Domingo, sol abundante e friozinho gostoso nos acordaram
para a programação.
Tomamos o café da manhã,
peguei minha moto com o Marcos na garupa e o levei à oficina. Ninguém nos
atendeu e a porta da oficina estava fechada. Pelo vidro o Marcos viu que sua
moto ainda estava desmontada no cabeçote e ficou muito preocupado.
Batemos à porta ao lado, onde
reside o Jorge Duarte e família, sendo atendidos pela filha dele que disse ao
Marcos que voltasse por volta das 16h00 quando o pai estivesse lá. Imaginei que o mecânico tenha trabalhado até
tarde e estava dormindo.
Sem saber o que fazer, muito
contrariado e desnorteado, o Marcos decidiu conversar com meu amigo Miguel
Liendo, de Jujuy – RA, através do Skype, ao qual reportou todas as
dificuldades. Com a serenidade de sempre, o Miguel deu-lhe algumas dicas de
verificação com o mecânico a serem feitas quando ele nos atendesse. Assim,
passamos toda a manhã e parte da tarde conversando com o Miguel sobre a problemática,
buscando as solucionáticas...
Perto das 15h00, fomos à
oficina e encontramos o Jorge Duarte que nos atendeu, dizendo haver trabalhado
até as 02h00 e que dormiu a manhã toda, por isto não nos atendeu.
Suas palavras iniciais foram
de total desânimo. Além de não ter conseguido seu intento, desbastando as
válvulas para ajustar as folgas, a moto não arrancava mais. Disse não ter mais o que fazer, mas que o
Marcos comprasse peças novas para que ele remontasse a moto, saindo daqui
rodando.
Busquei meu netbook no hotel e coloquei o mecânico para conversar com o
Miguel. O Miguel falou diretamente com o Jorge
Duarte, perguntando-lhe o que havia sido encontrado por este último, o que fizera até
então e os resultados que encontrou.
O Miguel, posteriormente, relacionou as peças
com “part number”, preços e prazo de entrega, porém desaconselhou que o serviço
fosse feito pelo Jorge Duarte, diante de sua infra estrutura modesta.
Aconselhou o envio da moto para Neuquén, onde poderia busca-la com sua
camionete e carreta de moto, levando-a a Jujuy onde a repararia nas próximas
semanas.
O Marcos afirmou ter a
garantia vigente por mais 10 meses com a BMW e o BMW Service poderia buscar sua
moto, levando-a e a ele a São Paulo. A dúvida surgiu quando se empregou mão de
obra técnica não autorizada, que poderia trazer-lhe dificuldades legais com a
BMW, que poderia alegar perda de garantia por isto.
Putz, como alegar perda de
garantia se a tentativa de reparo foi em função de problema técnico que não
deveria ocorrer com a moto e que estava, certamente, coberto pela garantia. Como alegar que a mão de obra deveria ser
qualificada e autorizada se a próxima concessionária dista, no mínimo, 1.000km
daqui? Qualquer um se valeria do mesmo
expediente para sair e continuar sua viagem depois de quase 6.000km rodados de
São Paulo até Ushuaia.
Todas as revisões foram feitas
dentro do programa elaborado pela BMW e a falha só poderia ser responsabilidade
da BMW, seja por defeito em alguma peça ou de mão de obra!
Dúvida cruel e que deixou o
Marcos muito confuso quanto a decidir o que fazer. Tenho lhe dado o melhor apoio possível,
inclusive ficando com ele, levando-o onde necessita, emprestando-lhe minha moto
etc. Só não posso tomar decisões que
deverão ser tomadas por ele, uma vez que os custos, prazos e as implicações
decorrentes serão responsabilidades dele.
Estou com ele, inclusive
deixando de fazer meus passeios, não o abandonando em Ushuaia para continuar
minha viagem, até que ele já tenha se decidido por algo.
Há pouco, ele retornou de uma
ida ao centro para localizar um hotel mais barato que este e, aproveitando,
conversou com um piloto que tem moto Kawasaki. Este lhe disse que o mecânico
Jorge Duarte não tem qualidade técnica para trabalhar em motos como a dele e do
Marcos. Garantiu que amanhã cedo levará o Marcos até o dono de uma
transportadora daqui para ver quanto custará o envio da moto até BAires ou
Jujuy ou mesmo Neuquén. Aparentemente, a
única solução será despachar a moto, tirando-a daqui, onde não há qualquer
recurso técnico e pessoal para o reparo.
Mesmo desesperançado e muito
chateado com a interrupção de sua viagem, o Marcos gostou do papo e está no
Skype conversando com o Miguel sobre suas ideias.
Espero que ele chegue a uma
conclusão e que seja a melhor possível para que não gaste muita grana, nem leve
muito tempo, pois seu único transporte é sua moto!
Com tal decisão, eu poderei
fazer meus passeios e me mandar rumo a Punta Arenas-Puerto Natales-Torres del
Paine (Chile) e retornar à Ruta 40, seguindo rumo ao norte e suas paisagens
magníficas.
Pena que estarei em viagem
solo, de novo e com o Marcos retornando a Sampa sem concluir seu projeto tão
esperado. Coisas da vida.
Por hoje é só! Fiquem com Deus!
Um comentário:
Li outro dia um texto:
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
~ AMYR KLINK (livro Mar Sem Fim)
É isso ai Mecca, vc está no caminho certo...continue sua viagem solo a partir de agora, com as bençãos do Pai maior! Abraços!
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