sábado, 30 de março de 2013

RUMO A USHUAIA 2013 - 48º DIA - SÃO PAULO

RUMO A USHUAIA 2013 – 48º DIA – SÃO PAULO

Acordei cedo, tomei o café da manhã na pousada, instalei as malas na moto e peguei a estrada, sentido São Paulo. Com muitas nuvens, o dia prenunciava chuva a seguir. Considerando o ventinho frio da manhã, aproveitei e coloquei a jaqueta da capa de chuva, me aquecendo legal.

À medida que o tempo passava, o dia clareava e a temperatura aumentava, tornando-o bem agradável para motocar. Minha valente BMW rodava macio e posuda naquela Castelo Branco de bom piso, sinalização e muitos radares!  Não podia passar dos 120km-h sob risco de multas e pontuação na carteira de motociclista-motorista.

O movimento no sentido contrário, isto é, saindo de Sampa direção ao interior era imenso pelo feriadão que iniciou hoje. Ocorre que o movimento também era grande sentido São Paulo! Tendo abastecido no posto Ipiranga não precisei fazê-lo de novo até chegar à minha casa.

Eram exatamente 13h13 quando apertei a buzina e meu portão foi aberto para entrar.

Havia saído às 10h30 de 10-02-2013, com 54.738km e retornado às 13h13 de 29-03-2013, com 70.603km rodados nestes 48 dias ininterruptos, dando uma média de 337,50 km-dia, considerando permanências para visitações e manutenções. No total, foram motocados 15.865km, na maioria deles em viagem solo.

Esta viagem foi bastante longa, com uma moto grande e pesada, mas vigorosa e potente, veloz e de ótima ciclística, econômica (média total em torno de 19 km-litro), tendo como máximo consumo 18 km-litro (trechos a 140 km-h) e mínimo consumo 21 km-litro (trechos entre 110 e 120 km-h).

Ainda que alguma coisa tivesse me desagradado, quase todo o tempo eu estava feliz e me sentindo muito bem, física e moralmente. Conheci lugares fantásticos, todavia o que mais me entusiasmou foram as pessoas que conheci e também aquelas às quais eu revi. Tudo isto não tem preço! Não quero cometer injustiças nominando aqueles que foram joias raras para mim nesta viagem, podendo esquecer algum deles, porém, listarei com cautela e os relacionarei na próxima revisão do blog, pois todos merecem destaque, ainda que mencionados nos textos anteriores.

Tudo valeu, incluindo as dores nos pulsos e no traseiro, os dias muito frios, as rajadas perigosíssimas, as estradas ruins com rípio, terra e areia, a fome pelo almoço não feito ou a mesmice do sanduíche de presunto e queijo, as chegadas tardias pelas saídas atrasadas e outros pequenos problemas que julgo desnecessário comentar.  Tudo valeu a pena pelas pessoas que conheci e pelas paisagens que desfrutei. Tudo valeu a pena pela conclusão desta viagem tão sonhada, já abortada uma vez no ano passado, pela auto estima que reforcei em mim, com a determinação e com o arrojo que injetei nesta missão realizada.

Dos quase 16.000km rodados, percorri 687km de rípio (*), às vezes acompanhado de amigos estradeiros e outras “solito no más”, sendo carregado na garupa pelo Criador dos Mundos. A certeza que tenho é que todo este rípio, muito pouco para os 5.000km da emblemática Ruta 40, estará desaparecido sob o asfalto ou concreto dentro de poucos meses, tanto no lado chileno como no argentino, permitindo aos motoviajantes de custom trafegarem e conhecerem todas as maravilhosas paisagens que conheci nesta longa viagem.

(*) 130km – Cerro Sombrero a San Sebastian (ida a Ushuaia) + 128km – San Sebastian a Cerro Sombrero, via Porvenir, dobrando à direita para Primavera e Cerro Sombrero (Ushuaia a Punta Arenas) + 215km – Três Lagos a Gobernador Gregores e a Estância Verde + 40km – depois de Rio Mayo + 124km – Esquel (Parque Nacional) + 50km – Bardas Blancas a Malargue + nnn km não contabilizados de alguns parques e trechos em reparos com desvios de alguns kms, totalizando 687km de rípio. Em todos estes trechos, não houve quedas, todavia a moto “deitou” parada umas 4 vezes, por descuido meu, sendo ajudado por terceiros a levantá-la. Relembrando, no trecho entre Bardas Blancas e Malargue, o pneu traseiro, já bem desgastado, “patinou” no rípio quando acelerei a moto para mantê-la na trajetória, seguindo os ensinamentos do amigo El Cura – Puerto San Julian, praticamente parada e eu sem forças para segurá-la mais, deixando-a deitar-se.

OBS 1: Conversando com amigos enduristas, praticantes de enduro naquelas terras pedregosas, cheias de sobes e desces, com curvas etc, que desde crianças praticam este esporte com bicicletas, depois motos menores e maiores, a queda faz parte do aprendizado e não é contabilizada para qualificar este ou aquele como melhor. O objetivo final é a chegada ao fim do trajeto, dentro de determinado tempo. Isto melhorou meu ego como motociclista, depois de um ano me sentindo culpado pela queda que abortou minha primeira ida a Ushuaia, em 01-2012.

OBS 2: Mais uma vez gostaria que todos entendessem meu carinho com o povo argentino, tudo baseado num cem número de situações em que fui atendido de forma cortês, positiva, compreensiva e até tolerante por ele. Há anos viajo para aquele país, comprovando o que digito aqui e lhe sou muito grato por tudo que tem me proporcionado ao longo destas viagens. Tenho acrescido amigos a cada uma delas e nesta, especificamente, quebrei meu recorde, ampliando meu relacionamento de amizade com inúmeros grandes amigos argentinos, motociclistas ou não, que me ajudaram ou não, me hospedaram ou não, ou que simplesmente compartilharam comigo momentos de suas vidas familiares e profissionais. A todos eles e ao povo argentino o meu agradecimento e o meu carinho.

OBS 3: Em algumas viagens que fiz relatei o comportamento desonesto de alguns policiais argentinos, notadamente da Provincia de Missiones (proximidades a Posadas), Provincia do Chaco (Resistência e Corrientes) e Provincia de Buenos Aires (pontos diversos), que, de forma “sambarilove” ou alegando infrações inexistentes, cobram propinas diretamente para evitar a lavratura de multas, com atendimento por juízes em horários que nos atrasariam muito as viagens. Da mesma forma, acredito que temos isto no Brasil, já que a corrupção não é privilégio deste ou daquele país. O que me agrada relatar neste blog, agora, é que durante 48 dias de viagem, em nenhum momento fui abordado por um destes maus policiais, pelo contrário, sempre me atenderam de forma cortês e profissional, muitas vezes com perguntas sobre a moto e entusiasmo pela longa viagem empreendida. A todos eles, minhas considerações de respeito.

As fotos e vídeos amadores que produzi deverão estar neste blog, paulatinamente, haja vista que não terei todo o tempo que gostaria para melhor apresentá-los.

Estou postando um Mapa com todas as rotas que pilotei nesta viagem.  Espero que desfrutem e, se quiserem, a usem para seus projetos futuros. Basta clicar no link ou copiá-lo e inseri-lo no seu navegador:

https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zx4M7yNbPJE8.kmO2Zxc79s60
 



 

Fiquem com Deus e até uma próxima viagem, se Ele me permitir!

R. Mecca

 

 

 

 

 

 

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