A ideia era sair de Chos Malal, seguindo até San Rafael, distante uns 550km, passando por Malargue e, tendo algum atrativo, parar para visitar e fotografar.
Ao passar por Barrancas, sentindo os pneus muito duros, desde que saímos de San Martin de Los Andes, parei numa “gomeria” e pedi para verificar as pressões. Estavam assim desde que o pneu traseiro começou a murchar, descrito atrás. Naquela ocasião, o Luca mediu 40 libras no traseiro e 32 no dianteiro. Em Barrancas estavam: 52 traseiro e 41 dianteiro!!! Putz! O amigo de Barrancas calibrou pois, depois, senti a moto normal, como sempre.
Tudo corria bem, em que pesassem o frio e o vento gelado que me acompanharam um tempão. Até fotografei o céu para ver que as nuvens cobriam o sol totalmente, favorecendo o frio e, quiçá, formação de gelo superficial, como anunciavam as placas de sinalização. As curvas mais largas eu fazia com 80 ou 100 km-h e nas mais fechadas, desde 40 a 60 km-h, de tão desconfiado estava com aquele piso.
Acontece que no trecho entre as cidades de SM de Los Andes e San Rafael, o piso ficou muito ruim na Ruta 40. Tão logo passamos a ponte que separa a Província de Neuquén e Mendoza, a Ruta 40 vira um inferno, com rípio em 49km, quando a placa sinalizadora informava 40km e vários trechos com antigo asfalto (uma casquinha) que ficou parecendo queijo suíço de tantos buracos. O rípio que atravessei foi muito difícil pois o tempo todo estava fofo devido a máquina (patrola) ter “nivelado” a pista. Foi muito cansativo, pois não havia as “pistas de outros veículos” que tanto usamos nesses casos.
Acima, a placa informando 40 km de ripio, todavia somaram mais de 60km. A passagem da patrola sempre piora a situação pois solta o ripio nivelando o piso, perdendo-se o "amassado" das rodas anteriores.
Acima, a placa informando 40 km de ripio, todavia somaram mais de 60km. A passagem da patrola sempre piora a situação pois solta o ripio nivelando o piso, perdendo-se o "amassado" das rodas anteriores.
Faltavam uns 5km daquele ripio danado quando a roda traseira derrapou, fazendo com que eu ficasse com o peso da moto no braço esquerdo (ombro ferrado desde Ushuaia) e a perna esquerda. Com todo o peso da moto e bagagem, só consegui segurar um pouco e a moto deitou, batendo com a mala lateral esquerda (mais pesada devido ferramentas, compressor etc) em uma pedra maior. Com isto o suporte da mala quebrou.
Não há como explicar a deitada ou queda a não ser distração com a pista e a escolha da melhor passagem. Observem que se eu pilotasse mais ao centro da pista, pegaria menos ripio solto, acumulado nas laterais.
Com a moto deitada na pista, esperei um carro e chegou uma camionete cabine dupla, da empresa SKANKAS, com 3 bons camaradas que me ajudaram a erguer a moto, deixando-a de pé, sem qualquer arranhão, a não ser o suporte quebrado. Como levar a mala lateral esquerda? O motorista, Eduardo Torres, teve a ideia de levar todas as malas e deixa-las à minha espera no hotel que ficariam, em Malargue. Isto feito, seguiram e eu fui “indo” naquele ripio enjoado.
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, certo? Vejam que eu seguia me equilibrando na moto e até bem, mas devagar, escolhendo onde passar as rodas. Cruzaram comigo 3 motos (não sei de onde, mas eram argentinos ou chilenos), pilotando de pé e num pau só!!!!! Senti-me aquele garotinho que andava de bicicletinha com rodas de apoio...KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK....
Isto já foi asfalto!!! Parece-me que o governador de Mendoza se opõe à Sra. Presidente Cristina...
O piso só ficou melhorzinho ao me aproximar de Malargue. A moto fez 19,5 km-l neste trecho todo, até pela velocidade menor, claro! Abriu reserva com 337km, mas quando completei o tanque havia 4,5 litros no tanque!!! Preciso regular a chave de nível do tanque.
Completado o tanque, procurei um torneiro mecânico para fabricar aquela peça e estava difícil de encontrar. Um mecânico me orientou para um, mas o cara estava fechado para a “siesta”, devendo retornar às 17h00. Procurei uma hosteria ou hotel e encontrei o Valle Hermoso, muito legalzinho e barato (P$ 170,00 com café da manhã). Eu estava imundo pela poeira do ripio, mas aquela senhora que me atendeu foi muito amável e me conseguiu o quarto.
Saí em seguida para ir ao Hotel Rio Grande, onde estavam hospedados aqueles bons camaradas que me ajudaram no ripio. Sabia que dormiriam até as 17h00 e os esperei na frente daquele hotel. Para piorar tudo, além dos problemas, começou a garoar forte e eu precisava levar a peça quebrada ao torneiro.
Às 17h15, o Eduardo Torres saiu do hotel e levou as malas até meu hotel, em mais uma gentileza que me confirmam a generosidade argentina com todos, inclusive brasileiros como eu. Despedimo-nos e ele retornou ao seu hotel.
Coloquei as malas no quarto e me mandei atrás do torneiro. Dá-lhe garoa! Encontrei o lugar depois de perguntar, novamente, àquele mecânico onde ficava o torneiro, pois havia motocado tanto na cidadezinha buscando hotéis que me enrolei.
A oficina estava à toda e acredito que a siesta realmente faz bem a todos, pois trabalham com muita disposição!
(*) Metalurgica El Flaco - Fone: 2604 338553 - Gabriel e Nelson Flores (técnicos) e Jorge - dono.
Receberam-me muito bem, analisaram a peça, movimentaram o nariz devido o serviço a fazer, mas não o recusaram. Soltaram o que havia ficado parafusado na moto e ficaram com a peça que lhes trouxe e havia quebrado. Batemos um papo legal e me garantiram que amanhã ao meio dia eu poderei voltar e montar a peça.(*) Metalurgica El Flaco - Fone: 2604 338553 - Gabriel e Nelson Flores (técnicos) e Jorge - dono.
Caramba! Se isto acontecer ficarei muito contente, já que não terei que amarrar coisas à moto, tal qual a maleta no banco traseiro, desequilibrando tudo.
Confesso que com a estrada ruim como está, com a garoa e com o frio constante, estou perdendo a vontade de visitar um ou outro lugar recomendado pelo Centro de Turismo. Verei o que farei amanhã pela manhã, já que só voltarei àquela oficina às 12h00. Se der tempo, farei algum percurso, caso contrário...
O pneu dianteiro está bem, podendo até chegar a Ciudad del Este ou mesmo São Paulo, porém o traseiro está ficando gasto demais e patina no ripio. Como sei que ainda terei ripio pela frente, estou buscando economizar o bicho em eventuais passeios que tenham ripio como piso.
Meu amigo Miguel Liendo, de Jujuy, me disse que poderei encontrar pneus em Mendoza, distante uns 400km daqui, caso contrário, poderei subir até Santiago – Chile e trocar com bom preço. Vamos ver o que acontece daqui a Mendoza.
Um resumo de hoje?
Pura emoção e dor de cabeça com a estrada, com o suporte da mala traseira esquerda, com a garoa e com o frio. Por outro lado, houve a compensação de ter encontrado pessoas que, em atitudes simples, demonstraram a maior boa vontade com este motociclista, metido a aventureiro. Com isto, o resultado é só alegria, haja vista que estou aqui porque quis e quero, sem precisar explicar ou justificar nada, nem mesmo se desistisse de seguir adiante, faltando ainda mais de 5.000km até minha querida Sampa, família e amigos. Tudo isto fará parte da minha história, que sempre terei como contar, pois vivi tudo isto, entenderam?
Daqui a pouco sairei para jantar, já que tomei o café da manhã e, à tarde, a senhora do hotel me preparou café com leite e facturas (croissants) deliciosos.
A fome batia forte e decidi comer uma parrilla. Ia perguntar à senhora do hotel quando um casal de argentinos também perguntou a mesma coisa. Acabamos saindo quase juntos, mas jantamos os três na mesma mesa, com muita conversa, alegria e dicas de lugares a visitar. Estão aposentados e vivem a vida que sempre desejaram. Viajando sempre! Muito agradável este jantar!
Amanhã terá mais, acreditem!
Fiquem com Deus!
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