sexta-feira, 1 de março de 2013

RUMO A USHUAIA - 2013 - 17º DIA - SAN SEBASTIAN


RUMO A USHUAIA - 2013 – 17º DIA – 26/02/2013 - SAN SEBASTIAN

Terça feira, acordei às 06h30, recolhi minhas roupas lavadas na noite anterior, que ficaram sobre os aquecedores e estavam secas. Comecei a arrumar minhas coisas e quando chegou 07h00 fui ao café. 

Logo chegou o Sr. Alejandro, sócio do hotel e que sentou comigo para seu café rápido. O Sr. Alejandro é daqueles que trabalham do meio dia à meia noite, igual a mim. Batemos um bom papo, orientou-me quanto à ida a Punta Arenas, afirmando que é uma cidade maravilhosa, com estilo muito antigo, da época do fausto, com prédios antigos, conservados e vários palácios.  Muita coisa a ver e visitar. Falamos de nossas coincidências, entre outras o Rotary Club, do qual também é membro e do qual já fui companheiro rotariano, em Macaé-RJ, há vários anos.

Além de ser uma figura muito simpática, sorridente, é muito culto, sendo professor universitário. É também campeão nacional de esgrima e participa de campeonatos mundiais, incluindo Olimpíadas. Colocou-se à disposição dos meus amigos motociclistas.

Aproveitei para dizer-lhe da extrema eficiência da Sra. Milta, que nos recebeu quando de nossa chegada a Ushuaia, às 01h50, com ingresso no apto às 02h00. Disse-lhe de sua gentileza no atendimento às nossas necessidades, auxílio via Internet, entre tantas outras coisas que ela, gentil e eficientemente, nos ajudou. Desejo, neste momento, fazer um julgamento de valor a esta Sra., pois sua qualidade supera a eficácia, a gentileza profissional apurada e chega às raias do amor ao próximo, com sua compreensão, tolerância e boa vontade.

Devido compromissos, o Sr. Alejandro se despediu e seguiu para suas atividades profissionais.

Logo em seguida, chegou o Marcos.

Ainda estávamos calados, cada um com seus pensamentos. Eu, certamente, vislumbrando e me preparando para o retorno ao Brasil via Ruta 40, passando antes por Punta Arenas, Puerto Natales e Torres del Paine no Chile. Embora acostumado a viagens solo, há que se reprogramar para assumir uma que começou em dupla. Ainda bem que a ruptura da parceira não se deveu a desentendimento, como costuma acontecer, mas por insegurança técnica, segundo o Marcos.

Precisava terminar minha arrumação e sair, pois assim já deixaria para trás os 6.000km rodados juntos e começaria os quase 8.000km a rodar solo, entremeados por rípio e asfalto.

Estava conversando com a Sra. Milta sobre meu SPOT, localizador via satélite, que anda dando mancadas, não enviando vários eventos que envio, quando chegou a Gabriela, uma jovem moradora de Ushuaia, “moto viajeira”, que havia chegado para ajudar o Marcos a encontrar uma pousada mais em conta, pelo tempo que precisasse, até chegar a definição da BMW.

Muito simpática, típica irmã motociclista, cheia de histórias de viagens, inclusive ao Brasil com sua Falcon. Conversamos bastante, participando a Sra. Milta que se interessou pela figura inusitada da sorridente Gabriela e suas histórias.

Antes mesmo de terminarmos nosso papo, chegou o Marcos que estava conversando com a BMW Service, informando que esta já havia reservado seu voo para São Paulo com escala em BAires.  A moto poderia ficar no Hotel Ushuaia Green House, que logo viriam busca-la e leva-la a São Paulo.

Como o voo programado estava com horário próximo, a Gabriela decidiu leva-lo ao aeroporto. Antes foi feita uma foto oficial de despedida de todos.

Nos despedimos e ambos deixaram o hotel.

Terminei meus encaixes da bagagem na moto, me despedi da Sra. Milta, liguei minha moto e desci a rua que me levava ao centro da cidade e de lá para a Ruta Nacional 3, que me levaria à travessia do Estreito de Magalhães, quiçá no dia seguinte, devido o avançado da hora.

Passei pelo Portal de Entrada da Cidade, com seu Bienvenidos a Ushuaia, tendo-o fotografado com meu celular Nextel, usado há vários dias como câmera, já que não há serviço desde BAires.





Peguei a Ruta Nacional 03 e segui rumo ao Lago Escondido, 58 kms adiante, para agradecer, de novo, à dupla que nos acolheu na noite de chegada a Ushuaia.

Pude assim, ver que a estrada é muito bonita, com verdejantes florestas, muitos montes e lagos, tudo inviabilizados de se ver naquela noite chuvosa e muitíssimo fria.

Chegando à Unidade de Polícia Caminera, em Lago Escondido, não encontrei a mesma equipe, mas deixei meu agradecimento e meu abraço a ela.  Retomei minha viagem em direção a Rio Grande e, além, San Sebastian, pouco antes do rípio com 130km.

Decidi passar ao largo de Rio Grande e dirigir-me a San Sebastian, imaginando que haveria uma cidade além daquele posto de gasolina e da 2ª Aduana Argentina-Chilena.
 
Parei para abastecer, cujo tanque apresentou reserva alguns kms antes, sendo que o frentista derramou nafta (gasolina) sobre meu tanque antes mesmo de abastecer, por estar prestando atenção à outra bomba de diesel.  Fiquei muito P. da vida e saí atrás de pano e sabão para lavar o tanque, evitando que prejudicasse a pintura da minha Yellow.

Depois, com mais calma, ele abasteceu a moto e me confirmou que a cidade mais próxima seria, retornando, Rio Grande, a 80 km e à frente, Cerro Sombrio, a uns 150kms depois do rípio.  Disse ao mesmo tempo que aquele posto pertencia à rede ACA – Automóvel Clube Argentino e que ao lado estava uma Hosteria do ACA. Bem, mesmo não tendo Internet, estar longe de tudo, decidi ficar por ali mesmo, evitando trafegar no rípio ao cair da tarde.  Preferi fazê-lo amanhã, pela manhã.

Saí do posto e fui à Hosteria, ao lado. Estava fechada. Eram 16h00! Devido o frio, fui ao frentista, de nome Eduardo, que me informou ser possível o rapaz que cuida estar dormindo.  Bati por várias vezes na porta, sem sucesso!

Como estava com fome, fui a uma barraquinha de lanches em frente, do outro lado da estrada e comi um hambúrguer com coca cola. Muito educada, a Sra. Cristina, disse que fica naquele posto de lanches por 4 meses ao ano, que são aqueles em que o movimento é de temporada.  Depois vem o outono, frio e o inverno com sua neve. Nos outros meses do ano ela vive em Rio Grande com sua família.

Retornei à Hostel e nada!  Vieram os rapazes cujo trabalho se assemelha aos Anjos do Asfalto da via Dutra. Conversaram comigo e disseram que só abriria às 18h00!!!!  Putz, alguém já viu um hotel ou hosteria que fecha para siesta dos funcionários¿  Quer dizer, o cliente que quer se hospedar ficará na rua até que reabram!

Sem alternativa, esperei até que o rapaz a abriu, sem me olhar e sem me falar nada, se retirou para dentro. Entrei e a primeira coisa que lhe perguntei foi: Vc está bem¿ Está mais nervoso que eu¿ Meio sem graça, mas ainda mau humorado, procurou se desviar do meu olhar.  Eu estava P da vida, pois ele estava no posto quando cheguei e deve ter sabido que eu ficaria hospedado alí.

Disse-me o preço do pernoite = P$ 360,00 ~ R$ 145,00!!!!!  Este é, sem dúvida, o maior preço de pernoite que paguei até agora nesta viagem. Aqui dentro posso confirmar a vocês que isto aqui, perto do Ushuaia Green House ou mesmo o Concorde Hotel (BAires) é muito humilde.  Internet-NÃO; TV no quarto- NÃO.  Veremos o café da manhã...

Vejam bem, retornar cerca de 80 km para Rio Grande ou seguir pelo rípio para chegar à próxima cidade não me pareceram boas ideias e resolvi ficar por aqui mesmo.

Tratei com o mau humorado e fiquei com o quarto 06, onde estou dedilhando este blog.

Às 21h00, fui à recepção e perguntei se havia cardápio com comida ou o que mais eu pudesse comer mais tarde. Já recuperado seu humor, o rapaz foi educado, mesmo sem ser gentil, e disse poder fazer um bife de chorizo com batatas fritas.

Disse-lhe que sim, pedi uma cerveja e aguardei. Dentro em pouco, veio o prato com o contra filé meio duro e as batatas. Regado a cerveja, até que desceu bem e aqui estou com a barriga satisfeita e a cabeça feliz depois da Quilmes Cristal 1 litro.

Durante o jantar, ele fez algumas perguntas e respondeu outras, tendo sido estabelecido um canal de comunicação melhor que aquele de início.

Depois do jantar, disse-lhe que me levantaria por volta das 07h00 e ele concordou dizendo que prepararia o desayuno para aquele horário.

Só para lembrar, saí de Ushuaia com o tanque cheio com 60.676km e cheguei a San Sebastian com reserva aberta aos 60.966km e enchi o tanque com 60.978km – 16,40 litros.  Vindo à base de 130km-hora, a média deu = 19 km-litro.

A esta altura, o Marcos já deve estar com sua família, em casa, reconfortado pelos pais e pelos amigos do facebook. Não deve nem estar lembrando desse cara que está perdido nessa San Sebastian que não existe, a não ser no mapa da Argentina, para denominar o posto aduaneiro e o posto de combustível existente!

Amanhã por volta das 08h00 estarei atravessando esta primeira aduana conjunta Argentina-Chile, rodarei por uns 130 kms de rípio, usando outro caminho que não o dos caminhões e da imensa poeira. Mesmo que o piso esteja pior que aquele, irei devagar e sempre, chegando ao meus destino, se Deus quiser e, sei, Ele quer!

Por hoje é só!  Fiquem com Deus!

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