RUMO A USHUAIA - 2013 – 17º DIA – 26/02/2013 - SAN SEBASTIAN
Terça
feira, acordei às 06h30, recolhi minhas roupas lavadas na noite anterior, que
ficaram sobre os aquecedores e estavam secas. Comecei a arrumar minhas coisas e
quando chegou 07h00 fui ao café.
Logo
chegou o Sr. Alejandro, sócio do hotel e que sentou comigo para seu café
rápido. O Sr. Alejandro é daqueles que trabalham do meio dia à meia noite,
igual a mim. Batemos um bom papo, orientou-me quanto à ida a Punta Arenas,
afirmando que é uma cidade maravilhosa, com estilo muito antigo, da época do
fausto, com prédios antigos, conservados e vários palácios. Muita coisa a ver e visitar. Falamos de
nossas coincidências, entre outras o Rotary Club, do qual também é membro e do
qual já fui companheiro rotariano, em Macaé-RJ, há vários anos.
Além
de ser uma figura muito simpática, sorridente, é muito culto, sendo professor
universitário. É também campeão nacional de esgrima e participa de campeonatos
mundiais, incluindo Olimpíadas. Colocou-se à disposição dos meus amigos
motociclistas.
Aproveitei
para dizer-lhe da extrema eficiência da Sra. Milta, que nos recebeu quando de
nossa chegada a Ushuaia, às 01h50, com ingresso no apto às 02h00. Disse-lhe de
sua gentileza no atendimento às nossas necessidades, auxílio via Internet,
entre tantas outras coisas que ela, gentil e eficientemente, nos ajudou.
Desejo, neste momento, fazer um julgamento de valor a esta Sra., pois sua
qualidade supera a eficácia, a gentileza profissional apurada e chega às raias
do amor ao próximo, com sua compreensão, tolerância e boa vontade.
Devido
compromissos, o Sr. Alejandro se despediu e seguiu para suas atividades
profissionais.
Logo
em seguida, chegou o Marcos.
Ainda
estávamos calados, cada um com seus pensamentos. Eu, certamente, vislumbrando e
me preparando para o retorno ao Brasil via Ruta 40, passando antes por Punta
Arenas, Puerto Natales e Torres del Paine no Chile. Embora acostumado a viagens
solo, há que se reprogramar para assumir uma que começou em dupla. Ainda bem
que a ruptura da parceira não se deveu a desentendimento, como costuma
acontecer, mas por insegurança técnica, segundo o Marcos.
Precisava
terminar minha arrumação e sair, pois assim já deixaria para trás os 6.000km
rodados juntos e começaria os quase 8.000km a rodar solo, entremeados por rípio
e asfalto.
Estava
conversando com a Sra. Milta sobre meu SPOT, localizador via satélite, que anda
dando mancadas, não enviando vários eventos que envio, quando chegou a
Gabriela, uma jovem moradora de Ushuaia, “moto viajeira”, que havia chegado
para ajudar o Marcos a encontrar uma pousada mais em conta, pelo tempo que
precisasse, até chegar a definição da BMW.
Muito
simpática, típica irmã motociclista, cheia de histórias de viagens, inclusive
ao Brasil com sua Falcon. Conversamos bastante, participando a Sra. Milta que
se interessou pela figura inusitada da sorridente Gabriela e suas histórias.
Antes
mesmo de terminarmos nosso papo, chegou o Marcos que estava conversando com a
BMW Service, informando que esta já havia reservado seu voo para São Paulo com
escala em BAires. A moto poderia ficar
no Hotel Ushuaia Green House, que logo viriam busca-la e leva-la a São Paulo.
Como
o voo programado estava com horário próximo, a Gabriela decidiu leva-lo ao
aeroporto. Antes foi feita uma foto oficial de despedida de todos.
Nos
despedimos e ambos deixaram o hotel.
Terminei
meus encaixes da bagagem na moto, me despedi da Sra. Milta, liguei minha moto e
desci a rua que me levava ao centro da cidade e de lá para a Ruta Nacional 3, que
me levaria à travessia do Estreito de Magalhães, quiçá no dia seguinte, devido
o avançado da hora.
Passei
pelo Portal de Entrada da Cidade, com seu Bienvenidos a Ushuaia, tendo-o
fotografado com meu celular Nextel, usado há vários dias como câmera, já que
não há serviço desde BAires.
Peguei a Ruta Nacional 03 e segui rumo ao Lago Escondido, 58 kms adiante, para agradecer, de novo, à dupla que nos acolheu na noite de chegada a Ushuaia.
Peguei a Ruta Nacional 03 e segui rumo ao Lago Escondido, 58 kms adiante, para agradecer, de novo, à dupla que nos acolheu na noite de chegada a Ushuaia.
Pude
assim, ver que a estrada é muito bonita, com verdejantes florestas, muitos
montes e lagos, tudo inviabilizados de se ver naquela noite chuvosa e
muitíssimo fria.
Chegando
à Unidade de Polícia Caminera, em Lago Escondido, não encontrei a mesma equipe,
mas deixei meu agradecimento e meu abraço a ela. Retomei minha viagem em direção a Rio Grande
e, além, San Sebastian, pouco antes do rípio com 130km.
Decidi
passar ao largo de Rio Grande e dirigir-me a San Sebastian, imaginando que
haveria uma cidade além daquele posto de gasolina e da 2ª Aduana
Argentina-Chilena.
Parei
para abastecer, cujo tanque apresentou reserva alguns kms antes, sendo que o
frentista derramou nafta (gasolina) sobre meu tanque antes mesmo de abastecer,
por estar prestando atenção à outra bomba de diesel. Fiquei muito P. da vida e saí atrás de pano e
sabão para lavar o tanque, evitando que prejudicasse a pintura da minha Yellow.
Depois,
com mais calma, ele abasteceu a moto e me confirmou que a cidade mais próxima
seria, retornando, Rio Grande, a 80 km e à frente, Cerro Sombrio, a uns 150kms
depois do rípio. Disse ao mesmo tempo
que aquele posto pertencia à rede ACA – Automóvel Clube Argentino e que ao lado
estava uma Hosteria do ACA. Bem, mesmo não tendo Internet, estar longe de tudo,
decidi ficar por ali mesmo, evitando trafegar no rípio ao cair da tarde. Preferi fazê-lo amanhã, pela manhã.
Saí
do posto e fui à Hosteria, ao lado. Estava fechada. Eram 16h00! Devido o frio,
fui ao frentista, de nome Eduardo, que me informou ser possível o rapaz que
cuida estar dormindo. Bati por várias
vezes na porta, sem sucesso!
Como
estava com fome, fui a uma barraquinha de lanches em frente, do outro lado da
estrada e comi um hambúrguer com coca cola. Muito educada, a Sra. Cristina,
disse que fica naquele posto de lanches por 4 meses ao ano, que são aqueles em
que o movimento é de temporada. Depois
vem o outono, frio e o inverno com sua neve. Nos outros meses do ano ela vive
em Rio Grande com sua família.
Retornei
à Hostel e nada! Vieram os rapazes cujo
trabalho se assemelha aos Anjos do Asfalto da via Dutra. Conversaram comigo e
disseram que só abriria às 18h00!!!!
Putz, alguém já viu um hotel ou hosteria que fecha para siesta dos
funcionários¿ Quer dizer, o cliente que
quer se hospedar ficará na rua até que reabram!
Sem
alternativa, esperei até que o rapaz a abriu, sem me olhar e sem me falar nada,
se retirou para dentro. Entrei e a primeira coisa que lhe perguntei foi: Vc
está bem¿ Está mais nervoso que eu¿ Meio sem graça, mas ainda mau humorado,
procurou se desviar do meu olhar. Eu
estava P da vida, pois ele estava no posto quando cheguei e deve ter sabido que
eu ficaria hospedado alí.
Disse-me
o preço do pernoite = P$ 360,00 ~ R$ 145,00!!!!! Este é, sem dúvida, o maior preço de pernoite
que paguei até agora nesta viagem. Aqui dentro posso confirmar a vocês que isto
aqui, perto do Ushuaia Green House ou mesmo o Concorde Hotel (BAires) é muito
humilde. Internet-NÃO; TV no quarto-
NÃO. Veremos o café da manhã...
Vejam
bem, retornar cerca de 80 km para Rio Grande ou seguir pelo rípio para chegar à
próxima cidade não me pareceram boas ideias e resolvi ficar por aqui mesmo.
Tratei
com o mau humorado e fiquei com o quarto 06, onde estou dedilhando este blog.
Às
21h00, fui à recepção e perguntei se havia cardápio com comida ou o que mais eu
pudesse comer mais tarde. Já recuperado seu humor, o rapaz foi educado, mesmo
sem ser gentil, e disse poder fazer um bife de chorizo com batatas fritas.
Disse-lhe
que sim, pedi uma cerveja e aguardei. Dentro em pouco, veio o prato com o
contra filé meio duro e as batatas. Regado a cerveja, até que desceu bem e aqui
estou com a barriga satisfeita e a cabeça feliz depois da Quilmes Cristal 1
litro.
Durante
o jantar, ele fez algumas perguntas e respondeu outras, tendo sido estabelecido
um canal de comunicação melhor que aquele de início.
Depois
do jantar, disse-lhe que me levantaria por volta das 07h00 e ele concordou
dizendo que prepararia o desayuno para aquele horário.
Só
para lembrar, saí de Ushuaia com o tanque cheio com 60.676km e cheguei a San
Sebastian com reserva aberta aos 60.966km e enchi o tanque com 60.978km – 16,40
litros. Vindo à base de 130km-hora, a
média deu = 19 km-litro.
A
esta altura, o Marcos já deve estar com sua família, em casa, reconfortado
pelos pais e pelos amigos do facebook. Não deve nem estar lembrando desse cara
que está perdido nessa San Sebastian que não existe, a não ser no mapa da
Argentina, para denominar o posto aduaneiro e o posto de combustível existente!
Amanhã
por volta das 08h00 estarei atravessando esta primeira aduana conjunta
Argentina-Chile, rodarei por uns 130 kms de rípio, usando outro caminho que não
o dos caminhões e da imensa poeira. Mesmo que o piso esteja pior que aquele, irei
devagar e sempre, chegando ao meus destino, se Deus quiser e, sei, Ele quer!
Por
hoje é só! Fiquem com Deus!
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