sexta-feira, 1 de março de 2013

RUMO A USHUAIA - 2013 - 16º DIA - USHUAIA - AINDA

RUMO A USHUAIA - 2013 – 16º DIA – 25/02/2013 - USHUAIA - AINDA

Segunda feira, muitas nuvens e neblina forte prenunciavam um dia feio e frio.
Durante o café, combinamos passar na oficina e pedir que o Jorge Duarte montasse a moto, como estava, sem arrancar mesmo, pois o Marcos havia decidido tratar com a BMW Service, com a qual tem a garantia da moto, para enviá-la a São Paulo e conseguir sua passagem o mais rápido possível.

De lá, iríamos fazer os passeios combinados, pelo menos: Parque Nacional da Terra do Fogo e o Trem da Prisão (réplica de máquinas e com vagões). Estavam muito recomendados, inclusive por aqueles que nunca os visitaram, mas os viram pelos sites.

Passamos na oficina por volta das 09h30 e a encontramos fechada, novamente. Diante disso, seguimos para o Parque Nacional, levando o Marcos em minha garupa. A partir de determinado ponto, termina o asfalto e começa o rípio muito bem cuidado, com caminhões pipa regando sempre, evitando que as pedras se soltem, tornando-o quase um asfalto meio barrento. Depois de uns 12 kms, vimos o portal do Parque.

A entrada do Parque é simples, com cancela e uma cabine onde pagamos P$ 60,00 por pessoa, recebendo um comprovante e 2 folhetins sobre as atrações de lá. Rodamos uns 5 ou 6 kms sem qualquer atração e já imaginávamos ter sido enganados! Mato, floresta  e nadinha de montanhas, lagos ou qualquer outra beleza natural.

Ledo engano! Aquele parque, de repente, tornou-se um manancial de paisagens belíssimas, com vales, rios e lagos de degelo e montanhas com cume nevado, lembrando, sem modéstia, as paisagens suíças que há em calendários daquele país.  Algumas são de tirar o fôlego e de fazer qualquer ser humano sentir-se muito pequeno diante da grandiosa obra natural que se avistava.

Cada uma das 3 ou 4 estradinhas em rípio que pegávamos nos levava a lugares fantásticos. As fotos feitas pelo Marcos, já que minha câmera havia falhado, não desmentirão o que relato aqui. É um lugar que merece ser visitado e qualquer propaganda não traduzirá totalmente as belezas que aguardam àqueles que o visitarem.












 


 

Deve ser esta a opinião das inúmeras excursões que chegam, uma atrás da outra, em visitação ao Parque Nacional da Terra do Fogo.

Um detalhe interessante e de extrema gentileza foi feita por uma senhora de Ushuaia, que estava acompanhada por outra senhora e seu filho, ambos franceses. Ao chegarmos a um dos lagos, os encontramos sentados em um banco de madeira e faziam um pequeno lanche com cappuccino e torta de maçã, em quase um piquenique.

Nós os cumprimentamos e seguimos fazendo nossas fotos, quando a senhora argentina nos perguntou de onde éramos e para onde iríamos. Iniciada a conversa, logo veio ela trazendo um copo com cappuccino bem quente e a cesta com a torta de maçã.  Tudo bem, havíamos tomado nosso desayuno muito bom no Ushuaia Green House, mas dispensar uma torta tão apetitosa não foi nossa decisão.  Agradecemos e devoramos aquela delícia.  Depois vieram as fotos e a despedida.





 

Continuamos nosso passeio pelo Parque Nacional Tierra del Fuego, seguindo outras estradinhas em ripio que nos levaram a lugares muito especiais e dignos de fotos como as abaixo:

























Estávamos saindo do Parque Nacional quando vimos uma placa informando: Ushuaia 12 km e Ensenada 2 km.  Quase desisto de entrar naquela estradinha que descia em direção ao mar (Canal de Beagle). Depois de 1 km, descendo, abriu-se uma paisagem magnífica! O Canal de Beagle, a Ilha Redonda e, ao fundo, diversas montanhas com cumes nevados. Não havia infraestrutura, a não ser um pequeno trapiche com uma cabine ou lojinha, como queiram e uma fila de estrangeiros esperando para entrar.





 

Dezenas de pessoas de várias excursões se espalhavam pela beira do Canal, algumas deitadas sobre a grama, aproveitando o sol que abrira quando entramos no Parque.

Algumas fotos do Marcos, outras minhas e entramos na fila.  Bem, era uma lojinha onde se vende cartões postais alusivos à Terra do Fogo ou Fim do Mundo, sendo também uma agência oficial dos correios argentinos.





Dentro dela, havia um senhor de cabelos brancos e cheios, com um bigode espesso que emendava com sua barba, tipo antigos nobres.

Muito simpático, colocava selos e carimbava passaportes dos turistas como o Primeiro Ministro do País Ilha Redonda. Todos queriam fazer uma foto com ele, mulheres e homens, inclusive eu e o Marcos!  Cobrava P$ 10,00 ou US$ 2,00 por isto. Coisa simples, bem bolada e que enchia suas burras, fazendo a todos satisfeitos pela visita ao País da Ilha Redonda.....





 

Dalí, saímos do Parque Nacional e, retornando à cidade, passamos pela Estação do Tren Del Fin del Mundo.  Ainda era cedo e ficamos zanzando por ali, vendo trens, máquinas, lojinhas de regalos, fazendo fotos diversas, como as abaixo etc.
 

 
 
 
O ingresso para o trem foi P$ 175,00 + Ingresso ao Parque Nacional P$ 60,00.  Como havíamos guardado os ingressos daquela visita, não precisamos pagar novamente.




 

No horário, ingressamos no trem, que comportava uns 8 vagões de turistas, primeira classe e especial. Estas últimas custavam cerca de  P$ 300,00 e P$ 400,00 com direito a algumas guloseimas, pequena champanhe e um vagão melhorzinho.  Pelo tempo e qualidade da “viagem” não valeria a pena gastar um centavo a mais.

O trem parece de brinquedo, circulando por trilhos com 50cm de espaçamento entre eles, logo com baixa velocidade (~40 km-hora), vagões pequenos e locomotiva em escala muito menor que as que costumamos ver nos filmes. A locomotiva queima óleo diesel, aquece a água gerando vapor, que movimenta os pistões, girando as rodas e puxando os vagõezinhos.

Durante o trajeto, passamos por riachos de degelo, com águas cristalinas, por campos de antiga floresta devastada pelo homem, restando somente os tocos com dezenas de anos, apodrecendo ao tempo. Aquelas árvores foram cortadas por prisioneiros que construíram a linha férrea original, tornando-as os dormentes e trilhos, que também eram de madeira.






















 

Enquanto deslizava, vagarosamente pelos trilhos e pela paisagem, uma narrativa da construção, seus motivos e suas dificuldades era enviada em 3 línguas para os turistas.  Confesso que, em determinado momento, senti muito sono, desejando que aquela viagem terminasse rapidamente.

Enfim, chegamos ao final, pegamos minha moto e retornamos à cidade. Passamos por ela e fomos diretamente à oficina do Jorge.  Eram quase 18h00, ainda que o sol brilhasse muito e o  e frio congelasse nossas mãos e corpo.

Encontramos o Jorge eufórico, dizendo que “a fé remove montanhas!”.  Afinal, sua alegria se baseava em que havia desmontado tudo que fizera e remontara seguindo as orientações do Miguel – Jujuy, tendo encontrado um pequeno erro anterior que impedia a moto de arrancar. Todo feliz, ligou a chave e a moto não arrancou por baixa carga na bateria. Colocou seu carregador de bateria conectado e a moto pegou, roncando redondinho, segundo meus ouvidos.  Até eu fiquei contente, pois o Marcos poderia seguir a viagem que tanto planejara.



 Percebi, entretanto, que o Marcos não se ligou muito nisso e, quando indagado sobre colocar nova bateria, já que aquela já vinha lhe dando problemas na viagem, ele disse que poderia montar a moto com sua carenagem, que ele não gastaria mais dinheiro.  Em suma, ali ele tomou a decisão que mais lhe convinha, a de enviar a moto para o Brasil e retornar de avião.

Ele mesmo montou a carenagem de sua moto enquanto o Jorge trocava o óleo da minha e reapertava os parafusos da estrutura de proteção do motor, sobre a qual descanso minhas pernas durante as esticadas.

Para minha troca de óleo, a mão de obra foi P$ 100,00 = R$ 40,00 com o óleo Motul 5100 comprado à parte. Para a do Marcos, ele havia cobrado US$ 200,00 antes do serviço e o Marcos o pagou com o equivalente em P$, câmbio oficial.

Observei a frustração do Jorge Duarte ao saber que a moto não continuaria a viagem, clareando que não havia confiança no trabalho que fizera. Fiquei um pouco decepcionado, entretanto, foi uma decisão soberana do Marcos e não cabia a mim qualquer comentário em contrário.  Preocupava-me que esta decisão poderia fazê-lo arrepender-se depois pela não tentativa de prosseguir, abortando a viagem na metade do caminho.

Saí um pouco à frente, indo para o Hotel. Precisava arrumar minhas coisas e me preparar para partir. A decisão que esperava foi tomada, o Marcos teria os contatos com a BMW Service, que o levaria e à moto para São Paulo, buscaria outro hotel para ficar, já que aquele seria somente para a noite de 2ª para 3ª feira.

Seguindo minha dica, o Marcos quis andar um pouco com a moto para ajustar melhor as válvulas, dando-lhe melhor aparência pela combustão. Levou-a para o hotel logo depois de sair da oficina.  Tomamos banho e nos preparamos para jantar com sua moto nos levando à cidade. Quando saí do hotel não encontrei o Marcos e o esperei.  Ele deveria ter dado uma voltinha para me buscar.  Dali a pouco ele chega a pé, com o capacete na mão, dizendo que a moto não havia pegado, mesmo descendo a rua do hotel.

Fomos até ela, empurramos e empurramos, sem sucesso! Sabíamos que a bateria estava detonada, daí não pegar mesmo. No tranco, o pneu derrapava, sem dar o travamento necessário para pegar o motor.

Bem, empurramos a moto até o hotel e a deixamos lá. Perdi o tesão de jantar fora e combinamos de ir ao mercado buscar algo para comer., o que fizemos.  Com a orientação da Sra. Milta, do hotel, pudemos utilizar as instalações da cozinha para aquecer nossos lanches, comendo-os com suco de limão em caixa.  Estávamos famintos, pois a última dentada que déramos foi na torta, que ganhamos no Parque Nacional.

Estávamos calados, sem querer conversar e assim foi a noite quase toda, cada um para seu lado dentro do hotel, mesmo que arrumando as malas.  Qualquer comentário seria impróprio naquele momento.

Passava da meia noite quando decidi dormir e o Marcos continuou arrumando suas coisas.  Nem sei quando dormiu.  Eu apaguei!

Por hoje é só!  Fiquem com Deus!

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