festas para tudo.
Até aqui, não a conheci muito bem, pois embora a moto esteja legal, na cidade ela dispara a rotação em cada semáforo, precisando desligá-la até que abra.
Well, caso não haja novidades quanto ao nosso embarque, retornarei amanhã ou depois para continuar esse blog. Espero não estar sendo cansativo com minhas explanações e contando as verdades que temos vivenciado, sem pintar com cores fantasiosas, dourando a pílula ou amargando-a para que nos vejam como seres especiais, únicos ou coisa que o valha.
Somos o que somos. Esperávamos algumas dificuldades, pois nossa experiência nos confirmou no passado, mas que essa viagem tem sido um poço de situações inusitadas, isso tem. Graças a Deus, temos nos superado na solução das complicações, ainda que, vez por outra, haja pequena perturbação do clima entre os viajantes. Nada que uma amizade fraternal e sólida não suplante, pelo contrário, sem falsidade, deve se fortalecer com os contraditórios e decisões compensativas.
Fiquem com Deus também, pois Ele tem estado conosco, junto aos nossos Anjos da Guarda!
Mecca.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Mecca em Villa Tunari - Bolívia
Pessoal, boa noite! Aqui 20h31, logo 22h31 em Sampa.
Estamos a meio caminho de Cochabamba a Santa Cruz de La Sierra.
Hoje, pela manha, ainda em Cochabamba, precisamos buscar abastecimento na cidade. Com a gasolina escassa, vários postos estavam fechados. Encontramos um e entramos "na fila"! Imaginem, eu e o Atiê paramentados de motociclistas cautelosos, um sol quente, de arder, numa fila para encher os tanques e os galões de 4l cada. Minha leal Suzuki LC1500 rateava, mas eu estava disposto a seguir assim mesmo.
Ao entrarmos na pista, tentando "destravar a carburação", sem resultado, confirmei que minha moto estava pior que ontem e que nao conseguiria rodar naquele jeito. Entre constrangido e x&%¿%$· ao mesmo tempo, disse ao Atiê que seguisse para Santa Cruz e eu ficaria em Cochabamba para reparar a moto, de novo! Ele decidiu ficar comigo.
Como tínhamos motocado uns 30km depois da cidade, num vilarejo de nome Sacaba, encontramos um mecânico que "mexe com moto". Não há como dizer diferente já que eles conhecem, muito bem, as motos até 150CC, incluindo as cross, que são muitas. Não há como comparar o grau de dificuldade ao lidar com uma LC1500.
O mecânico Edegar e seu filho Edegarito fizeram o que podia ser feito: Desmontaram o carburador, limparam os giclês e demais componentes internos, fechou entrada de ar (disse que entrava muito, comprometendo o desempenho), limparam as velas (negras pela queima de mistura rica) e remontaram.
Um teste feito por mim de uns 10 min, na estrada, mostrou que a moto estava boa (igual ao teste de La Paz...). Paguei 150 bolivianos (cerca de US$ 23,00) e lá fomos nós para a estrada.
Após uns 15 minutos na pista, a moto comecou a ratear e bateu a maior bronca! Vou assim mesmo! Nao volto nem a pau! E lá fomos nós.
Saindo daquela região, subimos uma serra, chegando aos 4.200m. De repente, qual passe de mágica, a moto deixou de pipocar, ratear e funcionou como uma Enterprise de verdade. Seu motor ficou maravilhoso! Concluí que essa moto será apelidade de LC1500 Inca, ou seja, só funciona bem nas alturas... he he he....
Terminada a jornada nas alturas, fomos baixando para próximo ao nível do mar ( 150m aprox.). A estrada, sugerida por alguns bolivianos, foi a Ruta 4, que sai de Cochabamba e vai até Santa Cruz. É a mais usada pelos caminhoneiros, logo deve ser a mais curta.
Até o início da baixada na serra, a pista estava ótima e minha moto também. Ao comecarmos a descer, após uma curva, a pista perdeu seu asfalto e ficou no barro e pedras, por uns 200m. Um perigo para deslizarmos, furarmos um pneu etc. Equilibrei-me bem com todos os 350kg e reduzi a velocidade a 10 km/h. Aquela serra tem inúmeros desbarrancamentos, causados por "instabilidade geológica", quase todos reparados com pedras roliças, implantadas, uma por uma, pelos operários. Fica até bonito, todavia não para motos. Até a DR800 do Atiê corria riscos, imaginem a minha, custom!
Para piorar, sobreveio uma neblina de arrepiar, durante cerca de 45 min, onde andávamos a 20 km/h. Entramos num túnel com pouca iluminacao e a partir da metade dele, NENHUMA iluminação. Foi uma pilotagem às cegas!!! Putz, que sufoco!
Achávamos que o pior havia passado, entretanto não esperávamos a chuva torrencial que caiu sobre nós, sem tempo de colocar roupa de chuva. Agora imaginem, 2 caras motocando por uma estrada asfaltada que a cada 1,5km estava destruída, com reparos de 50 a 100m em pedra arredondada, molhadas pela chuva constante, com o visor do capacete embaçado e molhado, cuidando para não derrapar, nem furar um dos pneus, à velocidade de 10 a 20 km/h, enquanto os caminhões passavam rentes ao nosso lado. Definitivamente, foi um teste para nossa qualidade como pilotos, para nossa determinação como homens e para testar nossa fé, já que nossos Anjos da Guarda tiveram muito trabalho nesse dia!
Como havíamos deixado Cochabamba e o vilarejo por volta das 13h00, rodamos somente 200km até às 16h30. O Atiê detesta pilotar à noite, ainda mais quando a estrada é tão ruim como essa. Chegamos à Villa Tunari, um lugar aprazível, com hotéis bons, restaurantes mais ou menos, com bolivianos muito gentis e amistosos, aliás, como desde que na Bolívia chegamos.
Enfim, há 2 rutas com mesma origem e destino: Ruta 4, onde estamos e a Ruta 7, que desconhecemos sua qualidade. Uma coisa é certa, caso queiram motocar pela 4, não venham com custom, usem preferencialmente uma big trail. Ah! que seja injetada eletronicamente... he he he....
Chegamos à Villa Tunari na reserva dos tanques, tendo o Atiê inclusive usado seu galao. Há 2 postos nessa cidadezinha, ambos com filas quilométricas de carros esperando para abastecer. Percebi que as motinhas da região não obedeciam as filas e entravam ao lado dos primeiros carros. Ora, fui nessa também e rapidinho enchi meu tanque.
Procurei o Atiê na pista e encontrei sua moto estacionada na frente de um restaurante. O cara estava todo posudo numa mesa, bebendo uma Huari geladinha, com meu copo esperando para encher. Que delícia! Almoçamos lá mesmo e nem jantaremos de tanto que comemos.
O Atiê queria um hotel com Internet, para conversar via Skype com sua querida Patty, como sempre faz quando consegue rede wireless. Encontramos um, chamado Les Tucanes. Fica no meio de um bosque, parte da selva amazônica, lado boliviano, ao lado de um rio formado pelas águas cristalinas que descem dos Andes, logo cheio de pedras que rolaram quilometros e quilometros. É do tipo bangalô, muito bem construído, com aposentos confortáveis, piscinas, bom restaurante e a Internet que o Atiê queria. O preço é de 200 bolivianos (cerca de US$ 70,00/apto single). Estou dedilhando aqui e ele logo atrás, conectado wireless com Sampa.
A idéia é chegar em Santa Cruz amanhã à tarde, contratar o trem que nos levará por 600km até a fronteira com o Brasil, motocando os restantes 1.400km até Sampa.
Buenos, por hoje é só. Preciso dormir e descansar para amanhã. Fiquem com Deus!
Estamos a meio caminho de Cochabamba a Santa Cruz de La Sierra.
Hoje, pela manha, ainda em Cochabamba, precisamos buscar abastecimento na cidade. Com a gasolina escassa, vários postos estavam fechados. Encontramos um e entramos "na fila"! Imaginem, eu e o Atiê paramentados de motociclistas cautelosos, um sol quente, de arder, numa fila para encher os tanques e os galões de 4l cada. Minha leal Suzuki LC1500 rateava, mas eu estava disposto a seguir assim mesmo.
Ao entrarmos na pista, tentando "destravar a carburação", sem resultado, confirmei que minha moto estava pior que ontem e que nao conseguiria rodar naquele jeito. Entre constrangido e x&%¿%$· ao mesmo tempo, disse ao Atiê que seguisse para Santa Cruz e eu ficaria em Cochabamba para reparar a moto, de novo! Ele decidiu ficar comigo.
Como tínhamos motocado uns 30km depois da cidade, num vilarejo de nome Sacaba, encontramos um mecânico que "mexe com moto". Não há como dizer diferente já que eles conhecem, muito bem, as motos até 150CC, incluindo as cross, que são muitas. Não há como comparar o grau de dificuldade ao lidar com uma LC1500.
O mecânico Edegar e seu filho Edegarito fizeram o que podia ser feito: Desmontaram o carburador, limparam os giclês e demais componentes internos, fechou entrada de ar (disse que entrava muito, comprometendo o desempenho), limparam as velas (negras pela queima de mistura rica) e remontaram.
Um teste feito por mim de uns 10 min, na estrada, mostrou que a moto estava boa (igual ao teste de La Paz...). Paguei 150 bolivianos (cerca de US$ 23,00) e lá fomos nós para a estrada.
Após uns 15 minutos na pista, a moto comecou a ratear e bateu a maior bronca! Vou assim mesmo! Nao volto nem a pau! E lá fomos nós.
Saindo daquela região, subimos uma serra, chegando aos 4.200m. De repente, qual passe de mágica, a moto deixou de pipocar, ratear e funcionou como uma Enterprise de verdade. Seu motor ficou maravilhoso! Concluí que essa moto será apelidade de LC1500 Inca, ou seja, só funciona bem nas alturas... he he he....
Terminada a jornada nas alturas, fomos baixando para próximo ao nível do mar ( 150m aprox.). A estrada, sugerida por alguns bolivianos, foi a Ruta 4, que sai de Cochabamba e vai até Santa Cruz. É a mais usada pelos caminhoneiros, logo deve ser a mais curta.
Até o início da baixada na serra, a pista estava ótima e minha moto também. Ao comecarmos a descer, após uma curva, a pista perdeu seu asfalto e ficou no barro e pedras, por uns 200m. Um perigo para deslizarmos, furarmos um pneu etc. Equilibrei-me bem com todos os 350kg e reduzi a velocidade a 10 km/h. Aquela serra tem inúmeros desbarrancamentos, causados por "instabilidade geológica", quase todos reparados com pedras roliças, implantadas, uma por uma, pelos operários. Fica até bonito, todavia não para motos. Até a DR800 do Atiê corria riscos, imaginem a minha, custom!
Para piorar, sobreveio uma neblina de arrepiar, durante cerca de 45 min, onde andávamos a 20 km/h. Entramos num túnel com pouca iluminacao e a partir da metade dele, NENHUMA iluminação. Foi uma pilotagem às cegas!!! Putz, que sufoco!
Achávamos que o pior havia passado, entretanto não esperávamos a chuva torrencial que caiu sobre nós, sem tempo de colocar roupa de chuva. Agora imaginem, 2 caras motocando por uma estrada asfaltada que a cada 1,5km estava destruída, com reparos de 50 a 100m em pedra arredondada, molhadas pela chuva constante, com o visor do capacete embaçado e molhado, cuidando para não derrapar, nem furar um dos pneus, à velocidade de 10 a 20 km/h, enquanto os caminhões passavam rentes ao nosso lado. Definitivamente, foi um teste para nossa qualidade como pilotos, para nossa determinação como homens e para testar nossa fé, já que nossos Anjos da Guarda tiveram muito trabalho nesse dia!
Como havíamos deixado Cochabamba e o vilarejo por volta das 13h00, rodamos somente 200km até às 16h30. O Atiê detesta pilotar à noite, ainda mais quando a estrada é tão ruim como essa. Chegamos à Villa Tunari, um lugar aprazível, com hotéis bons, restaurantes mais ou menos, com bolivianos muito gentis e amistosos, aliás, como desde que na Bolívia chegamos.
Enfim, há 2 rutas com mesma origem e destino: Ruta 4, onde estamos e a Ruta 7, que desconhecemos sua qualidade. Uma coisa é certa, caso queiram motocar pela 4, não venham com custom, usem preferencialmente uma big trail. Ah! que seja injetada eletronicamente... he he he....
Chegamos à Villa Tunari na reserva dos tanques, tendo o Atiê inclusive usado seu galao. Há 2 postos nessa cidadezinha, ambos com filas quilométricas de carros esperando para abastecer. Percebi que as motinhas da região não obedeciam as filas e entravam ao lado dos primeiros carros. Ora, fui nessa também e rapidinho enchi meu tanque.
Procurei o Atiê na pista e encontrei sua moto estacionada na frente de um restaurante. O cara estava todo posudo numa mesa, bebendo uma Huari geladinha, com meu copo esperando para encher. Que delícia! Almoçamos lá mesmo e nem jantaremos de tanto que comemos.
O Atiê queria um hotel com Internet, para conversar via Skype com sua querida Patty, como sempre faz quando consegue rede wireless. Encontramos um, chamado Les Tucanes. Fica no meio de um bosque, parte da selva amazônica, lado boliviano, ao lado de um rio formado pelas águas cristalinas que descem dos Andes, logo cheio de pedras que rolaram quilometros e quilometros. É do tipo bangalô, muito bem construído, com aposentos confortáveis, piscinas, bom restaurante e a Internet que o Atiê queria. O preço é de 200 bolivianos (cerca de US$ 70,00/apto single). Estou dedilhando aqui e ele logo atrás, conectado wireless com Sampa.
A idéia é chegar em Santa Cruz amanhã à tarde, contratar o trem que nos levará por 600km até a fronteira com o Brasil, motocando os restantes 1.400km até Sampa.
Buenos, por hoje é só. Preciso dormir e descansar para amanhã. Fiquem com Deus!
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Mecca em Cochabamba - Bolívia.
Caros(as) bloguistas, boa noite!
Chegamos a Cochabamba há cerca de 1 hora. Rodamos, até aqui, desde Sampa, 6.047km. Tempo para um bom banho no excelente Hotel Kokusai, na Av. Ayacucho, 552 - F 04-4582486. Tudo em cima, por 160,00 bolivianos, cerca de US$ 23,00. O melhor até aqui.
Bem, como disse antes, saímos de La Paz por volta das 11h50, quer dizer, eu saí nesse horário, já que o Atiê cansou de esperar alguns minutos e saiu na frente dizendo que nos encontraríamos num posto de gasolina, à frente. Tudo bem, terminei o que estava fazendo (instalando a mochila na moto) e saí, antes posando para foto do pessoal do Hotel Tierra Madre que ficaram nossos amigos.
A saída de La Paz é tão complicada quanto a entrada, pois ela fica incrustada num vale redondo (forma de cuia) e a população de menor renda fica na parte alta da cuia. Há uma grande avenida que leva para fora , circulando em torno da cidade até alcançar o alto.
Nao foi fácil sair devido ao trânsito e só consegui colocar gasolina porque um policial me permitiu atravessar a pista contrária. Lá havia um posto e o próximo nem sei quando surgiu. A reserva já estava no final e não podia arriscar.
A moto estava uma M... , falhando de novo, como se nada houvesse sido feito. Senti-me frustrado, mas mesmo assim decidi ir em frente. Não tinha a menor idéia de onde estaria o Atiê. Sabia que seguia o mesmo destino, logo o encontraria à frente, mesmo que depois de muitos kms. O trânsito é infernal com as vans parando no meio das ruas para pegar passageiro. É como se estivéssemos numa imensa e longa 25 de marco, querendo chegar na outra ponta. Foi preciso muita paciência, mas cheguei onde queria, ou seja, a pista que me levaria a Cochabamba.
Lá na frente, seguindo o mesmo rumo encontrei o Atiê e sua moto. Alcancei-o e seguimos juntos até aqui.
Por incrível que pareça, ao subirmos acima dos 4.000m, de novo, a moto ficou uma tetéia, com seu motor cheio e potente. Alcancei velocidades superiores a 130km/h, numa economia de combustível brutal. Certamente ela estava no vapor da gasosa. Estava mais que confirmado que a regulagem dela foi toda feita para o ar rarefeito, mas quando baixássemos ela começaria a falhar e foi o que aconteceu.
Estava muito frio no altiplano boliviano, com mais tráfego que nos altiplanos anteriores. Na primeira parada, peguei a calça de chuva e a coloquei no peito, por dentro do colete. Foi o que ajudou a superar o frio que cortava.
A paisagem contuava a mesma, mudando o colorido dos Andes, que agora apresentava coloração avermelhada, provavelmente oriunda de mineral ferroso. Bonito? Com exceção do colorido, não o achei muito diferente dos demais. Meu elemento de comparação sempre será a travessia Osorno/Chile para Bariloche - Argentina, muito mais bonito, cuidado, sinalizado e com muita neve. As variações dos "morros" também é maior. Daí, minha gente, eu ficar achando que os Andes do Norte não é tao bonito quanto os Andes do Sul. Só isso. Nao se fixem em minhas opiniões, ok?
Expliquei agora ao Atiê que minha moto está bem, mas nao passará dos 100km/h. Disse-lhe para seguir em frente que eu chegaria à minha maneira em Santa Cruz de La Sierra. Ele disse que sua moto também nao está boa e que prefere sigamos juntos até lá. De preferência sem motocar durante a noite e podendo escolher um bom hotel como esse de hoje.
Sairemos amanhã por volta das 09h00 rumo a Sta Cruz de La Sierra.
De lá até o Brasil não tem estrada 100% asfaltada e precisaremos pegar um trem que nos levará até a fronteira. Não sei como se faz isso, mas chegando lá saberei.
Esta noite, em Cochabamba, automaticamente, nos demos um tempo, cada um seguindo para um lado após o banho. Como estou só com o café da manha e a barriga roncando, decidi sair para comer algo. Ao lado do hotel, um político montou um pequeno palco e bandas tocam a toda altura, com um público pequeno e animado assistindo e dançando. Aos fundos, uma feira de artigos de couro, desde sapatos, carteiras e outras cositas.
Estou digitando de uma lan house próxima e sabem quem está ao meu lado, no PC vizinho? O Atiê.... putz!
Fiquem com Deus todos vcs!
Mecca.
Chegamos a Cochabamba há cerca de 1 hora. Rodamos, até aqui, desde Sampa, 6.047km. Tempo para um bom banho no excelente Hotel Kokusai, na Av. Ayacucho, 552 - F 04-4582486. Tudo em cima, por 160,00 bolivianos, cerca de US$ 23,00. O melhor até aqui.
Bem, como disse antes, saímos de La Paz por volta das 11h50, quer dizer, eu saí nesse horário, já que o Atiê cansou de esperar alguns minutos e saiu na frente dizendo que nos encontraríamos num posto de gasolina, à frente. Tudo bem, terminei o que estava fazendo (instalando a mochila na moto) e saí, antes posando para foto do pessoal do Hotel Tierra Madre que ficaram nossos amigos.
A saída de La Paz é tão complicada quanto a entrada, pois ela fica incrustada num vale redondo (forma de cuia) e a população de menor renda fica na parte alta da cuia. Há uma grande avenida que leva para fora , circulando em torno da cidade até alcançar o alto.
Nao foi fácil sair devido ao trânsito e só consegui colocar gasolina porque um policial me permitiu atravessar a pista contrária. Lá havia um posto e o próximo nem sei quando surgiu. A reserva já estava no final e não podia arriscar.
A moto estava uma M... , falhando de novo, como se nada houvesse sido feito. Senti-me frustrado, mas mesmo assim decidi ir em frente. Não tinha a menor idéia de onde estaria o Atiê. Sabia que seguia o mesmo destino, logo o encontraria à frente, mesmo que depois de muitos kms. O trânsito é infernal com as vans parando no meio das ruas para pegar passageiro. É como se estivéssemos numa imensa e longa 25 de marco, querendo chegar na outra ponta. Foi preciso muita paciência, mas cheguei onde queria, ou seja, a pista que me levaria a Cochabamba.
Lá na frente, seguindo o mesmo rumo encontrei o Atiê e sua moto. Alcancei-o e seguimos juntos até aqui.
Por incrível que pareça, ao subirmos acima dos 4.000m, de novo, a moto ficou uma tetéia, com seu motor cheio e potente. Alcancei velocidades superiores a 130km/h, numa economia de combustível brutal. Certamente ela estava no vapor da gasosa. Estava mais que confirmado que a regulagem dela foi toda feita para o ar rarefeito, mas quando baixássemos ela começaria a falhar e foi o que aconteceu.
Estava muito frio no altiplano boliviano, com mais tráfego que nos altiplanos anteriores. Na primeira parada, peguei a calça de chuva e a coloquei no peito, por dentro do colete. Foi o que ajudou a superar o frio que cortava.
A paisagem contuava a mesma, mudando o colorido dos Andes, que agora apresentava coloração avermelhada, provavelmente oriunda de mineral ferroso. Bonito? Com exceção do colorido, não o achei muito diferente dos demais. Meu elemento de comparação sempre será a travessia Osorno/Chile para Bariloche - Argentina, muito mais bonito, cuidado, sinalizado e com muita neve. As variações dos "morros" também é maior. Daí, minha gente, eu ficar achando que os Andes do Norte não é tao bonito quanto os Andes do Sul. Só isso. Nao se fixem em minhas opiniões, ok?
Expliquei agora ao Atiê que minha moto está bem, mas nao passará dos 100km/h. Disse-lhe para seguir em frente que eu chegaria à minha maneira em Santa Cruz de La Sierra. Ele disse que sua moto também nao está boa e que prefere sigamos juntos até lá. De preferência sem motocar durante a noite e podendo escolher um bom hotel como esse de hoje.
Sairemos amanhã por volta das 09h00 rumo a Sta Cruz de La Sierra.
De lá até o Brasil não tem estrada 100% asfaltada e precisaremos pegar um trem que nos levará até a fronteira. Não sei como se faz isso, mas chegando lá saberei.
Esta noite, em Cochabamba, automaticamente, nos demos um tempo, cada um seguindo para um lado após o banho. Como estou só com o café da manha e a barriga roncando, decidi sair para comer algo. Ao lado do hotel, um político montou um pequeno palco e bandas tocam a toda altura, com um público pequeno e animado assistindo e dançando. Aos fundos, uma feira de artigos de couro, desde sapatos, carteiras e outras cositas.
Estou digitando de uma lan house próxima e sabem quem está ao meu lado, no PC vizinho? O Atiê.... putz!
Fiquem com Deus todos vcs!
Mecca.
Mecca em La Paz - Bolivia
Olá amigos e amigas, bom dia.
O trecho entre Cuzco e La Paz, pernoitando em Desaguadero, cidade boliviana, fronteiriça com Desaguadero, cidade peruana, merecerá um capítulo à parte, devido dificuldades diferentes, vividas por mim e pela minha LC1500.
Em resumo, ela já vinha apresentando sintomas de carburação, inclusive em alta rotação, o que não ocorria antes.
Saindo de Desaguadero, depois de passarmos pela Aduana, que fica bem distante da Imigração e polícia de fronteira, chegamos em La Paz, ontem, por volta das 12h00. Ficamos no Hotel Tierra Madre, na Av. 20 de Octobre, 2080, no centro. Bom hotel, o melhor de todos, até aqui e que nos custou a diária equivalente a US$ 27,00 para apto legal, com TV, AF, AQ, água bem quente e ótimo atendimento.
Os jovens funcionários nos orientaram tudo sobre locais de motos, levando-nos às lojas de pneus (Atiê) e a um mecânico (Mecca) que depois de horas trocou velas, limpou carburador, substituiu 2 giclês 100 e 108 por 2 iguais de 100. Como a moto ainda não ficara boa, decidiu regular válvulas, conseguindo o melhor desempenho possível, uma vez que o primeiro cilindro não estava esquentando. Como trabalharia na moto até mais tarde, decidi retornar ao Tierra Madre.
Trouxe-me a moto há pouco. Dei uma volta no quarteirão e me pareceu boa. A estrada será a melhor verificação e depois postarei o que ocorreu.
O nome do mecânico é Ovídio Coaquira, Calle Augustin Ugarte, esquina com Adolfo Gonzalez, F: 591 02 2426255, com email: luism21_@hotmail.com para aqueles que necessitarem de apoio mecânico. Cobrou-me o valor de 295,00 bolivianos, o equivalente a US$ 45,00.
Aqui na Bolívia o povo é gentil e em La Paz muito atencioso, seja no hotel ou no restaurante ou na loja. Os preços são muito bons. O Atiê trocou o pneu traseiro e não conseguiu localizar o da minha moto. Difícil foi conseguir quem o trocasse na moto dele. Seu blog contará o sucedido. É de gargalhar...!
Ontem, à noite, jantamos no restaurante chinês, vizinho ao hotel. Para mim foi ótimo, em qualidade, em quantidade e em preço. Bebemos a cerveja boliviana, muito boa, de marca Huari e comemos prato com camarões fritos, ingredientes vegetais e espaguete, num molho especial. Excelente!
Bem, estamos de saída para Cochabamba, cerca de 500km daqui e o tempo está bom. Creio que será uma boa viagem. O Atiê, logo cedo, está chiando pelos minutos de atraso.
Fiquem com Deus todos vocês!
O trecho entre Cuzco e La Paz, pernoitando em Desaguadero, cidade boliviana, fronteiriça com Desaguadero, cidade peruana, merecerá um capítulo à parte, devido dificuldades diferentes, vividas por mim e pela minha LC1500.
Em resumo, ela já vinha apresentando sintomas de carburação, inclusive em alta rotação, o que não ocorria antes.
Saindo de Desaguadero, depois de passarmos pela Aduana, que fica bem distante da Imigração e polícia de fronteira, chegamos em La Paz, ontem, por volta das 12h00. Ficamos no Hotel Tierra Madre, na Av. 20 de Octobre, 2080, no centro. Bom hotel, o melhor de todos, até aqui e que nos custou a diária equivalente a US$ 27,00 para apto legal, com TV, AF, AQ, água bem quente e ótimo atendimento.
Os jovens funcionários nos orientaram tudo sobre locais de motos, levando-nos às lojas de pneus (Atiê) e a um mecânico (Mecca) que depois de horas trocou velas, limpou carburador, substituiu 2 giclês 100 e 108 por 2 iguais de 100. Como a moto ainda não ficara boa, decidiu regular válvulas, conseguindo o melhor desempenho possível, uma vez que o primeiro cilindro não estava esquentando. Como trabalharia na moto até mais tarde, decidi retornar ao Tierra Madre.
Trouxe-me a moto há pouco. Dei uma volta no quarteirão e me pareceu boa. A estrada será a melhor verificação e depois postarei o que ocorreu.
O nome do mecânico é Ovídio Coaquira, Calle Augustin Ugarte, esquina com Adolfo Gonzalez, F: 591 02 2426255, com email: luism21_@hotmail.com para aqueles que necessitarem de apoio mecânico. Cobrou-me o valor de 295,00 bolivianos, o equivalente a US$ 45,00.
Aqui na Bolívia o povo é gentil e em La Paz muito atencioso, seja no hotel ou no restaurante ou na loja. Os preços são muito bons. O Atiê trocou o pneu traseiro e não conseguiu localizar o da minha moto. Difícil foi conseguir quem o trocasse na moto dele. Seu blog contará o sucedido. É de gargalhar...!
Ontem, à noite, jantamos no restaurante chinês, vizinho ao hotel. Para mim foi ótimo, em qualidade, em quantidade e em preço. Bebemos a cerveja boliviana, muito boa, de marca Huari e comemos prato com camarões fritos, ingredientes vegetais e espaguete, num molho especial. Excelente!
Bem, estamos de saída para Cochabamba, cerca de 500km daqui e o tempo está bom. Creio que será uma boa viagem. O Atiê, logo cedo, está chiando pelos minutos de atraso.
Fiquem com Deus todos vocês!
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Mecca em Machu Picchu - Finalmente!
Bloguistas queridos(as),
Havíamos comprado o pacote por US$ 156,00 por um dia, utilizando: busca no hotel, van até a estação de trem, distante 01h30, trem (padrão médio, pois há 2 outros padrões mais elevados) e van (microbus) até às ruínas. Existe um outro pacote, de 2 dias, com 1 hospedagem, condução, 1 alimentação, por US$ 135,00 e que não utiliza o trem e aquela estrutura de microbus. A chegada a Machu Picchu é mais demorada, seguindo por rodovia até onde o trem chega. Depois vem uma caminhada relativamente longa para se chegar às ruínas.
Acordei às 05h45, claro, frio e tomei o café que o hotel preparou para quem fosse lá. Em seguida chegou um táxi da agência que me apanhou e depois ao Atiê, levando-nos até o primeiro microbus. Havia muitos deles naquela praça, próxima ao mercado e dezenas de turistas aguardando a partida.
Estes microbuses saíram quase em fila indiana em direção ao Pueblo de Machu Picchu, sopé dos Andes, onde esperavam trens que partiram a cada 15 minutos, até esvaziarem a estação.
Segundo informes, a atual linha férrea foi construida no antigo Caminho Sagrado dos Incas, que segue o rio Urubamba por cerca de 40 km, selva a dentro.
As paisagens foram se modificando à medida que avançávamos para o lado da floresta ou selva como o chamam os nativos de Cuzco. Cada vez mais verde e mais bonita, com a pista corcoveando paralelamente ao rio de corredeira constante e os penhascos surgindo à direita e à esquerda, desta vez com vegetação muito verde, diferente daquelas dos desertos e altiplanos.
Uma fina garoa, névoa sobre os picos, aqueles vales profundos e o rio à nossa lateral propiciaram imagens que nos remeteram aos filmes Jurassic Park, onde os dinossauros e seus contemporâneos foram recriados pela genética. Simplesmente maravilhosas as imagens. Espero que minhas fotos tenham ficado boas, uma vez que meu visor está inoperante e não consegui comprar a filmadora digital.
Chegamos ao final da linha férrea e um novo microbus nos esperava. Salvo um pequeno contratempo com o guia que não nos esperava com o ticket de ingresso ao parque e do segundo microbus, contornado, gentilmente, por outra guia que o localizou, a organização foi legal e logo pegávamos o micro.
O microbus foi subindo, se distanciando do rio que ficava cada vez menor, bem como a linha do trem, os vagões que lá estavam e o ar ficando rarefeito, pelo menos para o Atiê. A paisagem continuava nos surpreendendo, cada vez mais linda, muito verde, verdadeira floresta. A estradinha, cavada na lateral dos penhascos, permite somente um micro por vez, logo um dá passagem ao outro.
A primeira visão de Machu Picchu é sensacional, pois ela está incrustada no topo, com um dos seus lados terminando num penhasco vertical de centenas de metros. Aquela imagem ficará gravada em minha mente por muito tempo, de tão espetacular que é.
Cerca de 1/2 hora de subida e chegamos à entrada do parque, onde os guias que atenderam lá em baixo passaram a tarefa para outros mais experientes nas ruínas.
Não perdi uma só palavra do nosso guia, que escreveu um livro versando sobre Machu Picchu. Sua narrativa, creio, um pouquinho mais fantasiosa do que deve ter sido realmente todo aquele passado e acontecimentos, foi fascinante, todo o tempo.
Cada ponto de parada contava com muita história sobre formas, conteúdos, significados para aquele povo: o portal de entrada, sua forma e a única porta que existia naquele local sagrado, onde viviam somente os sacerdotes, estudantes e peregrinos, tendo vivido ali cerca de 700 pessoas residentes e centenas de temporários peregrinos.
Mostrou-nos o recinto do guardião da cidade, ao alto, os armazéns, onde eram recolhidas as oferendas trazidas pelos peregrinos, o alojamento onde ficavam os mesmos, as casa dos residentes, os diversos templos, as escolas, o sistema aqueduto que vinha de muito longe e chegava à cidade, distribuindo a água através de canaletas para diversas direções. Enfim uma cidade muito bem planejada, urbanizada, construída por pedras cortada à base de ferramentas feitas em bronze e hematita, minério que origina o ferro.
Todas as ruínas de casas, templos, armazéns, alojamentos e escolas eram cobertos por uma espécie de sapé, que não podem ser recolocadas para não perderem a originalidade do campo arqueológico, patrimônio da humanidade, conforme a Unesco.
Subindo e descendo por escadarias centenárias, todas em pedra, passávamos vielas e mais vielas, onde pudemos ver, além da cidade urbana em si, os famosos degraus onde se cultivavam os diversos produtos agrícolas dos Incas, não incluindo o arroz. O guia, em sua narrativa, parecia encantado com a curiosidade e atenção que lhe dispensavam seus clientes. Ele se entusiasmava e descrevia tudo como se tivesse vivido naquele tempo, diferentemente dos nossos pequenos guias do NE, que dissertam as informações puramente decoradas e sem emoções, claro.
Chegamos ao topo da pirâmide que toda a cidade e seus degraus agrícolas formam. Lá está a pedra mais importante para os Incas. Uma rocha entalhada, mostrando o N geográfico e o N magnético de forma inconfundível e mensurados diversas vezes. Mostra os pontos geográficos e o equinócio, formado por cantos também entalhados de forma precisa, com ângulos comprovados.
Era, além de um ponto energético poderoso para os sacerdotes, um observatório astronômico. Ensinou-nos a forma de nos reenergizar, sem encostar as mãos naquela rocha (tem fiscais que apitam quando alguém faz algo não permitido). Logo após, começou a descer, sempre narrando a história daquele povo que abandonou aquela cidade sagrada, levando seus tesouros, seus símbolos e sua história, sem que fosse invadida pelos espanhóis que chegaram perto e não a encontraram.
Com o tempo, a floresta invadiu a cidade encobrindo-a, mantendo-a longe dos pesquisadores, curiosos e caçadores de tesouros por séculos, até 1911, quando foi redescoberta pelo americano Hiram Bingham. Bem, a história voces poderão assistir no History Chanell, encontrar no Wickipédia e no Google.
Ao término da caminhada e da agradável descrição histórica da cidade e do povo, seguimos para os microbuses, depois para o trem e, em seguida ao último microbus que nos levou de volta a Cuzco, a verdadeira capital Inca daquele tempo, tomada e alterada muito pelos espanhóis, que destruíram quase todos os símbolos daquele povo adorador do Pai Sol.
Chegamos com muita chuva e cada um de nós seguiu para seu hotel. Já arrumei minhas coisas para logo mais às 06h30 acordar, tomar meu café, acertar as contas e me encontrar com o Atiê na saída da cidade, cerca de 10 km daqui.
Acredito que sairemos sob chuva e frio, mas faz parte da motocada, né mesmo?
Entonces, aqui chegamos como planejado e deixaremos essa agradável cidade de Cuzco, de muitos restaurantes, casas de câmbio, igrejas centenárias, inúmeros táxis e onde se compra muita quinquilharia com os símbolos de então. Creio que a missão foi cumprida e nos resta retornar a Sampa, via Bolívia, sob a qual nada sabemos, pois nem mapa de lá conseguimos na Internet.
Por hoje é só e fiquem com Deus!
Havíamos comprado o pacote por US$ 156,00 por um dia, utilizando: busca no hotel, van até a estação de trem, distante 01h30, trem (padrão médio, pois há 2 outros padrões mais elevados) e van (microbus) até às ruínas. Existe um outro pacote, de 2 dias, com 1 hospedagem, condução, 1 alimentação, por US$ 135,00 e que não utiliza o trem e aquela estrutura de microbus. A chegada a Machu Picchu é mais demorada, seguindo por rodovia até onde o trem chega. Depois vem uma caminhada relativamente longa para se chegar às ruínas.
Acordei às 05h45, claro, frio e tomei o café que o hotel preparou para quem fosse lá. Em seguida chegou um táxi da agência que me apanhou e depois ao Atiê, levando-nos até o primeiro microbus. Havia muitos deles naquela praça, próxima ao mercado e dezenas de turistas aguardando a partida.
Estes microbuses saíram quase em fila indiana em direção ao Pueblo de Machu Picchu, sopé dos Andes, onde esperavam trens que partiram a cada 15 minutos, até esvaziarem a estação.
Segundo informes, a atual linha férrea foi construida no antigo Caminho Sagrado dos Incas, que segue o rio Urubamba por cerca de 40 km, selva a dentro.
As paisagens foram se modificando à medida que avançávamos para o lado da floresta ou selva como o chamam os nativos de Cuzco. Cada vez mais verde e mais bonita, com a pista corcoveando paralelamente ao rio de corredeira constante e os penhascos surgindo à direita e à esquerda, desta vez com vegetação muito verde, diferente daquelas dos desertos e altiplanos.
Uma fina garoa, névoa sobre os picos, aqueles vales profundos e o rio à nossa lateral propiciaram imagens que nos remeteram aos filmes Jurassic Park, onde os dinossauros e seus contemporâneos foram recriados pela genética. Simplesmente maravilhosas as imagens. Espero que minhas fotos tenham ficado boas, uma vez que meu visor está inoperante e não consegui comprar a filmadora digital.
Chegamos ao final da linha férrea e um novo microbus nos esperava. Salvo um pequeno contratempo com o guia que não nos esperava com o ticket de ingresso ao parque e do segundo microbus, contornado, gentilmente, por outra guia que o localizou, a organização foi legal e logo pegávamos o micro.
O microbus foi subindo, se distanciando do rio que ficava cada vez menor, bem como a linha do trem, os vagões que lá estavam e o ar ficando rarefeito, pelo menos para o Atiê. A paisagem continuava nos surpreendendo, cada vez mais linda, muito verde, verdadeira floresta. A estradinha, cavada na lateral dos penhascos, permite somente um micro por vez, logo um dá passagem ao outro.
A primeira visão de Machu Picchu é sensacional, pois ela está incrustada no topo, com um dos seus lados terminando num penhasco vertical de centenas de metros. Aquela imagem ficará gravada em minha mente por muito tempo, de tão espetacular que é.
Cerca de 1/2 hora de subida e chegamos à entrada do parque, onde os guias que atenderam lá em baixo passaram a tarefa para outros mais experientes nas ruínas.
Não perdi uma só palavra do nosso guia, que escreveu um livro versando sobre Machu Picchu. Sua narrativa, creio, um pouquinho mais fantasiosa do que deve ter sido realmente todo aquele passado e acontecimentos, foi fascinante, todo o tempo.
Cada ponto de parada contava com muita história sobre formas, conteúdos, significados para aquele povo: o portal de entrada, sua forma e a única porta que existia naquele local sagrado, onde viviam somente os sacerdotes, estudantes e peregrinos, tendo vivido ali cerca de 700 pessoas residentes e centenas de temporários peregrinos.
Mostrou-nos o recinto do guardião da cidade, ao alto, os armazéns, onde eram recolhidas as oferendas trazidas pelos peregrinos, o alojamento onde ficavam os mesmos, as casa dos residentes, os diversos templos, as escolas, o sistema aqueduto que vinha de muito longe e chegava à cidade, distribuindo a água através de canaletas para diversas direções. Enfim uma cidade muito bem planejada, urbanizada, construída por pedras cortada à base de ferramentas feitas em bronze e hematita, minério que origina o ferro.
Todas as ruínas de casas, templos, armazéns, alojamentos e escolas eram cobertos por uma espécie de sapé, que não podem ser recolocadas para não perderem a originalidade do campo arqueológico, patrimônio da humanidade, conforme a Unesco.
Subindo e descendo por escadarias centenárias, todas em pedra, passávamos vielas e mais vielas, onde pudemos ver, além da cidade urbana em si, os famosos degraus onde se cultivavam os diversos produtos agrícolas dos Incas, não incluindo o arroz. O guia, em sua narrativa, parecia encantado com a curiosidade e atenção que lhe dispensavam seus clientes. Ele se entusiasmava e descrevia tudo como se tivesse vivido naquele tempo, diferentemente dos nossos pequenos guias do NE, que dissertam as informações puramente decoradas e sem emoções, claro.
Chegamos ao topo da pirâmide que toda a cidade e seus degraus agrícolas formam. Lá está a pedra mais importante para os Incas. Uma rocha entalhada, mostrando o N geográfico e o N magnético de forma inconfundível e mensurados diversas vezes. Mostra os pontos geográficos e o equinócio, formado por cantos também entalhados de forma precisa, com ângulos comprovados.
Era, além de um ponto energético poderoso para os sacerdotes, um observatório astronômico. Ensinou-nos a forma de nos reenergizar, sem encostar as mãos naquela rocha (tem fiscais que apitam quando alguém faz algo não permitido). Logo após, começou a descer, sempre narrando a história daquele povo que abandonou aquela cidade sagrada, levando seus tesouros, seus símbolos e sua história, sem que fosse invadida pelos espanhóis que chegaram perto e não a encontraram.
Com o tempo, a floresta invadiu a cidade encobrindo-a, mantendo-a longe dos pesquisadores, curiosos e caçadores de tesouros por séculos, até 1911, quando foi redescoberta pelo americano Hiram Bingham. Bem, a história voces poderão assistir no History Chanell, encontrar no Wickipédia e no Google.
Ao término da caminhada e da agradável descrição histórica da cidade e do povo, seguimos para os microbuses, depois para o trem e, em seguida ao último microbus que nos levou de volta a Cuzco, a verdadeira capital Inca daquele tempo, tomada e alterada muito pelos espanhóis, que destruíram quase todos os símbolos daquele povo adorador do Pai Sol.
Chegamos com muita chuva e cada um de nós seguiu para seu hotel. Já arrumei minhas coisas para logo mais às 06h30 acordar, tomar meu café, acertar as contas e me encontrar com o Atiê na saída da cidade, cerca de 10 km daqui.
Acredito que sairemos sob chuva e frio, mas faz parte da motocada, né mesmo?
Entonces, aqui chegamos como planejado e deixaremos essa agradável cidade de Cuzco, de muitos restaurantes, casas de câmbio, igrejas centenárias, inúmeros táxis e onde se compra muita quinquilharia com os símbolos de então. Creio que a missão foi cumprida e nos resta retornar a Sampa, via Bolívia, sob a qual nada sabemos, pois nem mapa de lá conseguimos na Internet.
Por hoje é só e fiquem com Deus!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Mecca em Cuzco - PE
Em Arequipa não visitamos nada e não nos pareceu merecer melhor pesquisa. Cidade movimentada, com tráfego intenso e motoristas doidões. Só a atravessamos para pegar a rota correta para Cuzco.
Saímos pela manhã, com intenção de chegar a Cuzco com o cair da noite, já que não queríamos pilotar à noite.
Embora tivessem nos confirmado que havia muitos postos de combustíveis, levamos nossos galões reservas cheios. Não precisamos usá-los. A meio caminho, logo após comermos uns biscoitos, já que no posto de abastecimento não havia nada para comer além disso, surgiram algumas nuvens ameacadoras no horizonte, bem na direção por onde passaríamos. Com os pneus bem rodados, deveríamos ter maior cautela ainda nas curvas, caso chovesse. Pior, não chegaríamos em Cuzco como planejado.
Tocamos o barco para aquela direção e fosse o que fosse, não pararíamos, ainda que devagar, até escurecer. Por incrível que pareça, â medida que chegávamos perto da chuva, com o piso já molhado, ela abria um clarão sobre nós. Enfim, não pegamos nenhuma chuva, graças a Deus!
Repentinamente, surgiu uma bifurcação com indicações: Cuzco e Puno. Claro que o Atiê optou por Cuzco e lá foi ele. Estradinha horrível, com buracos e perda de asfalto o tempo todo. Cheguei a pensar em não seguir aquele caminho, pois destruiria minha moto. Depois de uns 15km, seguindo vagarosamente com minha LC, lá vem o Atiê retornando, dizendo que à frente haveria uns 10km de terra. Deveríamos retornar e pegar a estrada para Puno, mais longa, contudo melhor opção. Foi o que fizemos.
Em determinado momento, o piso ficou muito ruim, com longos trechos do asfalto remendados grosseiramente, criando caroços. A moto do Atiê, sendo trail, passava sem dificuldade, enquanto minha LC, custom pesadona, pulava qual cabrito. Não havia como escolher lugar para não pular. Precisei diminuir a velocidade, pois até o meu espelho retrovisor desapertou. Fiquei pensando em um Harleiro passando por ali, sem a rede de coleta de porcas e parafusos recomendada pela fábrica... he he he...
Meu ombro e braços doíam de tanto solavanco e o pescoco comecou a esquentar devido à sobrecarga de peso do capacete sobre ele. Foram muitos kms e muitos palavrões até chegarmos a uma rótula que seguia para Puno e para Cuzco. Durante todo esse tempo não havia visto o Atiê, nem ele a mim pelo seu retrovisor. A diferença de velocidade naquele trecho foi considerável.
Em Siquan, quando eu fazia a rótula, o Atiê saía do posto de lá. Parei a moto, abri o tanque e pedi para encherem. Um careta me disse que meu amigo havia passado por lá e dito que o amigo dele, que o seguia, pagaria os 21,00 soles pelo combustível fornecido. Pensei comigo: O Atiê jamais faria isso. Sabia que ele tinha grana e que me esperaria caso a tivesse perdido. Discordando desse papo furado, nem quis mais abastecer lá e saí à procura de outro, distante uns 3 km.
Toquei para Cusco, já que para mim pilotar de dia ou de noite é a mesma coisa, desde que o piso seja bom. Muitos motociclistas e motoristas detestam pilotar sem a luz do dia. Pelo horário, chegaria à noite. Lá me fui.
Daquele local, Cuzco dista 250 km, certinho. Bom piso, sinalizacao legal, muitas curvas sinalizadas, muitos caminhoes e ônibus, vales férteis e bonita paisagem. Perdi um pouco desse visual pela noite que caiu em seguida. Fui forçado a me acautelar muito pois aqui os motoristas trafegam com farol alto e só baixam a muito custo. Em algumas curvas, era preciso calcular como seria, pois os faróis altos cegavam a ponto de não ver faixas, nem guard rail. Incrível!
Para piorar, a bateria do meu Nextel terminou e perdi contato com o Atiê. Chegando a Cuzco, cidade com piso irregular e à noite, procurei um hotel. Não estava fácil tomar decisões muito cansado. Rodei pelo centro e parei numa esquina para perguntar a um transeunte. Do nada, surgiu a Sra. Marissol, agente que faz tudo, inclusive agencia pacotes, que me levou até o Hotel Casa Grande, antigo e aconchegante hoteleco de US$ 25,00/dia. Fica na Av. Catalina Ancha, 353, quase ao lado da Plaza de Armas ou Plaza Mayor, tel: 005184-245871 e Skype: casagrandelodging e MSN casagrandelodging@hotmail.com . Tem estacionamento para motos em seu pátio.
Confesso que meu cansaco foi superior a todos os outros dias. Nada a ver com altitude, já que a percebo bem menos que o Atiê, mas a tensão, o sobe e desce em curvas e mais curvas, a falta de alimentação (não havíamos almoçado, além de uns biscoitos comidos em um dos postos) fez-me, novamente, adorar aquele quartinho, onde pude me banhar e trocar de roupa. Só hoje, domingo, encontrei o Atiê, após contato via Nextel.
No hotel que estou, está hospedado um alemao que chegou dos EUA com sua KTM 990. Está viajando há meses e deverá chegar a Sao Paulo pelo dia 24/02/2009, depois de passar o carnaval no RJ. Ele estará com 2 adesivos do BV-MC em suas malas laterais.
Não houve tempo hábil para contratar a ida a Machu Picchu neste dia. Decidimos passear pela cidade, fotografando o que pudéssemos e comprando algumas quinquilharias, já que nas motos não cabem nem agulhas.
Andando pela cidade, podemos ver que é muito bem construída, com dezenas de prédios muito antigos, grandes construções, muitas lojinhas e um mercado incrível. O Atiê fez fotografias que deixarão muitos boquiabertos. Uma senhora, trajada tipicamente, destrinchava um pernil assado, com facão, pegando com mesma mão a carne que punha num pratinho e o dinheiro que recebia. Havia fila de espera!!!!!!!! Este foi só um exemplo do que produz o fator cultural entre os povos. Para eles tão natural e para nós um escândalo.
O Atiê comprou um gorro peludo, que também tapa as orelhas, e circulou todo faceiro pelas redondezas, com a cuca aquecida.
Depois de dezenas de fotos e pesquisa de preços com pouca compra, fomos almoçar, desta vez, num bom restaurante. Dormimos um pouco à tarde e nos encontramos de novo umas 4 horas depois, quando contratamos a ida a Machu Picchu amanhã cedo. Acordaremos às 05h45, tomaremos o desayuno e seguiremos para o trem, que sai por volta das 06h45.
Nossas câmeras estão carregando suas baterias para fazermos muitas fotos daqueles locais.
Pessoal, todo esse esquema de visita a Machu Picchu está nas mãos de empresários chilenos que cobram o que querem. Total por pessoa = US$ 156,00. Inclui trem, van e ingresso no parque. Bem, vir a Cuzco e não visitar Machu Picchu é como ir a Roma e não ver o Papa em sua janela. Assim, morremos com essa graninha...
Falando de motos: A do Atiê continua a mesma. Depois que pega, vai até onde ele quer. A minha começa a dar sinais de carburação inadequada (velas sujas, entupimento ou coisa que o valha), pois começa a ratear em alta rotação, também. Em dados momentos, ela fica num só pistão e preciso reduzir a marcha provocando reversão. Em seguida ela retorna ao normal. Até quando conseguirei contornar isso?
Espero que em La Paz - Bolívia encontre algum mecânico para fazer uma nova limpeza de carburadores com trocas de velas. Se encontrar giclê maior que o 100 que tenho nela, por exemplo, 120 ou 125, eu o instalarei para chegar ao Brasil. Ela consumirá mais, diminuirá o desempenho na altitude, mas deverá girar mais redondinho por mais tempo.
Era só por hoje. Fiquem com Deus!
Saímos pela manhã, com intenção de chegar a Cuzco com o cair da noite, já que não queríamos pilotar à noite.
Embora tivessem nos confirmado que havia muitos postos de combustíveis, levamos nossos galões reservas cheios. Não precisamos usá-los. A meio caminho, logo após comermos uns biscoitos, já que no posto de abastecimento não havia nada para comer além disso, surgiram algumas nuvens ameacadoras no horizonte, bem na direção por onde passaríamos. Com os pneus bem rodados, deveríamos ter maior cautela ainda nas curvas, caso chovesse. Pior, não chegaríamos em Cuzco como planejado.
Tocamos o barco para aquela direção e fosse o que fosse, não pararíamos, ainda que devagar, até escurecer. Por incrível que pareça, â medida que chegávamos perto da chuva, com o piso já molhado, ela abria um clarão sobre nós. Enfim, não pegamos nenhuma chuva, graças a Deus!
Repentinamente, surgiu uma bifurcação com indicações: Cuzco e Puno. Claro que o Atiê optou por Cuzco e lá foi ele. Estradinha horrível, com buracos e perda de asfalto o tempo todo. Cheguei a pensar em não seguir aquele caminho, pois destruiria minha moto. Depois de uns 15km, seguindo vagarosamente com minha LC, lá vem o Atiê retornando, dizendo que à frente haveria uns 10km de terra. Deveríamos retornar e pegar a estrada para Puno, mais longa, contudo melhor opção. Foi o que fizemos.
Em determinado momento, o piso ficou muito ruim, com longos trechos do asfalto remendados grosseiramente, criando caroços. A moto do Atiê, sendo trail, passava sem dificuldade, enquanto minha LC, custom pesadona, pulava qual cabrito. Não havia como escolher lugar para não pular. Precisei diminuir a velocidade, pois até o meu espelho retrovisor desapertou. Fiquei pensando em um Harleiro passando por ali, sem a rede de coleta de porcas e parafusos recomendada pela fábrica... he he he...
Meu ombro e braços doíam de tanto solavanco e o pescoco comecou a esquentar devido à sobrecarga de peso do capacete sobre ele. Foram muitos kms e muitos palavrões até chegarmos a uma rótula que seguia para Puno e para Cuzco. Durante todo esse tempo não havia visto o Atiê, nem ele a mim pelo seu retrovisor. A diferença de velocidade naquele trecho foi considerável.
Em Siquan, quando eu fazia a rótula, o Atiê saía do posto de lá. Parei a moto, abri o tanque e pedi para encherem. Um careta me disse que meu amigo havia passado por lá e dito que o amigo dele, que o seguia, pagaria os 21,00 soles pelo combustível fornecido. Pensei comigo: O Atiê jamais faria isso. Sabia que ele tinha grana e que me esperaria caso a tivesse perdido. Discordando desse papo furado, nem quis mais abastecer lá e saí à procura de outro, distante uns 3 km.
Toquei para Cusco, já que para mim pilotar de dia ou de noite é a mesma coisa, desde que o piso seja bom. Muitos motociclistas e motoristas detestam pilotar sem a luz do dia. Pelo horário, chegaria à noite. Lá me fui.
Daquele local, Cuzco dista 250 km, certinho. Bom piso, sinalizacao legal, muitas curvas sinalizadas, muitos caminhoes e ônibus, vales férteis e bonita paisagem. Perdi um pouco desse visual pela noite que caiu em seguida. Fui forçado a me acautelar muito pois aqui os motoristas trafegam com farol alto e só baixam a muito custo. Em algumas curvas, era preciso calcular como seria, pois os faróis altos cegavam a ponto de não ver faixas, nem guard rail. Incrível!
Para piorar, a bateria do meu Nextel terminou e perdi contato com o Atiê. Chegando a Cuzco, cidade com piso irregular e à noite, procurei um hotel. Não estava fácil tomar decisões muito cansado. Rodei pelo centro e parei numa esquina para perguntar a um transeunte. Do nada, surgiu a Sra. Marissol, agente que faz tudo, inclusive agencia pacotes, que me levou até o Hotel Casa Grande, antigo e aconchegante hoteleco de US$ 25,00/dia. Fica na Av. Catalina Ancha, 353, quase ao lado da Plaza de Armas ou Plaza Mayor, tel: 005184-245871 e Skype: casagrandelodging e MSN casagrandelodging@hotmail.com . Tem estacionamento para motos em seu pátio.
Confesso que meu cansaco foi superior a todos os outros dias. Nada a ver com altitude, já que a percebo bem menos que o Atiê, mas a tensão, o sobe e desce em curvas e mais curvas, a falta de alimentação (não havíamos almoçado, além de uns biscoitos comidos em um dos postos) fez-me, novamente, adorar aquele quartinho, onde pude me banhar e trocar de roupa. Só hoje, domingo, encontrei o Atiê, após contato via Nextel.
No hotel que estou, está hospedado um alemao que chegou dos EUA com sua KTM 990. Está viajando há meses e deverá chegar a Sao Paulo pelo dia 24/02/2009, depois de passar o carnaval no RJ. Ele estará com 2 adesivos do BV-MC em suas malas laterais.
Não houve tempo hábil para contratar a ida a Machu Picchu neste dia. Decidimos passear pela cidade, fotografando o que pudéssemos e comprando algumas quinquilharias, já que nas motos não cabem nem agulhas.
Andando pela cidade, podemos ver que é muito bem construída, com dezenas de prédios muito antigos, grandes construções, muitas lojinhas e um mercado incrível. O Atiê fez fotografias que deixarão muitos boquiabertos. Uma senhora, trajada tipicamente, destrinchava um pernil assado, com facão, pegando com mesma mão a carne que punha num pratinho e o dinheiro que recebia. Havia fila de espera!!!!!!!! Este foi só um exemplo do que produz o fator cultural entre os povos. Para eles tão natural e para nós um escândalo.
O Atiê comprou um gorro peludo, que também tapa as orelhas, e circulou todo faceiro pelas redondezas, com a cuca aquecida.
Depois de dezenas de fotos e pesquisa de preços com pouca compra, fomos almoçar, desta vez, num bom restaurante. Dormimos um pouco à tarde e nos encontramos de novo umas 4 horas depois, quando contratamos a ida a Machu Picchu amanhã cedo. Acordaremos às 05h45, tomaremos o desayuno e seguiremos para o trem, que sai por volta das 06h45.
Nossas câmeras estão carregando suas baterias para fazermos muitas fotos daqueles locais.
Pessoal, todo esse esquema de visita a Machu Picchu está nas mãos de empresários chilenos que cobram o que querem. Total por pessoa = US$ 156,00. Inclui trem, van e ingresso no parque. Bem, vir a Cuzco e não visitar Machu Picchu é como ir a Roma e não ver o Papa em sua janela. Assim, morremos com essa graninha...
Falando de motos: A do Atiê continua a mesma. Depois que pega, vai até onde ele quer. A minha começa a dar sinais de carburação inadequada (velas sujas, entupimento ou coisa que o valha), pois começa a ratear em alta rotação, também. Em dados momentos, ela fica num só pistão e preciso reduzir a marcha provocando reversão. Em seguida ela retorna ao normal. Até quando conseguirei contornar isso?
Espero que em La Paz - Bolívia encontre algum mecânico para fazer uma nova limpeza de carburadores com trocas de velas. Se encontrar giclê maior que o 100 que tenho nela, por exemplo, 120 ou 125, eu o instalarei para chegar ao Brasil. Ela consumirá mais, diminuirá o desempenho na altitude, mas deverá girar mais redondinho por mais tempo.
Era só por hoje. Fiquem com Deus!
Mecca em Arequipa - PE
Como previsto, fomos â zona franca de Tacna para troca de pneus e nao os encontramos. Todos diziam que lá tinha tudo de motos e nao é verdade. Parece mais um grande centro distribuidor de automóveis e uma única empresa chinesa de motos pequenas. Pura perda de tempo.
Saímos de Tacna pouco antes do almoco e rumamos para Arequipa, chegando pouco antes do escurecer. O trajeto, como sempre, é de um visual bonito, diferente do que costumamos ver nas viagens no Brasil, todavia nao diferencia muito dos trajetos anteriores. Â medida que se ruma ao norte do Perú, a paisagem dos penhascos muda de tonalidade, comecam a ser coberto por alguma vegetacao e os vales sao preparados para plantacoes diversas, tornando o ambiente menos árido, mais contratante e mais bonito. A avenida que leva à cidade é muito movimentada e o trânsito é doidao. Decidimos nao entrar e nos hospedamos próximo da rodoviária. A gripe havia me pegado e a tosse me incomodou durante todo o trajeto. Sentia-me cansado, em decorrência. O hoteleco de custo muito reduzido, cerca de R$ 25,00, parecia-me um 5 estrelas, pois queria tomar um banho e dormir. Foi o que fiz.
Embora nao devesse falar de motos, pois nao esperávamos problemas, a moto do Atiê continuou com apagamentos e demora para arrancar. Bateria boa, mas o motor nao pegava. Diferente de antes, quando o motor pegava e nao alcancava rotacao para arrancar. Isto tem dado um stress nele, pois passou 2 meses preparando a moto para a viagem. Mesmo assim, ela acabava pegando e lá íamos.
Manha seguinte, sábado, saída pela manha, rumo a Cuzco, chegando lá, se possível.
Fiquem com Deus!
Saímos de Tacna pouco antes do almoco e rumamos para Arequipa, chegando pouco antes do escurecer. O trajeto, como sempre, é de um visual bonito, diferente do que costumamos ver nas viagens no Brasil, todavia nao diferencia muito dos trajetos anteriores. Â medida que se ruma ao norte do Perú, a paisagem dos penhascos muda de tonalidade, comecam a ser coberto por alguma vegetacao e os vales sao preparados para plantacoes diversas, tornando o ambiente menos árido, mais contratante e mais bonito. A avenida que leva à cidade é muito movimentada e o trânsito é doidao. Decidimos nao entrar e nos hospedamos próximo da rodoviária. A gripe havia me pegado e a tosse me incomodou durante todo o trajeto. Sentia-me cansado, em decorrência. O hoteleco de custo muito reduzido, cerca de R$ 25,00, parecia-me um 5 estrelas, pois queria tomar um banho e dormir. Foi o que fiz.
Embora nao devesse falar de motos, pois nao esperávamos problemas, a moto do Atiê continuou com apagamentos e demora para arrancar. Bateria boa, mas o motor nao pegava. Diferente de antes, quando o motor pegava e nao alcancava rotacao para arrancar. Isto tem dado um stress nele, pois passou 2 meses preparando a moto para a viagem. Mesmo assim, ela acabava pegando e lá íamos.
Manha seguinte, sábado, saída pela manha, rumo a Cuzco, chegando lá, se possível.
Fiquem com Deus!
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Meccao em Tacna ' Perú
Gente boa, boa noite!
Estamos em Tacna ' PE, onde chegamos há cerca de 1 hora. A acentuacao ficará horrível, mas vcs me compreenderao, certo. Como digito de improviso, precisarei revisar todo o blog em breve, inserindo fotos e outros comentários esquecidos por enquanto e que as fotos me lembrarao.
Ontem aa noite, por volta das 18h00, o mecanico terminou a moto do Atie e pegou a minha. Trocou velas e limpou o carburador, mantendo os mesmo gicles que já havia na moto. Terminou por volta das 21h00.
O combustível que temos usado ao longo dessas estradas é muito variado e há aqueles batizados, que prejudicam o rendimento de qualquer veículo, principalmente motos carburadas. Mesmo depois de testar, o próprio mecanico acreditava que deveríamos trocar um gicle por um mais aberto.
Decidi testar na estrada hoje de manha e se ficasse ruim, eu retornaria para a troca. Nao foi preciso. A moto ficou boa como antes da viagem, inclusive melhorando o desempenho nas cidades. A economia continua a mesma. Normalmente está fazendo entre 16 e 17 km-l, funcionando como um relogio.
A moto do Atie que foi testada por ele, achando que ficou ótima, como qdo saiu de Sampa, já nao pegou de manha e continua com problemas de partida sempre que para. O problema é bem menor que antes e a moto está andando muito bem. Acho que nao mais falaremos de crises em motos... he he he...
Saímos de Calama-Chile hoje por volta das 09h00, rumando para Iquique ou Arica, dependendo do combustível, já que poderíamos ter trecho muito longo sem postos. Mais uma vez, nao me lembro do Mazzo observar isso em seu blog, mas eu chamo atencao disso a todos vcs. Reservem lugar para 1 ou 2 galoes de 5 litros de gasolina, se a moto tiver autonomia menor que 180km. Por 3 vezes usei ambos os galoes, caso contrário ficaria na estrada.
Bem, antes de chegarmos no entroncamento para chegar a Iquique, que é litoral, distante 45km na ida e 45km na volta para pegar a estrada de novo, a cerca de 100km de Calama, paramos em um povoado aa beira da estrada, enchemos o tanque mais os 2 galoes meus e 1 do Atie. Consegui encontrar um coroa, dono de mercadinho, pilantra aa beca, que me trocou 50 dolares bem abaixo da cotacao, alegando falta de banco na regiao. Tudo pela Pátria...
Rumamos direto a Arica, sem passar por Iquique. A paisagem nao muda em quase nada. É uma sequencia de morros secos, arenosos, sem vegetacao, quase uma paisagem lunar, com grandes vales. Hoje conseguimos encontrar um oásis no meio daquele desertao. É outro lugar que nao consta em relatos, aparece no GPS do Atie como tendo um posto gasolina e o que encontramos foi um armazenzinho, onde um veínho quietao vende gasolina pelo dobro do preco. Eu nao precisei, mas o Atie comprou 5 litros chiando pelo preco, claro. Aquele oásis é a coisa mais interessante. Parece um povoado, com praca, prefeitura, corpo de bombeiros, dentro de uma vale todo verdejante, com rio interno, pouca populacao e quase todos velhos. Os jovens precisam sair da cidade para encontrar emprego. A chegada das motos naquele armazem motivou que alguns outros velhinhos das proximidades viessem comprar ou visitar a dona da lojinha.... he he he....
A estrada sobe e desce, enrola e desenrola, poucos veículos e um bom frio pela manha. Sei que seria bom as fotos, mas nao tenho tido tempo. A gente chega, corre para o banho, comer alguma coisa e dedilhar na Internet por alguns minutos e só. O cansaco bate e eu quero dormir.
Antes de chegarmos em Arica, o Atie parou para almocar e eu para comprar picolé e refrigerante, pois tinha mais sede que fome. Chegando em Arica, abastecemos e completamos os galoes de novo, pois de Arica até Tacna, já no Perú, nao há abstecimento e sao cerca de 260km. Rodados 150km, mais ou menos, paramos para comer um lanche e aproveitamos para completar os tanques com os galoes. Foi a conta para chegar a Tacna, onde estamos.
No meio do caminho entre Arica e Tacna, minha camera terminou a bateria e nao pude mais fotografar como vinha fazendo. Fiquei frustrado, já que aquela estrada cortando a beirola daqueles morros arenosos, altos, secos, escuros aa esquerda e vales profundos de centenas de metros aa beira da estrada, muitos trechos sem guard rail é uma visao fantástica. De repente, a gente entra em um vale, onde os paredoes crescem a centenas de metros aa nossa direita e esquerda, fazendo com que nos sintamos formigas. É o momento para se refletir por que tanto ego, por que tanta demagogia, por que tanta mentira para esconder o que somos de verdade e para ressaltar o que, definitivamente, nao somos.... Isso a gente ve todo dia, nao é mesmo...
Chegamos a Tacna. já anoitecendo e precisamos encontrar hotel. Sao muitos, mas todos baratos e sem conforto e sem garagem para motos. Loucura deixar motos na rua. Entrei no Plaza Hotel, bem no centro e ficamos nele, por 60 soles cada. 1,00 US$ equivale a 3,8 soles. O apartamente, mesmo nao tendo AC e ser antigo, com canalizacao velha e sem pressao, é muito confortável. Precisávamos disso.
Colocamos as motos na garagem, tomamos um banho, estou teclando para vcs e o Atie está fumando um charuto na porta da frente, me esperando para irmos jantar.
Por mais amigos, irmaos mesmo, que sejamos, há momentos em que o stress bate, o sangue sobe e se nao se segurar a lingua, acaba se falando M... prejudicando um relacionamento bom, respeitável e fraterno. Alguém precisa segurar o facho quando o outro derrapa. As vezes, um descanso num jantar, numa saída para visitar lugares, sabem, aquele tempo tao famoso, deve prevalecer durante essas viagens tao longas, onde os abstáculos surgem de repente.
Viajantes de moto, homens, nao sao casais, que precisam estar de maos dadas o tempo todo sempre que descem das motos ou chegam aas cidades. Cada um tem suas manias e exercitá las sempre ajuda na tocada de viagens longas. Novamente, menciono isso para que saibam e se acautelem na preparacao, no grupo, na escolha do itinerário, no tempo que levarao para saída e chegada a Sampa, visando nao ter que suprimir etapas legais pela pressa na chegada.
Acreditem, dificuldades surgirao com as motos ou com o grupo, em termos de saúde, preocupacoes com o que deixaram na origem da viagem, compromissos assumidos dentro de uma previsao de chegada que nao conta com tais problemas. Tudo isso gera desgaste ou stress. Daí, programar muito bem, nao é coisa de coxinha, nem de motociclista novato. Todos precisamos saber o que queremos, o que pretendemos e o que dispomos em termos de tempo e recursos. Pensem bem e aproveitem o máximo das viagens, sempre tao maravilhosas.
Ainda nao sei o que farei amanha, mas gostaria de ficar esse dia aqui em Tacna, antes de sair. Aqui tem uma zona franca e poderei trocar meu pneu traseiro por preco bom. Quem sabe comprar uma camera digital que nao consegui em Ciudad del Leste...
Well, por hoje é só. Fiquei contente pois o Nextel já está funcionando aqui no Perú, depois de todo o silencio desde a saída. Está carregando a abteria agora, junto com minha velha Sony T3.
Fiquem com Deus.
Mecca.
Estamos em Tacna ' PE, onde chegamos há cerca de 1 hora. A acentuacao ficará horrível, mas vcs me compreenderao, certo. Como digito de improviso, precisarei revisar todo o blog em breve, inserindo fotos e outros comentários esquecidos por enquanto e que as fotos me lembrarao.
Ontem aa noite, por volta das 18h00, o mecanico terminou a moto do Atie e pegou a minha. Trocou velas e limpou o carburador, mantendo os mesmo gicles que já havia na moto. Terminou por volta das 21h00.
O combustível que temos usado ao longo dessas estradas é muito variado e há aqueles batizados, que prejudicam o rendimento de qualquer veículo, principalmente motos carburadas. Mesmo depois de testar, o próprio mecanico acreditava que deveríamos trocar um gicle por um mais aberto.
Decidi testar na estrada hoje de manha e se ficasse ruim, eu retornaria para a troca. Nao foi preciso. A moto ficou boa como antes da viagem, inclusive melhorando o desempenho nas cidades. A economia continua a mesma. Normalmente está fazendo entre 16 e 17 km-l, funcionando como um relogio.
A moto do Atie que foi testada por ele, achando que ficou ótima, como qdo saiu de Sampa, já nao pegou de manha e continua com problemas de partida sempre que para. O problema é bem menor que antes e a moto está andando muito bem. Acho que nao mais falaremos de crises em motos... he he he...
Saímos de Calama-Chile hoje por volta das 09h00, rumando para Iquique ou Arica, dependendo do combustível, já que poderíamos ter trecho muito longo sem postos. Mais uma vez, nao me lembro do Mazzo observar isso em seu blog, mas eu chamo atencao disso a todos vcs. Reservem lugar para 1 ou 2 galoes de 5 litros de gasolina, se a moto tiver autonomia menor que 180km. Por 3 vezes usei ambos os galoes, caso contrário ficaria na estrada.
Bem, antes de chegarmos no entroncamento para chegar a Iquique, que é litoral, distante 45km na ida e 45km na volta para pegar a estrada de novo, a cerca de 100km de Calama, paramos em um povoado aa beira da estrada, enchemos o tanque mais os 2 galoes meus e 1 do Atie. Consegui encontrar um coroa, dono de mercadinho, pilantra aa beca, que me trocou 50 dolares bem abaixo da cotacao, alegando falta de banco na regiao. Tudo pela Pátria...
Rumamos direto a Arica, sem passar por Iquique. A paisagem nao muda em quase nada. É uma sequencia de morros secos, arenosos, sem vegetacao, quase uma paisagem lunar, com grandes vales. Hoje conseguimos encontrar um oásis no meio daquele desertao. É outro lugar que nao consta em relatos, aparece no GPS do Atie como tendo um posto gasolina e o que encontramos foi um armazenzinho, onde um veínho quietao vende gasolina pelo dobro do preco. Eu nao precisei, mas o Atie comprou 5 litros chiando pelo preco, claro. Aquele oásis é a coisa mais interessante. Parece um povoado, com praca, prefeitura, corpo de bombeiros, dentro de uma vale todo verdejante, com rio interno, pouca populacao e quase todos velhos. Os jovens precisam sair da cidade para encontrar emprego. A chegada das motos naquele armazem motivou que alguns outros velhinhos das proximidades viessem comprar ou visitar a dona da lojinha.... he he he....
A estrada sobe e desce, enrola e desenrola, poucos veículos e um bom frio pela manha. Sei que seria bom as fotos, mas nao tenho tido tempo. A gente chega, corre para o banho, comer alguma coisa e dedilhar na Internet por alguns minutos e só. O cansaco bate e eu quero dormir.
Antes de chegarmos em Arica, o Atie parou para almocar e eu para comprar picolé e refrigerante, pois tinha mais sede que fome. Chegando em Arica, abastecemos e completamos os galoes de novo, pois de Arica até Tacna, já no Perú, nao há abstecimento e sao cerca de 260km. Rodados 150km, mais ou menos, paramos para comer um lanche e aproveitamos para completar os tanques com os galoes. Foi a conta para chegar a Tacna, onde estamos.
No meio do caminho entre Arica e Tacna, minha camera terminou a bateria e nao pude mais fotografar como vinha fazendo. Fiquei frustrado, já que aquela estrada cortando a beirola daqueles morros arenosos, altos, secos, escuros aa esquerda e vales profundos de centenas de metros aa beira da estrada, muitos trechos sem guard rail é uma visao fantástica. De repente, a gente entra em um vale, onde os paredoes crescem a centenas de metros aa nossa direita e esquerda, fazendo com que nos sintamos formigas. É o momento para se refletir por que tanto ego, por que tanta demagogia, por que tanta mentira para esconder o que somos de verdade e para ressaltar o que, definitivamente, nao somos.... Isso a gente ve todo dia, nao é mesmo...
Chegamos a Tacna. já anoitecendo e precisamos encontrar hotel. Sao muitos, mas todos baratos e sem conforto e sem garagem para motos. Loucura deixar motos na rua. Entrei no Plaza Hotel, bem no centro e ficamos nele, por 60 soles cada. 1,00 US$ equivale a 3,8 soles. O apartamente, mesmo nao tendo AC e ser antigo, com canalizacao velha e sem pressao, é muito confortável. Precisávamos disso.
Colocamos as motos na garagem, tomamos um banho, estou teclando para vcs e o Atie está fumando um charuto na porta da frente, me esperando para irmos jantar.
Por mais amigos, irmaos mesmo, que sejamos, há momentos em que o stress bate, o sangue sobe e se nao se segurar a lingua, acaba se falando M... prejudicando um relacionamento bom, respeitável e fraterno. Alguém precisa segurar o facho quando o outro derrapa. As vezes, um descanso num jantar, numa saída para visitar lugares, sabem, aquele tempo tao famoso, deve prevalecer durante essas viagens tao longas, onde os abstáculos surgem de repente.
Viajantes de moto, homens, nao sao casais, que precisam estar de maos dadas o tempo todo sempre que descem das motos ou chegam aas cidades. Cada um tem suas manias e exercitá las sempre ajuda na tocada de viagens longas. Novamente, menciono isso para que saibam e se acautelem na preparacao, no grupo, na escolha do itinerário, no tempo que levarao para saída e chegada a Sampa, visando nao ter que suprimir etapas legais pela pressa na chegada.
Acreditem, dificuldades surgirao com as motos ou com o grupo, em termos de saúde, preocupacoes com o que deixaram na origem da viagem, compromissos assumidos dentro de uma previsao de chegada que nao conta com tais problemas. Tudo isso gera desgaste ou stress. Daí, programar muito bem, nao é coisa de coxinha, nem de motociclista novato. Todos precisamos saber o que queremos, o que pretendemos e o que dispomos em termos de tempo e recursos. Pensem bem e aproveitem o máximo das viagens, sempre tao maravilhosas.
Ainda nao sei o que farei amanha, mas gostaria de ficar esse dia aqui em Tacna, antes de sair. Aqui tem uma zona franca e poderei trocar meu pneu traseiro por preco bom. Quem sabe comprar uma camera digital que nao consegui em Ciudad del Leste...
Well, por hoje é só. Fiquei contente pois o Nextel já está funcionando aqui no Perú, depois de todo o silencio desde a saída. Está carregando a abteria agora, junto com minha velha Sony T3.
Fiquem com Deus.
Mecca.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Meccão em Calama - Chile
Pessoal, depois de dormirmos num acampamento, em bangalôs, onde foi preciso usar o spray anti mau cheiro (já falei sobre ele), decidimos subir a serra em direção ao Paso de Jama. A parte incial da estrada é legal, com muitas curvas, várias inclinadas e curtas. Consegui fazer boas fotos e as colocarei tao logo tenhamos mais tempo para a Internet. Durante muito tempo, somente ouvi o ronco da moto e o vento pelas frestas do capacete. A estrada ficava literalmente vazia, destinada quase exclusivamente a mim.
Havíamos enchido o tanque em Volcan, cerca de 70 km depois de Jujuy e deveríamos completar o tanque em Susques e no próximo, em Jama, já que o GPS do Atie diz que há um posto lá. Por via das dúvidas, enchi um galão de 4 litros em Volcan e saímos.
A moto do Atie não podia parar ou baixar a rotação, caso contrario apagava. Foi um sufoco essa insegurança: Chegaremos ou nao? Foi assim o tempo todo, em curvas de baixa, lá estava o Atie paradão. A moto pegava, mas em baixa rotação, insuficiente para arrancar. Depois de alguns minutos e muita paciencia, ele conseguia que ela arrancasse.
O Atie, para não parar a moto, quando ela ficava boa para partir, ele desaparecia, conforme nosso acordo, e nos encontrávamos no próximo reabastecimento.
Em Susques, depois de rodarmos 157km, completamos os tanques das motos e fomos almoçar. Ao encostarmos as motos, percebi que o Atie nao estava bem e ele confirmou que estava muito cansado e com falta de ar. Entramos no restaurante Kiwicha e a dona, Paula, muito simpática conosco, pediu que sua garçonete acompanhasse o Atie ao posto de saúde, onde ele ficou inalando oxigenio puro por uns minutos, até se recobrar. Voltando ao restaurante, o Atie nao quis almoçar pois estava sem fome, acreditam? Continuava sentindo os efeitos do ar rarefeito.
Cabe uma pequena explanação: Eu não senti os efeitos da mesma forma que o Atie, embora me sentisse meio estranho, com pequena sonolencia. No restaurante do El Refúgio, eu havia jantado carne de gado e o Atie também, só que ele estava muito contente pelo papo todo que ele havia tido com a Pathy, durante o qual ele bebeu mais vinho do que devia. Isto afetou sua resistencia física. Então, comer pouco, beber somente liquido sem gás e nada de álcool é fator fundamental para uma subida sem maiores problemas. Caso contrário, os sintomas mais conhecidos são a sensação de sonolencia, cansaço, corpo pesado, náuseas e dor de cabeca frontal ou lateral intensas, além da possibilidade de embolias fatais. Segundo indicações médicas, constantes no blog do Miguel Ángel - Jujuy, deve-se dormir bem na noite anterior e beber muita água, além de comer caramelos durante a viagem. Há quem recomende mascar folha de coca, mas...
No Kiwicha, a Paula sugeriu e deu uma cebola cortada para colocar no local do filtro de ar. Eu já havia sido orientado sobre isso no passado, mas não me lembrava mais. Parece brincadeira, mas a moto ficou muito mais esperta, arrancando com menos dificuldade. Soubemos que o próximo posto seria em San Pedro de Atacama e não no Passo de Jama, como previsto no GPS do Atie. Enchi mais um galão de 4 litros (total 7 litros reserva) e o Atie um galão com 3 litros. Foi o que nos salvou, pois deu na conta. Eu cheguei na reserva e o Atie apagou a moto no posto de San Pedro de Atacama!!!
Bem, tirando os sustos, dificuldades mecanicas e de saúde, essa ida ao Chile pelo Passo de Jama é para motociclistas experientes, determinados e preparados para sofrer reveses de toda sorte. Sem sombra de dúvida tem foi e, creio será, a travessia mais difícil feita por mim. Em dado momento, veio à minha mente: Putz, o que eu estou fazendo aqui? Sério!
Claro que se o camarada for com uma motona injetada, tanque super, calefação nas manoplas, ar quente injetando etc e tal, essa travessia poderá ser sopa, pois as pistas são muito boas e bem sinalizadas. Qualquer moto carburada precisará estar preparada com giclê menor e carburação perfeita para ar rarefeito, caso contrário a mistura ficará muito rica, perderá potencia e passará sufoco. Minha LC1500 está um desastre no nivel do mar, com sua rotação endiabrada, explodindo, subindo rotação nas paradas etc, mas nas alturas é um bólido, com seu motor girando redondinho e com marcha lenta legal.
Gente, nos altiplanos argentino e chileno, passei o maior frio da minha vida. Estava agasalhado, luva de couro, lenco no pescoco, ceroula sob a calca, mas as maos ficaram congeladas e doíam ao apertar o acelerador ou embreagem. O braco ficou uma lástima de tanto esforco. Lá em cima, por volta dos 4.000m o vento lateral, além de muito frio, é fortíssimo e tive que andar com a moto inclinada, literalmente, o tempo todo.
Chegamos na aduana argentina, no Passo de Jama, nao tivemos qualquer dificuldade com o pessoal e documentacao. A utilizacao de passaporte, ao invés do RG e a papelada adicional, é muito interessante. A moto do Atie chegou sendo empurrada por ele, pois apagara a uns 100m. Assim, foi visível que aquele esforco fora demasiado para ele. Sua expressao era de muito cansaco. Confesso que fiquei ainda mais preocupado com ele, pois estávamos a 160km de San Pedro de Atacama, subiríamos dos 4.200m daquele posto de aduana até 5.000m no lado chileno.
Esvaziamos os galoes de gasolina (gracas a Deus os tínhamos, pois nós nao havíamos lido no blog do Mazzo que nao haveria gasolina naquele local, embora exista um posto YPF todinho montado, ainda sem homologacao). Meu tanque ficou cheínho com os 7 litros e o do Atie quase completou os 20 l do seu tanque. Nao havia outra solucao a nao ser arriscar e seguir em frente, pois eram quase 17h00, nao havia nenhuma caminhonete que levasse a moto do Atie e ele até SJ do Atacama. Com fé em Deus e na sorte dos aventureiros ou irresponsáveis, sei lá, fomos em frente. Eu só tornei a ver o Atie no posto da aduana chilena na entrada daquela cidadezinha.´
Estávamos exaustos! Precisávamos completar os tanques, encontrar uma posadinha e jantar alguma coisa. Conseguimos fazer tudo isso em cerca de 3 horas, quando retornamos para dormir. O hoteleiro teve a cara de pau de cobrar o dobro do preco pelo quarto duplo, sem TV, sem AC, enfim, um quartinho meia boca. Nao havia encontrado farmácia para comprar o tapa ouvidos e dormir com o Atie nao é para muitos... he he he.... Eu também ronco, mas o carinha trouxe o dele e quem se ferrou fui eu. Estou com sono até agora!
Estamos em Calama, cerca de 100km de SJ de Atacama. A moto do Atie deu o último suspiro nessa vinda e o deixou preocupado com a sequencia da viagem. Buscou e encontrou uma oficina mecanica de motos, cujo técnico desmontou a DR800, retirando o carburador e está dando uma geral. Está trocando os gicles para menores, trocando as velas e o filtro de combustível. Parece que o gajo entende, pois tem em sua pequena oficina de 4x4m até uma Ninja esperando reparo. Espero que isso seja a solucao final, pois o Atie tem passado sufoco e o prazer da viagem tem ficado para trás, uma vez que ele nem pode parar a moto para fazer fotos de locais interessantes. Acredito, também, que nao digitarei tanto o nome do Atie, já que ele e sua moto tem sido, até aqui, o mote mais importante dessa digitacao. Ele ficará mais contente, claro!
Vamos ver se o mecanico consegue dar uma regulada na injecao de ar da minha moto, de tal forma que ela consiga andar bem na cidade, da mesma forma como anda no morro. Fico até preocupado se devo mandar fazer isso ou nao, mas tenho pensado nisso enquanto digito para voces. Depois eu contarei o que decidi, ok?
Nao sabemos se sairemos hoje daqui, seguindo para Iquique, distante uns 350km ou se pernoitaremos aqui, seguindo direto a Arica amanha, rodando uns 700km pela Panamericana. Vamos ver como ficarao as motos. Eu prefiro passar por Iquique e trocar o pneu traseiro da minha moto que já está na hora. Lá é zona franca, como Ciudad del Leste no Paraguai e bem mais barato.
Por hoje é só. Estou retornando a oficina e decidir o que fazer hoje.
Importante, pessoal, é que a escolha do parceiro deve ser muito criteriosa, pois mesmo nao encontrando o parceiro ideal, há que ser o menos discordante com vc, que nao seja egoísta, impondo seus caminhos, hoteis, restaurantes e que haja compreensao mútua de que problemas inesperados ocorrerao. Sempre haverá uma ou outra discordancia, algumas respostas mais ríspidas e todos precisam saber que o ambiente de uma longa viagem, cheia de obstáculos, nao é o mesmo da festinha que ocorre quando os motociclistas se encontram. Uma viagem longa sempre mostra, realmente, quem sao seus parceiros.
A perseveranca no alcance do objetivo será fundamental para nao transformar uma viagem tao desejada em uma frustracao enorme. Só para confirmar, em nenhum momento falamos em desistir da viagem ou encurtá-la. Essa determinacao precisa ser comum aqueles que viajam juntos, certo?
Fiquem com Deus!
Mecca.
Havíamos enchido o tanque em Volcan, cerca de 70 km depois de Jujuy e deveríamos completar o tanque em Susques e no próximo, em Jama, já que o GPS do Atie diz que há um posto lá. Por via das dúvidas, enchi um galão de 4 litros em Volcan e saímos.
A moto do Atie não podia parar ou baixar a rotação, caso contrario apagava. Foi um sufoco essa insegurança: Chegaremos ou nao? Foi assim o tempo todo, em curvas de baixa, lá estava o Atie paradão. A moto pegava, mas em baixa rotação, insuficiente para arrancar. Depois de alguns minutos e muita paciencia, ele conseguia que ela arrancasse.
O Atie, para não parar a moto, quando ela ficava boa para partir, ele desaparecia, conforme nosso acordo, e nos encontrávamos no próximo reabastecimento.
Em Susques, depois de rodarmos 157km, completamos os tanques das motos e fomos almoçar. Ao encostarmos as motos, percebi que o Atie nao estava bem e ele confirmou que estava muito cansado e com falta de ar. Entramos no restaurante Kiwicha e a dona, Paula, muito simpática conosco, pediu que sua garçonete acompanhasse o Atie ao posto de saúde, onde ele ficou inalando oxigenio puro por uns minutos, até se recobrar. Voltando ao restaurante, o Atie nao quis almoçar pois estava sem fome, acreditam? Continuava sentindo os efeitos do ar rarefeito.
Cabe uma pequena explanação: Eu não senti os efeitos da mesma forma que o Atie, embora me sentisse meio estranho, com pequena sonolencia. No restaurante do El Refúgio, eu havia jantado carne de gado e o Atie também, só que ele estava muito contente pelo papo todo que ele havia tido com a Pathy, durante o qual ele bebeu mais vinho do que devia. Isto afetou sua resistencia física. Então, comer pouco, beber somente liquido sem gás e nada de álcool é fator fundamental para uma subida sem maiores problemas. Caso contrário, os sintomas mais conhecidos são a sensação de sonolencia, cansaço, corpo pesado, náuseas e dor de cabeca frontal ou lateral intensas, além da possibilidade de embolias fatais. Segundo indicações médicas, constantes no blog do Miguel Ángel - Jujuy, deve-se dormir bem na noite anterior e beber muita água, além de comer caramelos durante a viagem. Há quem recomende mascar folha de coca, mas...
No Kiwicha, a Paula sugeriu e deu uma cebola cortada para colocar no local do filtro de ar. Eu já havia sido orientado sobre isso no passado, mas não me lembrava mais. Parece brincadeira, mas a moto ficou muito mais esperta, arrancando com menos dificuldade. Soubemos que o próximo posto seria em San Pedro de Atacama e não no Passo de Jama, como previsto no GPS do Atie. Enchi mais um galão de 4 litros (total 7 litros reserva) e o Atie um galão com 3 litros. Foi o que nos salvou, pois deu na conta. Eu cheguei na reserva e o Atie apagou a moto no posto de San Pedro de Atacama!!!
Bem, tirando os sustos, dificuldades mecanicas e de saúde, essa ida ao Chile pelo Passo de Jama é para motociclistas experientes, determinados e preparados para sofrer reveses de toda sorte. Sem sombra de dúvida tem foi e, creio será, a travessia mais difícil feita por mim. Em dado momento, veio à minha mente: Putz, o que eu estou fazendo aqui? Sério!
Claro que se o camarada for com uma motona injetada, tanque super, calefação nas manoplas, ar quente injetando etc e tal, essa travessia poderá ser sopa, pois as pistas são muito boas e bem sinalizadas. Qualquer moto carburada precisará estar preparada com giclê menor e carburação perfeita para ar rarefeito, caso contrário a mistura ficará muito rica, perderá potencia e passará sufoco. Minha LC1500 está um desastre no nivel do mar, com sua rotação endiabrada, explodindo, subindo rotação nas paradas etc, mas nas alturas é um bólido, com seu motor girando redondinho e com marcha lenta legal.
Gente, nos altiplanos argentino e chileno, passei o maior frio da minha vida. Estava agasalhado, luva de couro, lenco no pescoco, ceroula sob a calca, mas as maos ficaram congeladas e doíam ao apertar o acelerador ou embreagem. O braco ficou uma lástima de tanto esforco. Lá em cima, por volta dos 4.000m o vento lateral, além de muito frio, é fortíssimo e tive que andar com a moto inclinada, literalmente, o tempo todo.
Chegamos na aduana argentina, no Passo de Jama, nao tivemos qualquer dificuldade com o pessoal e documentacao. A utilizacao de passaporte, ao invés do RG e a papelada adicional, é muito interessante. A moto do Atie chegou sendo empurrada por ele, pois apagara a uns 100m. Assim, foi visível que aquele esforco fora demasiado para ele. Sua expressao era de muito cansaco. Confesso que fiquei ainda mais preocupado com ele, pois estávamos a 160km de San Pedro de Atacama, subiríamos dos 4.200m daquele posto de aduana até 5.000m no lado chileno.
Esvaziamos os galoes de gasolina (gracas a Deus os tínhamos, pois nós nao havíamos lido no blog do Mazzo que nao haveria gasolina naquele local, embora exista um posto YPF todinho montado, ainda sem homologacao). Meu tanque ficou cheínho com os 7 litros e o do Atie quase completou os 20 l do seu tanque. Nao havia outra solucao a nao ser arriscar e seguir em frente, pois eram quase 17h00, nao havia nenhuma caminhonete que levasse a moto do Atie e ele até SJ do Atacama. Com fé em Deus e na sorte dos aventureiros ou irresponsáveis, sei lá, fomos em frente. Eu só tornei a ver o Atie no posto da aduana chilena na entrada daquela cidadezinha.´
Estávamos exaustos! Precisávamos completar os tanques, encontrar uma posadinha e jantar alguma coisa. Conseguimos fazer tudo isso em cerca de 3 horas, quando retornamos para dormir. O hoteleiro teve a cara de pau de cobrar o dobro do preco pelo quarto duplo, sem TV, sem AC, enfim, um quartinho meia boca. Nao havia encontrado farmácia para comprar o tapa ouvidos e dormir com o Atie nao é para muitos... he he he.... Eu também ronco, mas o carinha trouxe o dele e quem se ferrou fui eu. Estou com sono até agora!
Estamos em Calama, cerca de 100km de SJ de Atacama. A moto do Atie deu o último suspiro nessa vinda e o deixou preocupado com a sequencia da viagem. Buscou e encontrou uma oficina mecanica de motos, cujo técnico desmontou a DR800, retirando o carburador e está dando uma geral. Está trocando os gicles para menores, trocando as velas e o filtro de combustível. Parece que o gajo entende, pois tem em sua pequena oficina de 4x4m até uma Ninja esperando reparo. Espero que isso seja a solucao final, pois o Atie tem passado sufoco e o prazer da viagem tem ficado para trás, uma vez que ele nem pode parar a moto para fazer fotos de locais interessantes. Acredito, também, que nao digitarei tanto o nome do Atie, já que ele e sua moto tem sido, até aqui, o mote mais importante dessa digitacao. Ele ficará mais contente, claro!
Vamos ver se o mecanico consegue dar uma regulada na injecao de ar da minha moto, de tal forma que ela consiga andar bem na cidade, da mesma forma como anda no morro. Fico até preocupado se devo mandar fazer isso ou nao, mas tenho pensado nisso enquanto digito para voces. Depois eu contarei o que decidi, ok?
Nao sabemos se sairemos hoje daqui, seguindo para Iquique, distante uns 350km ou se pernoitaremos aqui, seguindo direto a Arica amanha, rodando uns 700km pela Panamericana. Vamos ver como ficarao as motos. Eu prefiro passar por Iquique e trocar o pneu traseiro da minha moto que já está na hora. Lá é zona franca, como Ciudad del Leste no Paraguai e bem mais barato.
Por hoje é só. Estou retornando a oficina e decidir o que fazer hoje.
Importante, pessoal, é que a escolha do parceiro deve ser muito criteriosa, pois mesmo nao encontrando o parceiro ideal, há que ser o menos discordante com vc, que nao seja egoísta, impondo seus caminhos, hoteis, restaurantes e que haja compreensao mútua de que problemas inesperados ocorrerao. Sempre haverá uma ou outra discordancia, algumas respostas mais ríspidas e todos precisam saber que o ambiente de uma longa viagem, cheia de obstáculos, nao é o mesmo da festinha que ocorre quando os motociclistas se encontram. Uma viagem longa sempre mostra, realmente, quem sao seus parceiros.
A perseveranca no alcance do objetivo será fundamental para nao transformar uma viagem tao desejada em uma frustracao enorme. Só para confirmar, em nenhum momento falamos em desistir da viagem ou encurtá-la. Essa determinacao precisa ser comum aqueles que viajam juntos, certo?
Fiquem com Deus!
Mecca.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Meccao em Jujuy - ainda
Ontem, 30/11, deveríamos subir o morro e cruzar os Andes pelo Paso de Jama, em direção ao deserto de Atacama. Chegando em Volcan, pequeno povoado, no único posto de lá, completamos os tanques. Buscando maior potência em sua moto, o Atiê indagou do frentista se tinha algum bom aditivo. O camarada trouxe 2 bisnagas que o Atiê despejou em seu tanque. Ao ler a embalagem, ví que era óleo 2T. Putz, que droga!
Iniciamos a subida quando o Atie sentiu que sua moto não estava bem, não atingindo a rotação necessária. Precisamos descer até um posto, a uns 20 km do cruzamento que nos levaria ao alto. Lá não há estrutura nenhuma e, depois de algumas tentativas de reparo pelo Atie e por alguns motociclistas solidários, acabamos colocando a moto dele sobre uma caminhonete, retornando a SS Jujuy.
O Atiê veio bem confortável naquele velho Ford diesel caindo aos cacos, cujo limpador de parabrisa era movido por um galho, que o boliviano empurrava com a mão esquerda enquanto dirigia com a direita. Imaginem um barbeiro com as duas mãos e o imaginem com uma mão só. Credo! Foi uma aventura para o Atiê.
Por outro lado, com minha moto na estrada, retornando a Jujuy, peguei uma chuva fina e muito fria que quase me congelou, pois não estava preparado para ela. Cheguei tremendo de frio, principalmente nas mãos.
Ficamos no mesmo hotel Las Brisas de baixa qualidade e dona carrancuda, pois ele fica perto de uma oficina de motos que o Atie havia levado antes. Como era domingo, nao havia ninguém lá.
À noite, saímos para jantar. Não tinhamos grana em pesos argentinos. Tínhamos US$ e R$, porém aqui ninguém os troca com facilidade. Como tínhamos, somados, 24 pesos, daria para irmos até o centro, buscar um restaurante que aceitasse cartão de crédito. O motorista nos levou a um ótimo, o Marazaga, cujo dono, Juan Uisgarra, aceitou cobrar em dolares. O Marazaga, além da ótima comida, tem ótimos vinhos, boa cerveja e uma decoração aconchegante.
Comi um dos pratos mais deliciosos da vida e o Atie uma truta, segundo ele, maravilhosa. Lá, conversando com o Juan, ele disse conhecer um engenheiro que conserta motos e o chamou pelo telefone. O Miguel Ángel, engenheiro, foi até lá com sua esposa e marcou para o dia seguinte às 09h30. Retornamos ao hotel (Miguel nos levou, pois como bom motociclista, é fraterno e companheiro).
Hoje, pelas 09h30, o Miguel trouxe uma caminhonete e colocamos sobre ela a DR800 do Atie.
A oficina do Miguel é muito bem equipada e ele desmontou a carenagem da moto. Ao soltar os cabos das velas, o Atie percebeu que um dos cabos estava solto, logo deveria ser a causa do problema. Todos pensaram o mesmo.
Foram limpas as velas (pretas e com carvão), calibradas, remontadas e regulada a carburação, externamente. O Atie levou sua moto ao Hotel, enquanto eu vinha com o Miguel em seu carro.
A chuva muito fria quase congelou o Atie, mas ele aguentou firme. Mesmo assim, disse algumas vezes, antes do hotel, que a moto nao estava bem, que rateava em baixa e demorava para acelerar. Poderia ser a regulagem para mistura pobre de combustível, todavia havia uma dúvida sobre o carburador, depois que se inseriu óleo 2 tempos no tanque, antes do grilo com a moto.
Segundo Miguel, deveria desmontar o carburador, limpar, inserir um outro giclê, com orificio menor, mas o Atie queria tentar subir assim mesmo. Como o Miguel tinha compromissos foi embora e nós retornamos ao hotel para acertar a conta e seguir viagem.
Tínhamos levado nossas roupas para lavar logo de manhã e deveríamos buscar até o meio dia. Chegamos atrasados e quando fomos buscar, estava tudo fechado. O povo daqui dorme umas 2 ou 3 horas depois do almoco (siesta). A lavanderia abriria somente às 16hoo ou 17h00. Enfim, ficamos por aqui em função de uns pares de meia...
Decidimos ficar aqui hoje. O Atie levará a moto a um outro mecânico ou ao mesmo Miguel para tentar resolver de vez. Temos a impressao que nao conseguiremos subir o morro com a moto como está, embora rateando como a minha, perde muita potencia. Depois de SS Jujuy, nao há mais nada até S. Pedro de Atacama. Melhor resolver por aqui mesmo.
Vamos conseguir, claro, mas perdemos estes 2 dias que faltarão no final para chegarmos a tempo do compromisso do Atiê. Isso já me aconteceu na ida ao Chile - Puerto Montt, em 12/2007. Tudo é contornável e nao será problema se isso ocorrer.
Ainda que tenhamos tido esse problema, a motivação continua elevada e não há duvida que chegaremos ao final da viagem com as motos nos levando.
Para todos os obstáculos que ocorrem nas viagens, sempre há as compensações, muito maiores que os problemas. Conhecemos o Miguel e o Juan, 2 camaradas 10! Acredito que nós dois também estamos aprendendo alguma coisa com isso, como a tolerância e a paciência para aceitar os imprevistos e perseverar nas soluções.
Abrindo um parêntesis, em 01/2007, o Miguel saiu de Jujuy e seguiu para Machu Picchu via Bolìvia e nos contou sobre as peripécias vivenciadas nos 4.000km rodados. Disse que será muito melhor se formos pelo Chile, como definido e retornarmos pela Bolívia, via rodovias asfaltadas e não como ele fez, rodando sobre o rípio centenas de km. Ele tem a história em seu site mas não o tenho agora. Já li seu relato e ri muito com as passagens pela Bolívia. Parece que quanto menos desenvolvimento tem, o povo se julga mais esperto. Isto me lembra um outro povo com quem convivo há décadas... he he he....
Caramba, hoje buscamos um lugar para almoçar aqui por perto da lavanderia. Acreditem, não havia opções. Como o Atie sente fome mais constante que eu, queria almoçar e eu o deixei encontrar um lugar. A dificuldade nos fez chegar num boteco boliviano que serviu frango, arroz e alface para o Atiê. Deve ter sido gostoso pois o carinha detonou aquele pratão. Para mim veio carne de vaca (ou boi) com molho sobre polenta mole. Nao tenho frescuras, mas não tinha a mesma fome dele, então comi um pouco só. Nao sinto saudade daquele boteco... he he he... Como chovia, entrou um baita vira-lata, todo molhado e se deitou. O garçom passava por ele, pulando-o e não o incomodava... Já vislumbraram o local, certo?
Bem, pessoal, a gente conta história e estória, mas no fundo o que queremos é que vocês entendam que uma viagem dessa não dá para oferecer conforto. Ela precisa ter tudo isso para que nos recordemos lá adiante. Dificuldades? Claro que sim, mas são os ingredientes para enfeitar nosso bolo, entendem?
O Atiê já pegou nossas roupas e agora vamos para um novo hotel aqui mesmo, mas mais próximo da ruta que nos levará ao Chile.
Até amanhã ou depois. Fiquem com Deus!
Iniciamos a subida quando o Atie sentiu que sua moto não estava bem, não atingindo a rotação necessária. Precisamos descer até um posto, a uns 20 km do cruzamento que nos levaria ao alto. Lá não há estrutura nenhuma e, depois de algumas tentativas de reparo pelo Atie e por alguns motociclistas solidários, acabamos colocando a moto dele sobre uma caminhonete, retornando a SS Jujuy.
O Atiê veio bem confortável naquele velho Ford diesel caindo aos cacos, cujo limpador de parabrisa era movido por um galho, que o boliviano empurrava com a mão esquerda enquanto dirigia com a direita. Imaginem um barbeiro com as duas mãos e o imaginem com uma mão só. Credo! Foi uma aventura para o Atiê.
Por outro lado, com minha moto na estrada, retornando a Jujuy, peguei uma chuva fina e muito fria que quase me congelou, pois não estava preparado para ela. Cheguei tremendo de frio, principalmente nas mãos.
Ficamos no mesmo hotel Las Brisas de baixa qualidade e dona carrancuda, pois ele fica perto de uma oficina de motos que o Atie havia levado antes. Como era domingo, nao havia ninguém lá.
À noite, saímos para jantar. Não tinhamos grana em pesos argentinos. Tínhamos US$ e R$, porém aqui ninguém os troca com facilidade. Como tínhamos, somados, 24 pesos, daria para irmos até o centro, buscar um restaurante que aceitasse cartão de crédito. O motorista nos levou a um ótimo, o Marazaga, cujo dono, Juan Uisgarra, aceitou cobrar em dolares. O Marazaga, além da ótima comida, tem ótimos vinhos, boa cerveja e uma decoração aconchegante.
Comi um dos pratos mais deliciosos da vida e o Atie uma truta, segundo ele, maravilhosa. Lá, conversando com o Juan, ele disse conhecer um engenheiro que conserta motos e o chamou pelo telefone. O Miguel Ángel, engenheiro, foi até lá com sua esposa e marcou para o dia seguinte às 09h30. Retornamos ao hotel (Miguel nos levou, pois como bom motociclista, é fraterno e companheiro).
Hoje, pelas 09h30, o Miguel trouxe uma caminhonete e colocamos sobre ela a DR800 do Atie.
A oficina do Miguel é muito bem equipada e ele desmontou a carenagem da moto. Ao soltar os cabos das velas, o Atie percebeu que um dos cabos estava solto, logo deveria ser a causa do problema. Todos pensaram o mesmo.
Foram limpas as velas (pretas e com carvão), calibradas, remontadas e regulada a carburação, externamente. O Atie levou sua moto ao Hotel, enquanto eu vinha com o Miguel em seu carro.
A chuva muito fria quase congelou o Atie, mas ele aguentou firme. Mesmo assim, disse algumas vezes, antes do hotel, que a moto nao estava bem, que rateava em baixa e demorava para acelerar. Poderia ser a regulagem para mistura pobre de combustível, todavia havia uma dúvida sobre o carburador, depois que se inseriu óleo 2 tempos no tanque, antes do grilo com a moto.
Segundo Miguel, deveria desmontar o carburador, limpar, inserir um outro giclê, com orificio menor, mas o Atie queria tentar subir assim mesmo. Como o Miguel tinha compromissos foi embora e nós retornamos ao hotel para acertar a conta e seguir viagem.
Tínhamos levado nossas roupas para lavar logo de manhã e deveríamos buscar até o meio dia. Chegamos atrasados e quando fomos buscar, estava tudo fechado. O povo daqui dorme umas 2 ou 3 horas depois do almoco (siesta). A lavanderia abriria somente às 16hoo ou 17h00. Enfim, ficamos por aqui em função de uns pares de meia...
Decidimos ficar aqui hoje. O Atie levará a moto a um outro mecânico ou ao mesmo Miguel para tentar resolver de vez. Temos a impressao que nao conseguiremos subir o morro com a moto como está, embora rateando como a minha, perde muita potencia. Depois de SS Jujuy, nao há mais nada até S. Pedro de Atacama. Melhor resolver por aqui mesmo.
Vamos conseguir, claro, mas perdemos estes 2 dias que faltarão no final para chegarmos a tempo do compromisso do Atiê. Isso já me aconteceu na ida ao Chile - Puerto Montt, em 12/2007. Tudo é contornável e nao será problema se isso ocorrer.
Ainda que tenhamos tido esse problema, a motivação continua elevada e não há duvida que chegaremos ao final da viagem com as motos nos levando.
Para todos os obstáculos que ocorrem nas viagens, sempre há as compensações, muito maiores que os problemas. Conhecemos o Miguel e o Juan, 2 camaradas 10! Acredito que nós dois também estamos aprendendo alguma coisa com isso, como a tolerância e a paciência para aceitar os imprevistos e perseverar nas soluções.
Abrindo um parêntesis, em 01/2007, o Miguel saiu de Jujuy e seguiu para Machu Picchu via Bolìvia e nos contou sobre as peripécias vivenciadas nos 4.000km rodados. Disse que será muito melhor se formos pelo Chile, como definido e retornarmos pela Bolívia, via rodovias asfaltadas e não como ele fez, rodando sobre o rípio centenas de km. Ele tem a história em seu site mas não o tenho agora. Já li seu relato e ri muito com as passagens pela Bolívia. Parece que quanto menos desenvolvimento tem, o povo se julga mais esperto. Isto me lembra um outro povo com quem convivo há décadas... he he he....
Caramba, hoje buscamos um lugar para almoçar aqui por perto da lavanderia. Acreditem, não havia opções. Como o Atie sente fome mais constante que eu, queria almoçar e eu o deixei encontrar um lugar. A dificuldade nos fez chegar num boteco boliviano que serviu frango, arroz e alface para o Atiê. Deve ter sido gostoso pois o carinha detonou aquele pratão. Para mim veio carne de vaca (ou boi) com molho sobre polenta mole. Nao tenho frescuras, mas não tinha a mesma fome dele, então comi um pouco só. Nao sinto saudade daquele boteco... he he he... Como chovia, entrou um baita vira-lata, todo molhado e se deitou. O garçom passava por ele, pulando-o e não o incomodava... Já vislumbraram o local, certo?
Bem, pessoal, a gente conta história e estória, mas no fundo o que queremos é que vocês entendam que uma viagem dessa não dá para oferecer conforto. Ela precisa ter tudo isso para que nos recordemos lá adiante. Dificuldades? Claro que sim, mas são os ingredientes para enfeitar nosso bolo, entendem?
O Atiê já pegou nossas roupas e agora vamos para um novo hotel aqui mesmo, mas mais próximo da ruta que nos levará ao Chile.
Até amanhã ou depois. Fiquem com Deus!
sábado, 29 de novembro de 2008
Meccão em San Salvador de Jujuy - AR
Estou teclando de San Salvador de Jujuy - AR, cerca de 2.000km de Sampa e 250km da fronteira com o Chile. Deixamos Ing. Juarez pela manhã, com chuva!!!! Abastecemos no unico posto da cidade, com nafta YPF, Super, e foi uma grande M.... Minha moto, além de ratear muito, consumiu bem mais. A moto do Atie até desregulou a carburação. Então, quando visitarem aquela megalópolis Ing. Juarez, na Ruta 81, cuidem-se.
O dia foi nublado e nao fez tanto calor. Tivemos alguma dificuldade com abastecimento, pois a ruta é nova e há lugares com postos em pequenas vilas, distantes da pista de 3 a 7km. A cada 20 ou 30 km, há os pueblos com 2.000 a 7.000 habitantes que vivem da pecuária e do comércio entre eles e que faz nascer um povoado e um pequeno centro.
O unico movimento, à noite, é dos jovens que andam em 2 ou 3 (meninos ou meninas) nas pequenas motoquinhas. Passam horas circulando pelas ruas esburacadas e sem asfalto. Não há insegurança, pois todos se conhecem. O único restaurante daquele povoado (Ing. Juarez) até que serviu bem um bife de chorizo e ligou um super ventilador nas costas da gente para aguentar o calor. Enfim, naã há nada que se possa postar de fotos ou comentários sobre essa ruta, por onde se cruza com um outro veículo a cada 10 ou 15 minutos...
Chegando aqui, em S. S. Jujuy, o Atie levou a moto dele a uma pequena oficina, onde foi regulada, substituiu a lampada do farol (bi-xenon pifou), completou o nivel de óleo, deixando a DR800 pronta para encarar o morro e o deserto do outro lado.
A minha tem, somente, o problema que faz o motor acelerar quando paro (entrada de ar por algum lugar). De resto, está se comportando muito bem. O Atie confirmou que minha LC passa dos 16 a 17 km/l em tocadas a 120/130 km/h. Normalmente, abre reserva com 180km, podendo rodar mais uns 45 km.
Tao logo cheguei no hotel, com o Atie ocupado com a DR, fui num boteco e degustei uma Quilmes Imperial de 970ml, super gelada. Desceu redondinho, gente.
Estamos no centro de SSJujuy, teclando e esperando que um restaurante LJ Parrilla comece a servir. Estamos doidos para comer uma parrillada argentina e só temos hoje para isso, já que amanhã almoçaremos no Chile.
Durante todo o trajeto entre Paraguai e a Ruta 81 não pudemos fazer bem o uso do GPS do Atie por falta de mapas e corremos alguns riscos de abastecimento, localização de hotéis e direção a seguir. A partir da entrada na Ruta Nacional 34, com os mapas no GPS, ficou tudo mais simples. Então, quem quiser fazer bom uso de GPS precisará inserir todas as informações necessárias para obter respostas rápidas e certeiras.
Utilizaríamos a ruta que passa pela provincia do Chaco, mas por dicas dos locais, usamos a ruta 81, provincia de Formosa, que já está totalmente asfaltada. Não se deve viajar à noite por ela, pois além dos animais silvestres que a atravessam, há centenas de bois, vacas, jumentos pastando à beira da estrada. Nao há nenhuma patrulha incumbida de multar os donos e recolher os animais.
Incrível, o único gendarme a me parar foi para pedir que eu avisasse o Atie para acender o farol, ja que o dele andou apagado o dia todo. Ninguém, na Argentina, nos parou para qualquer sacanagem.
Bem diferente do que ocorreu no Paraguai, quando fomos ao porto de Asunción para pegarmos a balsa, que nos atravessaria para a Argentina (cidade de Clorinda). Estávamos já com os passaportes carimbados pela Imigração quando fomos chamados a uma salinha lateral por um policial fardado e começou o papo de "cerca Lourenco" que nós, viajantes, tanto conhecemos. Além de indagarem sobre o que fazíamos no Brasil (eu aposentado e o Atie, polícia e jornalista), fizeram revista pessoal para localizar armas ou qualquer outra coisa. Queriam que o Atie apresentasse autorização da polícia civil de São Paulo para deixar o Brasil! Alegavam que só o passaporte não servia! O Atie falava tanto (um pouco mais que o costume... rs) que os carinhas viram que daquele mato nao sairia cachorro e liberaram-nos. Foi o único local no Paraguai onde complicaram com o descomplicado e, aparentemente, para conseguir algo.
Por hoje é só, minha gente. Fiquem com Deus!
O dia foi nublado e nao fez tanto calor. Tivemos alguma dificuldade com abastecimento, pois a ruta é nova e há lugares com postos em pequenas vilas, distantes da pista de 3 a 7km. A cada 20 ou 30 km, há os pueblos com 2.000 a 7.000 habitantes que vivem da pecuária e do comércio entre eles e que faz nascer um povoado e um pequeno centro.
O unico movimento, à noite, é dos jovens que andam em 2 ou 3 (meninos ou meninas) nas pequenas motoquinhas. Passam horas circulando pelas ruas esburacadas e sem asfalto. Não há insegurança, pois todos se conhecem. O único restaurante daquele povoado (Ing. Juarez) até que serviu bem um bife de chorizo e ligou um super ventilador nas costas da gente para aguentar o calor. Enfim, naã há nada que se possa postar de fotos ou comentários sobre essa ruta, por onde se cruza com um outro veículo a cada 10 ou 15 minutos...
Chegando aqui, em S. S. Jujuy, o Atie levou a moto dele a uma pequena oficina, onde foi regulada, substituiu a lampada do farol (bi-xenon pifou), completou o nivel de óleo, deixando a DR800 pronta para encarar o morro e o deserto do outro lado.
A minha tem, somente, o problema que faz o motor acelerar quando paro (entrada de ar por algum lugar). De resto, está se comportando muito bem. O Atie confirmou que minha LC passa dos 16 a 17 km/l em tocadas a 120/130 km/h. Normalmente, abre reserva com 180km, podendo rodar mais uns 45 km.
Tao logo cheguei no hotel, com o Atie ocupado com a DR, fui num boteco e degustei uma Quilmes Imperial de 970ml, super gelada. Desceu redondinho, gente.
Estamos no centro de SSJujuy, teclando e esperando que um restaurante LJ Parrilla comece a servir. Estamos doidos para comer uma parrillada argentina e só temos hoje para isso, já que amanhã almoçaremos no Chile.
Durante todo o trajeto entre Paraguai e a Ruta 81 não pudemos fazer bem o uso do GPS do Atie por falta de mapas e corremos alguns riscos de abastecimento, localização de hotéis e direção a seguir. A partir da entrada na Ruta Nacional 34, com os mapas no GPS, ficou tudo mais simples. Então, quem quiser fazer bom uso de GPS precisará inserir todas as informações necessárias para obter respostas rápidas e certeiras.
Utilizaríamos a ruta que passa pela provincia do Chaco, mas por dicas dos locais, usamos a ruta 81, provincia de Formosa, que já está totalmente asfaltada. Não se deve viajar à noite por ela, pois além dos animais silvestres que a atravessam, há centenas de bois, vacas, jumentos pastando à beira da estrada. Nao há nenhuma patrulha incumbida de multar os donos e recolher os animais.
Incrível, o único gendarme a me parar foi para pedir que eu avisasse o Atie para acender o farol, ja que o dele andou apagado o dia todo. Ninguém, na Argentina, nos parou para qualquer sacanagem.
Bem diferente do que ocorreu no Paraguai, quando fomos ao porto de Asunción para pegarmos a balsa, que nos atravessaria para a Argentina (cidade de Clorinda). Estávamos já com os passaportes carimbados pela Imigração quando fomos chamados a uma salinha lateral por um policial fardado e começou o papo de "cerca Lourenco" que nós, viajantes, tanto conhecemos. Além de indagarem sobre o que fazíamos no Brasil (eu aposentado e o Atie, polícia e jornalista), fizeram revista pessoal para localizar armas ou qualquer outra coisa. Queriam que o Atie apresentasse autorização da polícia civil de São Paulo para deixar o Brasil! Alegavam que só o passaporte não servia! O Atie falava tanto (um pouco mais que o costume... rs) que os carinhas viram que daquele mato nao sairia cachorro e liberaram-nos. Foi o único local no Paraguai onde complicaram com o descomplicado e, aparentemente, para conseguir algo.
Por hoje é só, minha gente. Fiquem com Deus!
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Meccao em Asunción
Caros amigos, boa noite!
Hoje, 27/11, estamos em Assunção -Paraguai. Chegamos às 19h00, vindos de Foz. Só conseguimos deixar Foz por volta das 12h00, já que o Atiê decidiu trocar um pneu da frente da moto dele. Acabei nao comprando uma câmera digital que filma e fotografa, com HD etc e tal. Meu cartao nao passou e nao teve jeito. Preciso saber do Itaú por que isso ocorreu.
O sol está de torrar. Rodamos quase 400km hoje e parece que motocamos mais de mil, embora as pistas estejam com ótima qualidade! Bebemos uns 4 litros de água nesse trecho. Chegando a Assuncao, nao tinhamos hotel reservado e saímos à procura. Estamos hospedados no Hotel Preciato, na Calle Axara nr 840 com Tacuary, tel: 447661 7 453937.
Infelizmente nao estamos conseguindo os telefones dos nossos hermanos de Assunção, embora tenhamos procurado via Internet e na lista telefonica do hotel. Esqueci de anotar os telefones deles e nao consegui que o Mazzo me enviasse via email. Como vamos partir amanha cedo, nao será desta vez que os encontraremos. Acreditem que estou triste por isso. Quem sabe numa outra oportunidade.
Ontem, pela manha, levamos as motos para troca de oleo e filtro, trocamos reais por dolares e pesos paraguaios e buscamos alguém que fizesse a carta verde do Atiê. As informacoes eram as mais desencontradas e, como eu havia feito em 2006 com o HSBC, fomos lá e conseguimos por R$ 46,00. Maior moleza!
Pouco antes das 12h00, pegamos um taxi R$ 15,00 que nos levou até o inicio da ponte. Lá pegamos cada um um moto taxi que nos levou até o outro lado. É incrivel como esses motoboys paraguaios e brasileiros atravessam a ponte em um circuito digno de teste do Detran, isto é, muito mais dificil e com carona. Quem conhece o Atiê, sabe do seu tamanho e peso, deve imaginar o malabarismo que o motoboy fez para andar naquele quase labirinto, cheio de quebra molas!!
Andamos pelas lojas e percebemos que os preços nao sao mais tao diferentes de Sampa para muitos artigos.
Encontrei uma digital que filma e fotografa JVC 330 com HD 30 GB com preco de US$ 430 a 380. Entramos numa loja e um garotao falador, de nome Wassim (libanes) nos ofereceu por US$ 280,00 (US$ 100,00 a menos!!!!). Puro golpe que eu já havia vivido há 1 ano, com notebook.
Na verdade, o cara oferece com preço bem mais baixo mas não tem intenção de vender aquele produto, apresentando e forçando a compra de outros modelos mais caros e "mais completos".
Eu fiquei dando corda ao cara e perguntando algumas coisas sobre os novos produtos. O Atiê logo percebeu o 171 do garotão e comecou a botar areia no papo dele.
Depois do garotao gastar o verbo, por sugestão do Atie, decidi comprar o modelo que procurava e que ele nao queria vender pelo preco oferecido. Ele buscou encrencar com o Atie para que fossemos embora, mas eu fiquei firme e o Atie também. Ele esgotou o estoque de tentativas e "mandou buscar" o equipamento. Claro que era lorota ao celular e nao pediu nada a ninguém. O Atiê quis apertar o carinha e disse que compraríamos aquela peça mesmo.
Muito sem graça, o garotao colocou a bateria e disse que nao estava boa, que era só mostruário etc e tal.
Bem, toda essa explanação é para que ninguém caia nesse papo babaca de libanes metido a esperto, que só quer levar vantagem, nao se preocupando com o retorno nem com o prestigio do negócio. Sei que eles retiram componentes dos produtos (baterias, cabos, memórias etc), daí é importante testarem tudo antes e observar que colocaram tudo dentro de novo.
O povo paraguaio é como o brasileiro, muito bom e gentil. Os libaneses têm a grana, as lojas e os paraguaios sao os vendedores. Quando sao eles que vendem os produtos, tudo bem, mas quando o dono da loja vem conversar, saiam de baixo.
Bem, até aqui as motos estao bem, porém a minha tem sofrido com a gasolina, pois a carburacao é muito sensível e, às vezes, pipoca muito em baixa rotacao. Espero que nao aconteca nada diferente na subida dos Andes, pois lá, creio, ela ficará melhor, pois a mistura dela está muito pobre.
Well, ahora voy cenar una pizza delivery com o Atiê. O Atie está acabando com o uísque Chivas Regal 18 anos que comprou em Ciudad del Leste. Está insistindo que eu beba com ele para que nao se sinta culpado pelo esvaziamento... he he he....
Este hotel é muito bom e as pessoas são muito atenciosas. Pena que temos de seguir viagem amanhã cedo. Até mais e grande abraço a todos.
obs: Meu Nextel nao funciona em lugar nenhum e o celular Claro está com a bateria pifada... Precisarei usar o locutório, eu digitei locutório, ok? Esse é o nome da telefonica para interurbanos... Assim, quem espera que eu ligue, dê um desconto, ok? Pode mandar notícias pelo email que eu acesso sempre via terra mail. Abração!
Hoje, 27/11, estamos em Assunção -Paraguai. Chegamos às 19h00, vindos de Foz. Só conseguimos deixar Foz por volta das 12h00, já que o Atiê decidiu trocar um pneu da frente da moto dele. Acabei nao comprando uma câmera digital que filma e fotografa, com HD etc e tal. Meu cartao nao passou e nao teve jeito. Preciso saber do Itaú por que isso ocorreu.
O sol está de torrar. Rodamos quase 400km hoje e parece que motocamos mais de mil, embora as pistas estejam com ótima qualidade! Bebemos uns 4 litros de água nesse trecho. Chegando a Assuncao, nao tinhamos hotel reservado e saímos à procura. Estamos hospedados no Hotel Preciato, na Calle Axara nr 840 com Tacuary, tel: 447661 7 453937.
Infelizmente nao estamos conseguindo os telefones dos nossos hermanos de Assunção, embora tenhamos procurado via Internet e na lista telefonica do hotel. Esqueci de anotar os telefones deles e nao consegui que o Mazzo me enviasse via email. Como vamos partir amanha cedo, nao será desta vez que os encontraremos. Acreditem que estou triste por isso. Quem sabe numa outra oportunidade.
Ontem, pela manha, levamos as motos para troca de oleo e filtro, trocamos reais por dolares e pesos paraguaios e buscamos alguém que fizesse a carta verde do Atiê. As informacoes eram as mais desencontradas e, como eu havia feito em 2006 com o HSBC, fomos lá e conseguimos por R$ 46,00. Maior moleza!
Pouco antes das 12h00, pegamos um taxi R$ 15,00 que nos levou até o inicio da ponte. Lá pegamos cada um um moto taxi que nos levou até o outro lado. É incrivel como esses motoboys paraguaios e brasileiros atravessam a ponte em um circuito digno de teste do Detran, isto é, muito mais dificil e com carona. Quem conhece o Atiê, sabe do seu tamanho e peso, deve imaginar o malabarismo que o motoboy fez para andar naquele quase labirinto, cheio de quebra molas!!
Andamos pelas lojas e percebemos que os preços nao sao mais tao diferentes de Sampa para muitos artigos.
Encontrei uma digital que filma e fotografa JVC 330 com HD 30 GB com preco de US$ 430 a 380. Entramos numa loja e um garotao falador, de nome Wassim (libanes) nos ofereceu por US$ 280,00 (US$ 100,00 a menos!!!!). Puro golpe que eu já havia vivido há 1 ano, com notebook.
Na verdade, o cara oferece com preço bem mais baixo mas não tem intenção de vender aquele produto, apresentando e forçando a compra de outros modelos mais caros e "mais completos".
Eu fiquei dando corda ao cara e perguntando algumas coisas sobre os novos produtos. O Atiê logo percebeu o 171 do garotão e comecou a botar areia no papo dele.
Depois do garotao gastar o verbo, por sugestão do Atie, decidi comprar o modelo que procurava e que ele nao queria vender pelo preco oferecido. Ele buscou encrencar com o Atie para que fossemos embora, mas eu fiquei firme e o Atie também. Ele esgotou o estoque de tentativas e "mandou buscar" o equipamento. Claro que era lorota ao celular e nao pediu nada a ninguém. O Atiê quis apertar o carinha e disse que compraríamos aquela peça mesmo.
Muito sem graça, o garotao colocou a bateria e disse que nao estava boa, que era só mostruário etc e tal.
Bem, toda essa explanação é para que ninguém caia nesse papo babaca de libanes metido a esperto, que só quer levar vantagem, nao se preocupando com o retorno nem com o prestigio do negócio. Sei que eles retiram componentes dos produtos (baterias, cabos, memórias etc), daí é importante testarem tudo antes e observar que colocaram tudo dentro de novo.
O povo paraguaio é como o brasileiro, muito bom e gentil. Os libaneses têm a grana, as lojas e os paraguaios sao os vendedores. Quando sao eles que vendem os produtos, tudo bem, mas quando o dono da loja vem conversar, saiam de baixo.
Bem, até aqui as motos estao bem, porém a minha tem sofrido com a gasolina, pois a carburacao é muito sensível e, às vezes, pipoca muito em baixa rotacao. Espero que nao aconteca nada diferente na subida dos Andes, pois lá, creio, ela ficará melhor, pois a mistura dela está muito pobre.
Well, ahora voy cenar una pizza delivery com o Atiê. O Atie está acabando com o uísque Chivas Regal 18 anos que comprou em Ciudad del Leste. Está insistindo que eu beba com ele para que nao se sinta culpado pelo esvaziamento... he he he....
Este hotel é muito bom e as pessoas são muito atenciosas. Pena que temos de seguir viagem amanhã cedo. Até mais e grande abraço a todos.
obs: Meu Nextel nao funciona em lugar nenhum e o celular Claro está com a bateria pifada... Precisarei usar o locutório, eu digitei locutório, ok? Esse é o nome da telefonica para interurbanos... Assim, quem espera que eu ligue, dê um desconto, ok? Pode mandar notícias pelo email que eu acesso sempre via terra mail. Abração!
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