sexta-feira, 1 de março de 2013

RUMO A USHUAIA - 2013 - 18º DIA - PUNTA ARENAS


RUMO A USHUAIA - 2013 – 18º DIA – 27/02/2013 - PUNTA ARENAS

Tão logo deixei a Hosteria ACA em San Sebastian, passei pela 1ª Aduana conjunta, logo em frente e segui por 15kms de ripio até a 2ª Aduana conjunta. Em ambas o trâmite foi rápido. Cerca de 1 km adiante, há uma estrada que entra à esquerda, informando Porvenir, Punta Arenas, etc. Esta é a estrada que deveria pegar em alternativa à mais utilizada.

Encarei à esquerda e me fui.  Por alguns kms acreditei ter feito mau negócio, já que o ripio estava muito solto e com poucas trilhas de caminhão e carros. Entonces, fui devagar e sempre. Para pilotar no ripio nada é mais importante que o respeito a ele, isto é, não se desconcentrar, prestar muita atenção nas curvas, com tráfego contrário e acúmulo de pedras soltas nas laterais, facilitando a derrapagem.

Cerca de 1 hora após, já mais rápido um pouquinho, coloquei o GPS para Rio Gallegos, evitando engano de rota. Queria chegar a Cerro Sombrero, ponto de encontro com a outra estrada.

 

Aos poucos, fui percebendo que dominava melhor a moto, mesmo que ela rabeasse um pouco e, melhor, se ficasse de pé, o equilíbrio melhorava muito. Aos poucos fui ganhando firmeza no controle e, mesmo consciente da burrada anterior, em 01-2012, aumentei a velocidade, com segurança.  Cruzei com vários motociclistas em sentido contrário, aparentemente movidos pela mesma decisão de fugir do tráfego. Não dava tempo nem de parar para trocar ideias, passava por eles só cumprimentando.   Em toda essa viagem observei uns 3 ou 4 pilotos viajando solo pela Ruta 3, todos voltando de algum lugar ao sul. Mesmo gostando disso, curiosamente, eu os classifico como malucos ou temerários, incluindo-me, claro!

O mais importante de tudo isto, é que o Chile avança rapidamente com seu calçamento no trecho chileno e dentro de poucos meses, terá acabado o ripio nessa travessia entre Rio Gallegos, San Sebastian e Rio Grande.  Creio que muitos motociclistas que não pilotam big trail poderão se aventurar por estas bandas, sem se preocuparem. O piso chileno é um tapete, todo em concreto, liso e nivelado, sem ondulações.  Será brincadeira vir para cá dentro em pouco.

Interessante é vc pilotar no ripio vendo ao seu lado uma tremenda pista novinha sem poder usar. Como sei do rigorismo chileno com suas leis, não me atrevi a aproveitar a chance.  São muitos kms já prontos, mais da metade.

Rodados 128 km após a 1ª Aduana, em San Sebastian, acabou o rípio e veio o piso chileno 100%!

 

Chegando pela lateral de Cerro Sombrero, encontrei a outra estrada, já com piso concretado e segui rumo à balsa que cruza o Estreito de Magalhães. Exatos 187 kms após a 1ª Aduana, cheguei à balsa.

 

Travessia rápida, com pagamento diretamente no caixa da balsa, cheguei a Laguna Blanca com 61.290km, onde abasteci com 17,5 litros. Rumei para Punta Arenas, chegando lá às 17h00 de 27-02-2013, com 61.346km, tendo rodado somente 368km nesta data, ou seja, 128km de ripio.

Confesso que estava cansado. Entrei na cidade, procurei um centro de informações a turista e o encontrei. Dando ré na moto, ao pará-la, me desequilibrei um pouquinho e a moto foi descendo para minha esquerda. Com meu ombro esquerdo ferrado desde a descida da moto do Marcos da mesa de operação do mecânico Jorge Duarte – Ushuaia, só a apoiei até encostar no chão.  Antes mesmo de tentar levantar a moto, e não conseguiria sem ajuda, chegaram 3 policiais chilenos e, rapidamente, a levantaram para mim.  Depois de os agradecer, entrei no CIT, onde recebi um mapinha com opções de hostaria e hotéis.  De verdade, eu queria era tomar um banho, deixar toda aquela poeira incrustrada em cada canto da minha roupa e dar uma descansada.

Na outra esquina, encontrei uma porta de madeira fechada com uma placa sobre ela: Hostal Fin del Mundo!  Toquei a campainha e a porta se abriu. Era um velho casarão que foi aproveitado para servir de Hostal, um misto de hotel, pousada e pensão... he he he... O preço foi de P$CH 23.000 = R$ 110,00 a diária, com café da manhã. A cozinha é liberada para vc cozinhar o que quiser, desde que traga tudo do supermercado.

 

Encontrei lá uns 10 jovens, rapazes e garotas, em casais ou sozinhos. Todos mochileiros que se mandam pelo mundo. Havia americano, suíços, austríaco e argentinos, além desse coroa brasileiro, que destoava de tudo por ali. O mais velho, o único com moto e viajando solo. Foram bons papos, ora em espanhol, ora em inglês, ambos macarrônicos do Meccão.

Consegui um quarto só meu, mas o banheiro (2) era compartilhado para todos. Tudo muito limpinho, com shampoo, sabonete, toalhas fornecidos pela Hostal Fin del Mundo. O pessoal que nos atendeu, no caso o Rodrigo, é um cara bacana, muito gentil e poliglota, pelo menos eu o vi arranhando inglês e alemão.

O café da manhã é legal, sem miséria e variado. Realmente, eu gostei dessa experiência!

Precisava fazer 3 coisas importantes em Punta Arenas: 1) Comprar uma câmera digital para continuar fotografando e filmando minha viagem, 2) Encontrar pneus para minha moto, uma vez que não será fácil encontra-los para substituição depois da Ruta 40 e 3) Estancar o vazamento de óleo da bengala esquerda, que o rípio prejudicou.

Assim terminou meu dia hoje, com um banho, uma ida ao supermercado, onde comprei uma garrafa de vinho e algo para comer à noite (salame e queijo). Depois dormi o sono dos enroscados... he he he...

Fiquem com Deus!

 

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